Capítulo XVII

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Anastásia Steele

Ouço vozes distantes e quanto mais tento fugir delas, mais elas se tornam próximas. Minha cabeça está latejando próximo a nunca e quando alcanço com a mão posso sentir alguns pontos. Gemo forçando as lembranças e sou atingida por elas como alguém é atingido por uma bola de futebol na cara.

As lágrimas já ameaçam vir, mas eu entendo... eu sei que não posso chorar. Não por ele. Eu me humilhei por ele, como nunca teria feito por ninguém, e tudo o que eu ganhei foi o desprezo dele. Christian nunca mais me verá chorar. Se ele acha mesmo que eu sou aquela garotinha fraca que ele julgou, eu vou provar como esteve errado sobre isso.

Nem ele, nem ninguém me fará chorar novamente, eu não vou permitir isso.

Abro meus olhos lentamente e noto a luz baixa do quarto do hospital. Percorro o local com o olhar e encontro Grace e minha mãe na porta.

—Mamãe. —Sussurro e logo elas me olham.

—Ana. —Mamãe diz chorando e corre para me abraçar. Empurro-a e ela me olha confusa. —Como você está?

—Melhor do que deveria. —Murmuro encarando Grace que encolhe os ombros envergonhada. —Não, eu não estou brava com você... obrigada por me defender.

—Anastásia, eu sinto tanto. —Grace diz começando a chorar.

—Ei. —Seguro sua mão e forço um sorriso. —Tudo está bem, ok? As coisas acontecem como tem que acontecer.

—Você parece bem... —Mamãe sussurra lançando um olhar para Grace.

—Eu... eu não estive bem por meses... e depois das palavras do Sr. Grey, eu entendi o que eu tenho que fazer. Nenhum homem vai me humilhar como ele fez. Isso nunca mais vai acontecer. Eu vou seguir em frente.

—Você é uma garota muito forte... todos estavam muito preocupados. —Grace diz enquanto acaricia meu rosto.

—Quanto tempo eu dormi?

—Apenas algumas horas. Eu tive que dar uns pontos na sua cabeça. —Grace explica calmamente.

—Certo. Eu posso ir para casa? Para as minhas meninas.

—Claro. Você pode ir quando quiser.

—Ana... eu estava pensando... —Mamãe começa. —Nós poderíamos comprar uma casa, o que você acha? A Kate poderia morar conosco.

—Ia ser incrível, mamãe. De verdade. —Sussurro sorrindo. —Eu estou feliz que você esteja trazendo sua empresa para cá..., mas não é isso que eu quero para mim, não mais. Eu quero ir para longe... para Boston.

—Você vai nos deixar? —Grace pergunta apavorada.

—Claro que não. Eu vou adorar fazer visitas, e espero o mesmo. —Digo com carinho. —Mas... eu não tenho nada que me prenda aqui... não há motivos para eu ficar, Grace. Se eu ficar, vai ser bem pior..., mas se eu for, eu posso recomeçar.

—Mas eu preciso de você. —Ela diz magoada.

—Eu nunca vou estar longe de você, eu prometo.

Grace balança a cabeça antes de me abraçar e dizer que precisa fazer algo. Assim que ela sai, mamãe me encara e sei que está chateada comigo. Mas ela terá que me entender. Eu preciso recomeçar, e ficar aqui, com todas essas lembranças ruins, não vai me ajudar em absolutamente nada.

Eu quero ser forte, pelas minhas filhas, minhas meninas. Elas precisam de mim nesse momento. Vai ser doloroso explicar que Christian não está mais conosco, e eu quero suprir toda a dor delas. Elas não vão ser machucadas como eu fui. Eu nunca vou deixar isso acontecer.

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