Capítulo 2 - Sonhos e Pesadelos

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Para falarmos um pouco mais de Cassandra, precisamos voltar oito anos antes. Vou te contar do dia em que ela perdera sua inocência, mas sem detalhes, afinal isso é desnecessário.

Naquele dia, seu pai estivera trabalhando até mais tarde, e demorara a voltar para a casa. Sua mãe por uma fatalidade do destino não estivera em casa, pois precisara sair às pressas após uma ligação do hospital, que avisara da internação imediata da avó de Cassie, devido a um sério problema de saúde que tivera.

A senhora Banks estivera tão nervosa com toda a situação, chocada, chorando e sem saber o que pensar a respeito — pois, o hospital não passara nenhuma informação por telefone —, prontificara-se pegando a chave do carro e sua bolsa, saindo apressadamente. Já na frente de sua casa, enquanto tirara o carro da garagem, ela gritara para Daiane, a vizinha, pedindo para que ela ficasse algum tempo com Cassie — ela estivera dormindo, e a mãe não quis acordá-la.

Enquanto Daiane assistira TV na sala, Cassie permanecera dormindo, até certa hora, quando acordara de repente e percebera uma sombra no canto do seu quarto. A sombra estivera de pé em um canto qualquer, e persistira em observar, a garota, que não fizera nada — nem mesmo chamara pela mãe.

Cassie não estivera sentindo medo. Ela, até, tentara dialogar com aquela coisa que estava ali.

— Oi, quem é você? — ela perguntara, mas não obtivera nenhuma resposta.

Mas era tão surreal aquela coisa, que insistira em continuar a olhar para Cassie sem dizer nada.

Sem entender nada do que estivera acontecendo naquele momento, Cassie apenas tentara cobrir-se com o cobertor e a sombra dera um passo em direção a garota, e posteriormente continuara a dar mais e mais passos em direção a ela.

— Quem é você? — Cassie indagara novamente.

Quando a sombra sentara-se na beira da cama de Cassie, ela gelara de uma forma tão arrepiante, e não sabia se tudo aquilo que estivera acontecendo era real ou apenas um pesadelo. A sombra colocara a mão na perna nua da garota, avançando um pouco para cima e cada vez mais para cima. Cassie parecera estar enfeitiçada, como se tivera em um transe, onde não conseguira acordar.

E então fora ali, naquele momento, que a sombra roubara-lhe a coisa mais importante de uma criança, a inocência. Mas ao mesmo tempo em que roubara a doce inocência de Cassie, dera também um presente para a jovem, o seu dom de ler pensamento. Mas ela só percebera esse dom anos mais tarde, quando começara a ficar com meninos e percebera o padrão, que os pensamentos só vinham através do beijo. Porém, eles eram momentâneos, após um tempo o efeito passava. E quanto a sombra, Cassie sempre teve alguns pesadelos, mas ela nunca soube quem era, pois via apenas borrões, quando olhava diretamente para sombra naquela noite.

***

Início de janeiro, Cassie e seus amigos ainda estavam no litoral, curtindo a vida de recém-formados. Todos os dias iam para a praia, e passam o dia todo lá.

Quando Cassie beijara Aaron pela primeira vez, lera todos os seus pensamentos — inclusive que ele já beijara outro menino. Alguns ela quisera guardar, outros quisera esquecer para sempre. A garota tentava não pensar neles, não queria ficar frustrada. E estragar o resto das férias.

Afinal estavam curtindo a liberdade escolar, queria aproveitar ao máximo seus últimos dias com a turma que a acompanhou nos últimos três anos.

Certo dia, quando acordou após uma noite inteira de zoeiras e bebidas a beira mar, percebeu que Aaron não estava na cama, estranhou, mas ficou na sua. Logo depois de um tempo, ele chegou com uma bandeja de café da manhã.

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