Boa leitura...
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Franchesca queria evitar, jurou a si mesma que evitaria, no fundo tinha se conformado, ela tinha mesmo se conformado, afinal, para se livrar da maldição teria que matar alguém, e a morena prometeu nunca mais fazer aquilo nem por suas mãos, nem pelas mãos de ninguém. Mas agora, vendo aquela mulher sentada ao seu lado, sorrindo tão meiga, ou nem tanto, contando a história de quando entrou para a faculdade de botânica, bom, ela só pensou em beijá-la, só queria isso.
- Bom, você teve sorte, seus pais te apoiaram. Eles queriam que você fizesse direito, então... você teve sorte.
- Sim, eles são muito legais e fieis, minha irmã está realizando o sonho deles, ela entrou para a faculdade de direto, então no fim todos estamos felizes.
- É, parece que sim.
Elas se encaram e fazem silêncio. Atração seria pouco para definir, pouco demais na verdade. Emma quer aquela mulher, pode ver nos olhos de Franchesca que é recíproco.
- Nós não podemos fazer isso, Emma.
- Diga-me um bom motivo.
- Você falou de você, falou tudo de você, eu não disse nada sobre mim, isso não te incomoda?
- Claro que sim, mas eu sinto que você tem medo de alguma coisa, sinto que isso está controlando suas ações, eu só iria lhe dá tempo, conquistar sua confiança.
- Tempo é algo tão relevante em minha vida, você não sabe o quanto.
- Você fala como se fosse uma velha, quantos anos você tem? Vinte e cinco? Vinte e sete? – Isso até faz a morena sorrir.
- Vinte e seis.
- Viu só? Até nisso somos compatíveis.
- Você não sabe o que diz.
Nesse momento a morena levanta e faz menção de sair, mas a loira a segura pelo braço.
- Jante comigo.
- Não, não faça isso, Emma, não faça isso com você, por favor, não faça eu me odiar mais, deixe-me ir agora.
A loira sente o temor na voz da morena, o medo dela é muito maior do que poderia entender, mas não tem como evitar, aqueles olhos verdes, aquele olhar preocupado e ao mesmo tempo livre, aquilo é cativante, ela é mais linda do que poderia descrever e resistir.
- Deixe-me tomar as minhas decisões. É apenas um jantar. Fale o que quiser, sinta-se à vontade para falar o que quiser.
- Não se trata de eu falar, Emma, se trata de você se envolver, se isso acontecer, se isso aqui for adiante, as duas sairão machucadas, nós duas vamos sofrer e desculpe dizer isso, mas eu sofrerei muito mais.
- Você não pode ter certeza disso. – A loira não desistirá tão fácil.
- Eu tenho, Emma, eu tenho absoluta certeza disso. Não posso me comprometer com ninguém.
- Não estou exigindo compromisso, só quero conhecer você melhor.
- Mas vai, sempre acontece isso, sempre queremos mais.
- Ok, você é dura na queda, então vamos combinar algo, jante comigo, apenas jante e se nesse jantar eu não te convencer de que posso ser diferente e que posso lidar com seu medo, você vai embora, eu juro nunca mais vir atrás de você.
A morena lhe encara, aqueles olhos castanhos, será tão errado, tão má em continuar com aquilo, tão irresponsável, mas talvez, só talvez ela acabaria com tudo, depois do jantar desapareceria da vida de Emma para sempre.
- Ok, mas você não nunca mais vai me procurar, eu vou sumir.
- Você fala como se já soubesse que fará isso.
- Porque eu sei, Emma, seu sei que farei isso.
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- Então você vai jantar com ela. – A mulata diz, parecendo esperançosa com aquilo.
- Sim, vou fazer isso e depois sumir, é o certo.
Eloise respira fundo e volta sua atenção para os papéis, já cansou de tentar convencer a amiga de que ela pode ser feliz se encontrar a pessoa certa que entenda o seu passado e saiba lidar com ele.
- Você já pensou na possibilidade de...
- Nem termine. Não, não há outra opção, eu tenho que me afastar. Eu não posso fazer isso com ela, não com ela.
- Você já fez isso antes. – A morena vira o corpo de encara a mulata, estão no escritório da empresa. – Aquelas outras mulheres.
- Você se lembra quanto tempo faz que fiquei com a última mulher? – Franchesca pergunta, séria, para a amiga.
- Ok, entendi. – A mulata diz, vencida, pois o último caso da milionária durou duas semanas, elas transavam todos os dias, mas quando a morena viu que poderia estar sentindo algo a mais resolveu ir embora, e bom, isso foi na França, então desde que começou a frequentar o parque nunca mais se envolveu com ninguém.
- Então pare de tentar me empurrar para alguém, vou jantar com ela amanhã, depois sumir, sempre faço isso, não é novidade para mim.
- Ok, você que sabe. Bom, aqui está tudo certo.
- Eu confio em você para isso, Eloise, sua família vem sendo fiel desde sempre. Vou para casa, deveria fazer o mesmo.
E era isso mesmo, por três gerações a família Esme serve à Franchesca, na verdade é uma troca de favores, eles são ricos hoje graças à morena, é só continuar assim que tudo ficará bem. A negra olha para o relógio de mesinha e entende que já é noite.
- Merda, eu perdi a noção do tempo, meus pimpolhos devem estar com saudades. – Ela tem gêmeos de sete anos.
- Não exagere, Eloise. Bom, nos vemos na segunda.
Elas se despedem e Franchesca vai para o seu apartamento. Até tentou evitar, mas seus pensamentos estão todos no dia seguinte, estar com a loira em um ambiente público, em um jantar, é tudo que ela mais queria, se não fosse as circunstâncias, se não fosse o passado, se não fosse seu egoísmo, seu imenso ego.
- Maldita maldição!
E essas foram suas palavras antes de pegar no sono. Não via a hora de chegar o dia seguinte.
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- Ela é... droga, eu nem sei explicar. – Emma fica sem palavras.
- Você está caidinha por essa desconhecida – A outra loira diz.
Ester Evans, irmã mais nova da florista, loira da mesma forma, dezoito anos, parece uma versão mais nova de Emma.
- Não diria assim, mas não posso negar que ela chamou a minha atenção, ela é tão... linda, aquele ar misterioso, aquele jeito meigo e ao mesmo tempo perigoso. Ela se fez de difícil, mas quer a mesma coisa.
- Talvez ela de fato esconda algo e só quer te proteger.
As irmãs se encaram, estão no apartamento da mais velha.
- Pode ser, mas isso só me faz querê-la mais, descobrir os mistérios de Franchesca se tornou excitante.
- Só tenha cuidado com o que possa descobrir.
- Nesse momento só terei cuidado em surpreendê-la nesse jantar.
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Até breve...
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Eternidade (Romance Lésbico)
RomanceE quando se é fadada a viver eternamente, quando se é forçada a enterrar a pessoa mais importante da sua vida, quando se tem 167 anos com a aparência de 26? Essa é a realidade de Franchesca Lambert. Vamos entender porque para a mulher é tão complica...