Vinte minutos depois ele desceu do elevador ainda arrumando o cabelo. Mal pudera se arrumar decentemente.
A moça da recepção lhe apontou os fundos da sala, onde ficava o bar. Agora já estava aberto.
Elisabeth estava lá. Sentada, com as pernas cruzadas, fumando um cigarro e tomando um uísque.
- Não demorou muito. Parabéns!- Falou quase cantando.
- Quem é você? Que história é essa de Secretária? Eu tenho alguém me esperando. - Daí se lembrou de algo que até então havia esquecido. - Espere! Elisabeht... Porto? A secretária do sr. Paulo de Almeida Pinto?
A mulher sorriu.
- É sobre isso que vamos falar. Está com fome? Sede?
- Sede! - disse ele.
- Uisque? Vinho?
- Suco, pode ser?
- Sumo! - ele não entendeu - Aqui se fala sumo. Mas não bebe nada mais... Quente? - ela passou a lingua sob os lábios, e levou o copo de uisque a boca vermelha.
Embasbacado ele tirou o óculos e fingiu limpá-los.
- Nessa hora? Não, somente o su... Sumo. - se corrigiu.
- Bem, - ela fez um sinal ao garçom do bar do hotel e pediu a bebida para o rapaz. - Então, primeiro vamos comprar algumas roupas e lhe deixar a par do que está acontecendo.
- Eu realmente não entendo. - Disse ele assim que saíram do hotel após tomarem o suco. A mulher ia caminhando ao seu lado com a maleta platinada firmemente segura pelas suas mãos.
- O senhor Paulo Pinto me informou o que aconteceu. Ele quer lhe dar uma segunda chance. Tem informações a seu respeito e dizem que é uma pessoa de bem. Ele não quer lhe ver atrás das grades. O relatório que a firma fez sobre o roubo mostra que uma quantia substancial foi surrupiada.
- Mas eu já disse. Fui enganado. Não levei nada. Aliás, só tenho um galo na cabeça como lembrança disso tudo. - explicou o rapaz apontando para a cabeça.
- Veja bem sr. Rani. Quase um milhão de Euros! Esse foi o montante do que foi apurado. Além do livro de valor incalculável que o senhor irá ajudar a recuperar.
- Mas eu... Droga! Eu não sei o que fazer para recuperá-lo. Não sei onde os rapazes estão, para quem o venderam. - ele agitava os braços quando falava. Porquê eles não acreditavam nele??
Viraram em uma rua estreita e comprida. Na parede de um prédio uma placa indicava Rua do Breiner. Uma faixa para estacionar os carros e apenas uma mão de trãnsito para a circulação de veículos.
- Meu chefe precisa recuperar o livro que o senhor disse ter visto na caixa e que eles pediram que o senhor o separasse. Sabe algo sobre o livro?
Ele estava olhando para os prédios vazios e abandonados. Muitas placas e faixas de aluga-se.
- O que aconteceu, porque todas essas faixas de aluga-se?
- Crise! Essa merda do Euro e tudo o mais. Um Pais que não produz nada e que importa de tudo. Não tem uma balança comercial estável e que deve 93% de tudo que produz... Isso realmente não dá futuro para nenhum país. Mas agora vamos falar do livro e fazer umas compras e...
Nisso uma moto de grande porte, com dois sujeitos de roupas pretas, sai acelerando fundo de um estacionamento próximo e avança sobre os dois. O Carona parece apontar para eles. Rani instintivamente pula para o lado e empurra Beth para o chão. Ao mesmo instante uns pedaços de cimento salpicam sobre eles, que estão caídos... A moto passa raspando pelos dois e sai na contramão do trânsito, roncando alto.
- Mas que merda foi essa? - ele pergunta assustado, levantando-se e estendendo a mão para ela. - Desculpe pelo empurrão. Você está bem?
- Eu não sei! Mas eles erraram os tiros! - diz a mulher erguendo-se e olhando para a parede onde dois buracos de balas demonstram o que diz.
- O quê?! Tiros? - Rani olha para a parede. Seus olhos estão ficando nublados. De repente tudo fica turvo. Sente tontura, seu corpo todo fica mole. Não tem força nas pernas, bamboleia e cai na calçada.
- Rani?! Rani, você atingido? - Beth se agacha junto ao corpo do brasileiro. Então sente algo viscoso e quente molhar os dedos da mão que está no chão próximo ao corpo. Assustada levanta-se e vê o sangue escorrer sob o corpo pelo lado esquerdo do livreiro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O livro maldito - Os Órfãos de Deus
AdventureUm vendedor de livros pode ser a chave para impedir que uma herança macabra mude o mundo. Para isso ele terá que conhecer o país mágico de Portugal. Procurado por muitos séculos, invocado por muitos, e lido por poucos (pois sua leitura poderia deixa...