CAPÍTULO 1

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Está um dia tão lindo la fora, quando poderei viver novamente? Me pergunto isto a todo o instante e mais uma vez não obtenho respostas. Cada dia a mais que passo nessa cadeira sendo espetada o tempo todo só pra tentarem achar minha veia, perco as esperanças de sair sã daqui. Esse quarto é pequeno, todo branco parece que estou num manicômio a mais de 4 meses, Porque Deus faria isto comigo? Agora que eu estava prestes a ingressar com minha carreira de escritora [...] eu não entendo! Minh...

Os sons de batidas na porta interrompem meus pensamentos, é o Murilo meu noivo.

- Meu amor, como estás? Trouxe pra você. - Diz Murilo fechando a porta com um buquê lindo de tulipas, minhas flores preferidas.

- To melhorando, quer dizer, fisicamente...- Respondo entristecida.

- Passei aqui rapidinho só pra te dar um beijo e ver como estava, preciso ir pra faculdade agora meu amor. Ficará bem certo?- Eu me perco em suas palavras, incrível como o sorriso dele possui um desenho perfeito para meus olhos.

- Sim amor, pode ir, ficarei bem.- Envergonhada pela minha situação, retribuo com um beijo tímido.

Enquanto Murilo caminha sorridente até a porta os pensamentos voltam a me assombrar, não aguento mais isto, isto é tortura. Como estava dizendo, minha mãe não apareceu aqui desde o dia que fui internada, será que ela me detesta tanto assim? Minha relação com ela se fez tumultuada quando disse-a que ingressaria com meu sonho de ser escritora, na cabeça de meus pais e dela principalmente, eu deveria ser advogada criminal, seguir os passos de meu pai.

Meu pai sendo juiz e minha mãe sendo médica posso dizer que nunca me faltou nada, muito pelo contrário, sempre tive tudo do bom e do melhor. Porém, isto não me faz uma patricinha embora todos me julguem assim!

Meu cabelo está caindo cada dia mais, minhas unhas quebraram, estou cada dia mais fraca e mesmo assim eles continuam com o orgulho estúpido [...] As sondas correndo com soro, me lembram o dia em que descobri a doença e contei a eles, no início até pareciam estar tristes mas minutos depois, foram se afastando a cada frase que saíam de suas bocas e hoje parece que nem tenho pais.

Estava indo encontrar Murilo na casa de meus sogros para sairmos para jantar como fazíamos todos finais de semana, estava tão feliz com uma sensação que tudo estava dando certo. Mal sabia que tudo iria despencar em algumas horas.

Os pais de Murilo me adoram desde quando conheci ele sempre nos deram força pra nos casarmos, estamos juntos a mais de 5 anos e foram os melhores anos de minha vida até hoje [...] Quando começo a falar dele acabo me perdendo em meus próprios pensamentos, no dia fomos num restaurante japonês o mesmo que nos conhecemos, no meio do jantar acabei passando mal e desmaiando, acordei já no hospital com aquelas luzes ofuscando minha visão que estava embaçada, Com medo e sem saber o que estava acontecendo, me encolhi na cama tentando lembrar do colo de minha mãe que não estava ali. Quando o médico chegou em meu quarto percebi que algo não estava saindo como planejado pelo olhar distorcido e confuso do experiente homem.

Com a voz trêmula nem conseguia falar nada até ele perguntar :

- Ísabel Ramos Vasconcellos certo?- Uma sensação ruim me tomava por inteiro a cada palavra que saía da boca do doutor.

- Sim senhor, onde está meu noivo? Por que vim parar aqui? O que está acontecendo? Porque estou ligada a estes fios? Cadê meus pais doutor?- Parecia que voltei a minha infância quando meus pais apagavam todas as luzes da casa e eu ficava abraçada em meu ursinho Pub chorando com medo do escuro. Sem motivos eu sabia que algo muito ruim estaria pra acontecer.

- Seu noivo foi na lanchonete buscar um lanche pra Sra., seus pais já estão a caminho tenha calma por favor.- Com um suspiro lento e desmotivador o médico me entrega a tão esperada notícia.

Incertezas {EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora