Ele andou pelo corredor indo até a emergência.
Sehun andava muito decepcionado nos últimos tempos. Ele amava a sua profissão, mas não aguentava mais ela. Ele se sentia triste por não conseguir mais fazer aquilo que nascera pra fazer.
Respirou fundo. Mais um dia no hospital. Durante os primeiros anos, aquele lugar era como uma segunda casa, ele ficava muito feliz por poder ajudar, ficava mais alegre no trabalho do que em casa.
Fora de lá ele sempre estava sozinho, e apesar dos casos e situações críticas que chegavam, estar rodeado de pessoas era como uma necessidade.
Ele só precisava que sua cabeça estivesse ocupada, ele só precisava que seus pensamentos estivessem longe.
O tempo estava nublado, mas não é como se Sehun se importasse. Ele não ligava pra muita coisa, e achar problema no tempo não ia melhora-lo.
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Jongin estava sentado nas cadeiras para espera. Olhava para as revistas fúteis na mesinha ao lado, e depois para o homem que assitia o jornal sem prestar real atenção, e depois, olhava para a funcionária responsável por organizar as fichas dos pacientes, e por fim, para a porta do consultório. Esse ciclo se repetiu tantas vezes, que se alguém estivesse prestando atenção, perguntaria se ele tinha algum problema.
E de fato, tinha. Mas ele tinha também o problema de não saber o que era. Desde que voltara para seu país, sua vida se desenrolava com base em entradas no hospital. Ele passava mal, algumas vezes eram piores que outras, ia para o hospital, tomava soro ou medicamentos e depois voltava para casa.
Os médicos podiam dar alguma medicação constante para evitar as crises, e já o haviam tentado. Mas era sempre a mesma coisa: o remédio durava uns 3 ou 4 dias, e depois, vinha outra crise, com sintomas completamente diferentes.
As crises não eram diárias, nem tinham um padrão. Mas, normalmente, ocorriam de duas à três vezes ao mês, isso é, num período em que Jongin estava bem. Nos meses piores, podiam vir seguidas e por um período de tempo maior, a mais longa até então havia durado 13 dias. Já chegou a ficar internado, mas apenas 2 vezes, e fora liberado rápido.
Às vezes eram sintomas de gripe, às vezes apareciam erupções em sua pele, às vezes sua pressão ia ao núcleo terrestre para voltar depois de alguns minutos, às vezes vinham em forma de desmaio. Para Jongin, as convulsões eram as piores.
Ele não aguentava mais aquela espera, então resolveu que iria até a cafeteria atrás de alguma coisa doce. Chegando lá, leu a lousa que ficava pregada com os pedidos e pediu um milkshake de morango.
Enquanto esperava, viu alguns médicos entrando na cafeteria. Estavam rindo de algo que alguém tinha dito. Eles pediram muffins e cafés, e quando foram de sentar numa mesa, pôde ouvir uma das mulheres do grupo reclamar de uma paciente que só chorava o dia todo. Jongin notou que a mulher estava usando tênis de corrida e concluiu que ela deveria ser da emergência.
Médicos... Sempre reclamando. Jongin já teve que ouvir médicos reclamando sobre quanto ganhavam bem na sua cara, e as consultas eram caríssimas. Eles falavam que sentiam muito, mas esses seres humanos eram duros como rochas. Informação demais acaba tirando a humanidade da pessoa.
"Mas se for pra tratar mal as pessoas, por que escolheu ser médico, porra?"
Como queriam assistir gente se concluiam ser superiores a elas?
O milkshake ficou pronto, Jongin o pegou e pagou. Foi tomando Enquanto passeava pelo hospital. Andava pelos corredores e seu olhar cruzava as vidraças. Sua mente começou a viajar.
Sentia falta de quando passava por aquela avenida e não pensava em nada, era apenas mais uma construção. Ele sentia falta de sua rotina, da sua vida, aquela em que estava não era a sua.
