Capítulo XI

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Anastásia Steele

Estaciono o carro em frente à casa e suspiro. Eu estou exausta, o dia no hospital foi muito puxado, e contando com os últimos dias... tudo parece ainda mais cansativo. Eu sabia que crianças eram complicadas, mas Moly e Rosita são para lá de complicadas. Quando eu conheci as duas, elas pareciam anjinhos. Eu descobri que era tudo mentira. Como eu pude me iludir com aqueles dois pares de olhinhos cinzas?

Elas são as crianças mais bagunceiras do mundo. E só faz duas semanas. Rosita estava correndo em casa ontem... só que toda suja de lama. Ainda dói só de pensar no sofá branco, ou, que era branco. Eu estou com medo de entrar em casa e não ter uma casa.

Balanço a cabeça e desço do carro, caminho com cuidado até a porta, mas antes de abri-la posso ouvir os gritos histéricos de Rosita. Respiro fundo três vezes antes de entrar. Jogo minha bolsa na mesa do hall e caminho em direção à sala de jantar. Se essas meninas estão pensando que vão controlar a casa, elas estão enganadas.

Entro na cozinha e me deparo com Rosita em pé em cima da cadeira jogando brócolis para todos os lados. Moly está sentada no cantinho da sala tapando os ouvidos, e Christian está tentando conversar com a menina que não para de gritar.

—Rosita! —Chamo num tom firme e ela para de gritar. —Você vai descer daí agora, e vai pegar tudo o que você jogou no chão.

—Mas...

—Nada de, 'mas'! —Exclamo impaciente. —Você tem cinco anos, e não vai fazer o que quer! Desça agora e pegue tudo. A gente não estraga comida nessa casa.

—Ana... —Rosita sussurra quase chorando. Aproximo-me e paro na sua frente.

—Você quer que eu repita? Pega, agora. —Ordeno e ela engole o choro.

Rosita desce da cadeira e começa a pegar toda comida que ela jogou no chão. Fico olhando até ela terminar então a mando sentar na cadeira. Caminho até Christian e seguro seu rosto com as duas mãos.

—Como você quer ser pai delas, sem nem dar um 'basta' você consegue? —Pergunto e ele me olha boquiaberto. —Senta ai!

Empurro Christian e ele não protesta, ele senta na cadeira e então eu vou até Moly, abaixo em sua frente e ela me olha assustada. Eu não deveria me sentir um monstro por dar bronca em crianças, deveria? Acho que não...

—O que você está fazendo aqui? —Pergunto e ela me olha franzindo o cenho.

—Eu tenho uma irmã doida... o Christian tem medo dela... eu tenho medo deles. —Moly explica e eu tenho que segurar a vontade de rir.

—Levanta, Moly, senta... longe deles. —Sussurro e ela concorda indo sentar.

Caminho em volta da mesa, olhando para os três, então paro e apoio minhas mãos.

—Eu sei que vocês ficaram muito felizes de vir para cá. —Murmuro olhando para as meninas. —Nós dois gostamos mesmo de vocês, porém, você está quase pondo a casa abaixo, por isso, vocês vão ter umas regrinhas daqui para frente.

—Regras? —Christian pergunta confuso.

—Ah, sim. Regras. —Sussurro. —Primeiro para as duas bonitinhas. Quando o Christian disser 'chega', é chega. Entenderam?

—Sim... —Elas dizem juntas.

—O que nós falarmos, vocês obedecem sem contestar. Não adianta fazer manha, isso vai ser pior, e vocês vão direto para o castigo.

—Castigo? —Rosita pergunta arregalando os olhos. —A mamãe não nos colocava de castigo.

—É, mas as coisas mudaram, Rosita. Você é incontrolável as vezes, e sempre que vocês duas não obedecerem, haverá castigos, e as birras acrescentaram mais minutos. Entenderam?

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