Já era tarde quando Geralt e Sayuri chegaram à pequena vila situada no centro da ilha. Era tudo muito silencioso, mas Geralt sabia que havia pessoas morando ali, podia ver à quilômetros de distância a fumaça saindo das chaminés.
_ Eu vou procurar nos arredores, você pergunta aos aldeões. Tudo bem? - ele assentiu, ela seguiu por detrás das casas.-
Geralt aproximou-se da pequena choupana que ficava no comecinho da vila e bateu à porta, que com hesitação foi aberta em minutos.
_ Olá...- o garoto interrompeu.-
_ Pai! Outro bruxo! - gritou encostando a porta.-
_ Já cansei de falar garoto! Feche está porta e sai logo daí! Pirralho! - Puxou o menino para dentro e ignorando completamente o bruxo ia fechando a porta. porém Geralt empurrou-a com leveza.
_ Seja educado, por favor.- Segurou-o contra a parede.- só queremos uma informação.
_ Per... Perdoe-me senhor bruxo! - suplicou o velho homem.- É que achei que era a mesma feiticeira de antes. Não foi minha intenção lhe desrespeitar! - diz temeroso, sacudindo os pés no ar.- Eu só quero um pouco de paz!
_ Feiticeira?
_ Por favor senhor, solte meu pai, nós não temos culpa do que aconteceu...- Implorou o garotinho puxando a bainha da armadura de Geralt.-O garoto estava com nitidamente espantado seus lindos olhos azuis, lembravam a cor das águas do oceano. Suas roupas um pouco maiores que seu tamanho atual estavam amarrotadas e sujas de lama. O bruxo afrouxou suas mãos.
_ Geralt, solte-o! - interviu Sayuri afobada, Geralt soltou o velho.-
_ Muito obrigado, senhor bruxo! Obrigado!- agradeceu o homem. Suas roupas parecidas com as do menino estavam rasgadas, porém sujas apenas de fuligem. O homem era grisalho.-
_ O senhor está aqui atrás de sua amiga não é? - perguntou o garoto curioso.-
_ Amiga? - Indagou Sayuri, ligeiramente confusa.-
_ Não dêem ouvidos à ele, não sabe o que fala! Vá se lá lavar menino! - ordenou o pai.-
_ Não, espere. Como se chama garoto?- Geralt se agachou em frente ao menino, ficando em sua altura.-
_ Ellijah, senhor.- se apresentou o menino.-
_ Muito prazer, Ellijah. Sou Geralt. De Rívia.- afagou os cabelos escurecidos do garoto que sorriu.- Poderia me contar se viu um garoto, mais ou menos da sua idade, por aqui?_ Não vi não, senhor.- ele fez uma careta.- Mas hoje vi uma moça muito bonita. Ela tinha um barrigão assim ó! - fez um gesto abrangente em sua barriga.- Acho que ela comeu demais.
A casa de Ellijah era modesta. O telhado era revestido de palha e as paredes de madeira apodrecida. Em um canto havia dois colchões feitos de palha e de outro lado uma lareira, já acesa.
_ Sei. - o bruxo ficou pensativo.- Mais alguma coisa que eu deva saber sobre essa moça?
_ Ah! Ela foi para o farol, ela e o gordo barbudo. Depois que eles entraram lá, ouvi um barulho grandão! - gesticulou novamente, com sinceridade.- O pai até disse que raios cortaram o céu! É verdade bruxo! É verdade! - disse impressionado.-_ Entendo. Ninguém mais foi nesse farol?
_ Ninguém vai lá à anos, senhor bruxo.- Acrescentou o pai.- Nossa pobre ilha vem sendo assombrada faz muito tempo, já perdemos a esperança de que um dia voltaremos a ter paz.
_ Assombrada pelo quê, exatamente? - se pronunciou enfim a elfa, que até então escutava tudo calada.-
_ Não se sabe ao certo, senhorita. Nunca nenhuma alma sobreviveu para contar história...- negou com o olhar fixo no gasto piso de madeira.- Minha falecida esposa, que os Deuses à tenham, costumava dizer que esse fantasma nos assombra por nossos pecados, que ceifa nossas vidas como pagamento por tudo de mal que fizemos...
_ Vocês viram aquelas pessoas novamente, depois do ocorrido? - perguntou Geralt.-
_ Não senhor.- Responderam os dois em uníssono.-
_ Quem ao farol vai, nunca mais retorna.- diz o velho homem.-
_ Obrigado por tudo. - diz Geralt, com sinceridade.- Vamos Sayuri? Até mais Ellijah.- afagou os cabelos do garoto outra vez.-
Eles iam saindo pelo caminho de pedras, quando Geralt ouve uma voz o chamar. Era Ellijah.
_ Senhor bruxo, posso lhe pedir um favor? - diz com as mãos atrás das costas.-
_ Claro.
_ Minha mamãe perdeu seu colar naquele farol, era um colar muito bonito que a vovó lhe deu uma vez. Eu sei que você vai querer ir até lá, minha vovó me contava histórias sobre bruxos antes... - o garotinho sorriu.- Bom, se o senhor encontrar o colar, trás de novo para mim, é a única coisa que restou dela.
_ Pode deixar, Ellijah. É uma promessa, você me ajudou e eu te ajudarei. Vou encontrar o colar de sua mãe.- o garoto sorriu.-
_ Obrigado bruxo! - disse antes que seu pai fechasse a porta da choupana, depois disso restou apenas o silêncio novamente.-
_ Você fica aqui. Eu vou até o farol.- disse barrando sua passagem.-
_ Não, eu vou também. - retrucou ela.-
_ Não, não vai! - insistiu ele.- É perigoso, provavelmente é um espectro do qual você não entende absolutamente nada. Então você fica.
_ Caso você não saiba bruxo, ninguém manda em mim, eu faço o que eu quero, quando quero! Ponto final.- debateu Sayuri, irritada.- Tive que aprender a me defender de monstros por toda minha vida, antes mesmo de saber manejar uma espada! - gritou.- Monstros cruéis, que invadem nossas casas, levando tudo que nos é de valor...- ela abaixou a cabeça, Geralt pôde ver uma lágrima rolar por seu rosto.- Monstros que se sobressaem aos selvagens. Muitas vezes os verdadeiros monstros da história, somos nós mesmos.
Geralt escutou-a em silêncio, pôde entender o que a elfa quis dizer e já tinha notado em seus olhos uma marca bastante comum naquela época: O sofrimento. A guerra trouxe consigo tempos difíceis de calamidade e desprezo. Crianças sofriam como adultos e perdiam sua escassa pureza, muitas vezes de pessoas que deveriam simplesmente protegê-las, causando danos irreparáveis.
O mundo ia lhes moldando e retirando tudo de bom que uma criança pode ter, para que no futuro se tornassem aquilo de que mais sentiram medo um dia._ Sinto muito.- se arrependeu Geralt.- Não quis...- ela o interrompe.-
_ Tudo bem bruxo, vamos. Temos que encontrar Mikel.- a elfa enxugou suas lágrimas, levantou sua cabeça e seguiu em direção ao farol. O bruxo foi logo atrás, pensativo.-
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The Witcher: Stay With Me
FantasyEm um mundo repleto de monstros e imundice, um destemido bruxo, arrisca sua vida diariamente, por uma profissão que se torna cada vez menos valorizada. Sendo um profissional no ramo dos monstros, saberia ele um bruxo, lidar com sentimentos além das...