Sentia falta dos amigos que fizera em outros países. E das aventuras loucas que se infiava. Sentia muita falta das crianças e daqueles adultos. Ele sentia falta de gente nova. E sentia falta das pessoas se surpreendendo com seu talento.
Jongin conseguia ficar de pé, facilmente, conseguia dançar com todas as células do corpo, e ainda o fazia. Mas as crises o impediam de saber como estaria no dia seguinte, e não podia fazer suas viagens a trabalho como antes.
Suspirou, ainda observando os carros. O milkshake estava na metade. Viu um homem de cabelos coloridos entrando no lugar e levou as mãos ao próprio couro cabeludo.
Seus cabelos tinham crescido desde a última vez que os cortara, estavam até que compridos. Ele gostava assim. Tinha o que se distrair as vezes, dessa forma. Queria pinta-lo de novo, mas se o fizesse, o cabelo ficaria tão fraco que cairia todo.
Lembrou de seu melhor amigo, este que mudava o cabelo com uma certa frequência. Falava com o amigo toda semana, mas sentia a falta dele. Ele estava sempre trabalhando na empresa da família, e fugia quando dava, Jongin sabia que o amigo viria mais se pudesse, e se sentia culpado por quase nunca aparecer.
Uma ou outra pessoa cruzava aquele corredor as vezes, e ele se lembrou que tinha que voltar para a consulta. Seu corpo murchou um pouco, mas ele virou na direção que veio e saiu andando com passadas lentas.
Sua cabeça doía, mas era uma dor tão fraca que nem dava atenção. Queria sua casa, onde se trancaria na sala de espelhos e só sairia de lá na madrugada.
Desde novo passava suas horas nas salas de dança, ou com os fones dançando no jardim ou no quarto. Ele precisava extravasar de alguma forma, tirar aquela adrenalina louca que vinha de Deus sabe onde. A dança era sempre sua rota de fuga, tinha conhecido gente pela dança e tinha conhecido o mundo pela música.
Sua família toda tinha o dom da dança, e tudo naquela casa era relacionado a isso. Ele amava. Sua vida toda girava em torno disso. Isso é, antes das crises aparecerem.
Sentiu o gosto de morango subir pela garganda, e seu corpo parar. Seus músculos se tencionaram e um frio passou pela espinha. Andou o mais rápido que pôde para não se enjoar mais e abriu a porta com força. O banheiro estava completamente vaziu. Graças a Deus.
Correu até a cabine mais próxima, a tempo de seu estômago se contrair e ele colocar todo o milkshake que havia acabado de tomar para fora.
Ele respirou fundo algumas vezes, mas não quis morrer, como das outras ocasiões, era só uma contração muscular, colocar para fora o que havia acabado de comer não era nada perto de outras situações. Depois que se estabilizou, foi até a pia e lavou a boca, aproveitou e jogou um pouco de água gelada no rosto, a temperatura fria causava arrepios na sua pele.
Se olhou no espelho antes de sair.
Seu rosto estava pálido, e embaixo dos olhos, olheiras profundas. Jongin dormia bem pelo menos, não fazia muito sentido elas estarem lá. Vai ver, era o cansaço de pensar, de viver. Ele respirou fundo uma última vez, e saiu do banheiro.
Saiu para toda aquela merda que o esperava, de novo.
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Iiiiiiiihquebosta
Primeiro capítulo é sempre uma merda, quase não narrei o Sehun, mas nesses pedaço eles ainda não haviam se conhecido, como não se pode notar.Enfim, fé em G-Dragon que eu melhoro.
🌙
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Argent [Sekai]
Fanfiction"Sentia falta dos amigos que fizera em outros países. E das aventuras loucas que se enfiava. Sentia muita falta das crianças e daqueles adultos. Ele sentia falta de gente nova. E sentia falta das pessoas se surpreendendo com seu talento. Quem ele qu...