Capitulo I

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Por uma fração de segundo, o medo que ela lutava para controlar inflou dentro de seu corpo com tanta força que ela achou que fosse desmaiar. O calor de seu sangue penetrando pelo decote do vestido só intensificou ainda mais o temor. Levou alguns minutos para que conseguisse agarrar algum fiapo de calma ou coragem. A noção de que seu sangue estava fluindo muito lentamente para que seu pescoço tivesse sido de fato cortado ajudou a controlar o pânico crescente.
- Tem certeza de que não podemos tirar ao menos uma lasquinha, Jud? - Perguntou o maior e o mais peludo dos comparsas do seu raptor.
- Ordens são ordens - respondeu Jud enquanto  ajeitava a faca sobre o pescoço dela. - Uma lasquinha vai custar mais do que ela vale.
- Nenhum de nós vai abrir a boca, e a belezinha não vai poder dizer nada.
- Não vou permitir que você arrisque. Ela pode reagir e isso deixa hematomas. As marcas diram tudo e aquela vadia da Sra. Cratchitt vai perceber. E depois não vai querer nos pagar por este servicinho noturno.
- Sim, aquela cafetina velha certamente vai querer tirar alguma vantagem disso. Mesmo assim, é uma pena que eu não possa experimentar um pouquinho antes que ela seja vendida para qualquer um por uma ou duas moedas.
- Pegue a sua moeda primeiro e depois compre uma pequena, se quer tanto.
- Mas não será tão limpa e nova, será?
- Quando você tiver dinheiro para tirar a sua lasquinha, está aqui também já não será mais limpa se aquela bruxa velha a usar do mesmo jeito que faz com as outras.
Penélope se deu conta de que estava sendo levada para um bordel. Mais uma vez teve de juntar todas as forças para não ficar cega de medo. Ainda estava viva, repetiu a si mesma várias vezes, e pelo visto ainda continuaria por uns tempos. Lutou para fugir desse pensamento. Não ia adiantar nada ficar pensando muito nos horrores aos quais poderia ser forçada a encarar antes que pudesse fugir ou ser encontrada. Ela precisava se concentrar em uma coisa apenas - escapar.
Não era fácil, mas Penélope se esforçou para prestar atenção no caminho que eles estavam fazendo. Porém, com a escuridão, com as voltas e com as curvas, era quase impossível guardar um ponto de referência ou um sinal qualquer que pudesse marcar o caminho de volta do local perigoso para onde ela estava sendo levada. Ela precisava se prender com força à esperança de que realmente iria conseguir fugir, e à necessidade de voltar para os seus meninos que não tinham mais ninguém para cuidar deles.

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