Sra. Chatchit

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Ela foi levada para a cozinha de uma casa. Havia duas mulheres e um homem lá, os quais apenas deram uma olhada em sua direção antes de retomarem o trabalho que estavam fazendo. Não foi encorajador o fato de eles parecerem tão acostumados com uma cena como está, tão indiferentes e desinteressados.
Enquanto seus raptores a carregavam por uma escadaria escura e estreita, Penélope ouviu vozes e música vindos do andar de baixo, da parte da frente da casa, que parecia ser tão grande quanto as ruelas que levavam até lá. Quando chegaram a um corredor pelo qual seguiram, ela ouviu alguns murmúrios vindos de trás das portas fechadas. Outros sons escapavam dos quartos, mas ela fez um esforço tremendo para nem tentar imaginar oque a motivava.
- É aqui, quarto vinte e dois - murmurou Jud. - Abra a porta, Tom.
O homem grande e peludo abriu a porta, e Jud carregou Penélope para dentro do quarto. Ela teve tempo apenas de ver quão pequeno era o lugar pouco antes de Jud jogá-la sobre a cama, que ficava no meio do cômodo. Uma cama surpreendentemente limpa e confortável. Penélope desconfiou que, apesar da péssima localização, ela tinha sido trazida para um dos melhores bordéis, um que prestava serviço aos cavalheiros distintos e ricos. Ela sabia, entretanto, que isso não significava que poderia contar com alguma ajuda.
- Traga aquela cafetina velha aqui, Tom - disse Jud. - Quero acabar logo com isso. - Assim que Tom saiu, Jud baixou os olhos zangados para Penélope. - Acho que você nem desconfia por que aquela senhora toda-poderosa quis tirar você do caminho, não é mesmo?
Penélope negou, balançando a cabeça lentamente enquanto sentia um frio no estômago só de imaginar o motivo.
- Não faz sentido para mim. Não pode ser por ciúme ou algo assim. Ou será que ela achou que você pudesse roubar o homem dela? Você nem é tão sofisticada e se veste tão bem quanto ela, nem tem aquelas belas curvas. Uma ratinha parda magrela como você não merecia ser tratada como se fosse uma meretriz qualquer. Então, por que ela deseja tanto mal a você, hein?
Ratinha parda magrela? Penélope pensou, profundamente ofendida enquanto encolhia os ombros em resposta.
- Por que está assustando a menina assim, Jud? - perguntou o homem alto e extremamente musculoso que estava ao lado.
Jud deu de ombros.
- Só estou curioso, Mac. Só curioso. Isso não faz sentido para mim.
- Nem precisa. O dinheiro é bom. Isso é o que importa.
- Sim, talvez. Como eu disse, só fiquei curioso. Não gosto de mistérios.
- Eu não sabia disso.
- Bem, mas é verdade. Não quero fazer parte de algo que não entendo. Isso pode significar encrenca.
Penélope desconfiava que, se não estivesse amordaçada, poderia solucionar o mistério para ser raptor. Ele tinha raptado a filha de um marquês, levando-a amarrada e amordaçada para um bordel e iria abandona-la aos cuidados de uma madame, uma mulher em quem ele abertamente não confiava e de quem não gostava. O que exatamente o idiota considerava "encrenca"? Se fosse apanhado, ele seria julgado e enforcado num piscar de olhos. E isso seria pouco comparado ao que os parentes dela iriam fazer se encontrassem o idiota. Será que ele poderia estar mais "encrencado"?

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