A Rainha de Skellige

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O sol raiava com toda sua elegância, sob as montanhas rochosas de Skellige. O mar, estranhamente calmo, jogava vagarosamente suas ondas, as esmagando nas pedras.

O vento uivava, trazendo consigo, a brisa fresca do oceano. Yennefer segurou com firmeza seu tule, que cobria seus braços expostos.

Com um suspiro pesaroso, tocou seu ventre. Sentia sua força, sua vontade de viver. Pensou também, no quanto esperou por isso, foram tantas as vezes que não se sentia como uma mulher de verdade. Pois uma mulher que não pudesse gerar herdeiros, nunca seria uma mulher por completo.

Agora que tinha o que sempre quis, sentia medo. Medo de não ser como imaginou. Com Radovid sabendo de tudo, jamais estariam seguros.

_ O que pretende fazer? - Uma voz feminina a aborda, tirando seus pensamentos preocupados, os atirando para bem longe.-

Era Cerys. Rainha de Skellige. Yennefer se conteve em um suspiro de desagrado.

_ Desculpe responder sua pergunta, com outra pergunta, mas, o que quer dizer com isso?

_ Com a criança, tu és uma feiticeira, e bom, Geralt um bruxo. Sem compromissos ou responsabilidades.- Ela se aproximou da balaustrada, repousando seus cotovelos.-

_ Vou fazer o que tiver que fazer. Geralt não será obrigado a nada, nunca dependo de ajuda de terceiros, tenho meus próprios planos.- Diz impetulante, com o olhar fixo no horizonte.-

_ Bom, não acredito que Geralt tenha em mente uma vida monótona com uma criança ao seu lado... - Cerys diz com cinismo.- Imagine, um bruxo vivendo como um mero camponês é... - Yennefer a interrompe sutilmente.-

Com sua melhor expressão de superioridade, apertou os lábios num sorriso cínico.

_ Perdoe-me vossa majestade, mas esse assunto somente diz respeito a mim e ao Geralt.- Sem se alterar uma única vez, com a voz firme e o olhar gélido.- Também nunca imaginei VOCÊ como rainha de Skellige, mas cá estamos não é? - Diz Yennefer com ironia antes de se retirar.

Sem se rebaixar, Yennefer caminha com toda sua confiança. Sabia que sua gravidez, já estava evidente, e que receberia olhares e comentários. Ainda piores.

Não se importou com isso. Sempre, desde que nasceu, receberá tantas críticas e ofensas, que havia se acostumado.

Passou pelo grande portão de Kaer Trolde, e seguiu até a trilha. Evitou descer para a vila, entrou pela floresta.

Era extremamente silenciosa, se não fosse pelo som das gaivotas, poderia se ouvir o farfalhar das folhas, que em toda sua abundância, brilhava ao sol.

Adentrou mais a floresta, queria encontrar um belo lugar, onde pudesse relaxar. Longe de tudo e de todos.

Encontrou uma pequena clareira. Havia um círculo de pedras bem no centro, em volta, tulipas e margaridas dançavam ao vento. O gramado extenso, era dourado, transmitindo uma grande paz.

Se deitou sobre o gramado e encarou o céu límpido. As nuvens formavam imagens, como uma ilusão. Várias vezes se pegou sorrindo com elas, principalmente uma em especial, lhe lembrava um unicórnio.

Deixou escapar uma doce risada, sentiu seu ventre se contrair, tocou-lhe instantaneamente, e sentiu outra vez, e mais outra.

Era uma sensação estranha, tinha de admitir, mas extremamente reconfortante. O trinar dos pássaros não lhe incomodavam, pelo contrário, lhe trazia uma imensa harmonia.

Respirou fundo e levantou-se. Desejava agora, se recolher em uma bela banheira de água quente, porém, detestava a ideia de voltar para os An Craite.

Mas também era arriscado demais, ficar vagando pela estrada, ainda mais numa cela, extremamente desconfortável.

Lembrou-se do Vinhedo em Toussaint. E de como era bom os fins de tarde que passaram lá.

_ Vamos, colabore.- sussurrou, ao proferir um simples encanto, e, para sua surpresa, funcionou, agora em sua frente havia um corvo espião.- Procure um barco, em boas condições. Imediatamente. - A ave crocitou e levantou o vôo. Rapidamente sumiu no horizonte.-

Caminhou com pressa até Kaer Trolde. Seus planos haviam de dar certo, não passaria uma noite á mais, sequer, em Skellige. As intenções de sua rainha eram nítidas, sabia muito bem o motivo pelo qual a acolherá junto ao bruxo.

Quando chegou ao portão, seu pássaro retornou, lhe informando que a beira do porto, mais longe, havia um barco disponível.

Ao adentrar os portões, foi barrada por dois guardas, e Cerys.

_ Devo lhe lembrar que não gostamos de magia, principalmente em nossa fortaleza! - Disse com rispidez.-

_ Nunca foi um problema ao meu ver, já que Arminho sempre a praticou aqui.- Retrucou.- Inclusive foi de ajuda para seu clã, diversas vezes.

_ Cale a boca, maldita feiticeira! Meça tuas palavras com nossa rainha!- A ameaçou com um machado um guarda, Yennefer com as mãos sob a cintura, estufou o peito.-

_ Que assim seja, estou de partida, espero que nunca precises de mim, pois sua resposta, acredito que já tenhas!

The Witcher: Stay With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora