Thronos

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Volvida uma semana de viagem, ambas as embarcações chegavam ao seu destino. A viagem tinha decorrido com normalidade, não tinham avistado no mar qualquer ameaça. Ao aproximarem-se da costa puderam apreciar a paisagem em todo o seu esplendor. O que mais se parecia com uma fortaleza do que com um castelo foi ganhando contornos e tornando-se cada vez mais imponente. O castelo de pedra que ali se encontrava já havia vivido imensas batalhas nos seus aproximadamente seiscentos anos de existência e nunca havia sido transposto, pois a sua localização no ponto mais alto da ilha permitia observar a aproximação dos inimigos a longas distâncias. Virado para o mar, conseguia observar-se os pequenos orifícios nas torres de onde saiam os canhões, tornando o castelo temível. Naquele dia o céu expunha-se em tons acinzentados e com algumas nuvens que faziam prever alguma chuva, tornando a paisagem ainda mais assustadora. No alto da torre, num estandarte bem conhecido, contorcia-se furiosamente ao sabor do vento, uma árvore cortada ao meio por uma espada, ambos com contorno dourado em fundo preto; o estandarte de Thronos, capital de Monarquia.

O castelo assentava no cimo de uma falésia, ao longo da qual se avistavam postos de vigia com os respetivos guardas, do topo até à rebentação, onde se podia ver um local de atracagem.

Ao atracarem no porto, uma companhia de doze guardas veio saudar o regresso do seu superior – Seja bem-vindo Comandante, estávamos a ficar preocupados convosco, temíamos que tivessem sido apanhados pela tempestade que passou por aqui há dois dias – cumprimentou o soldado responsável do porto.

– A viagem correu bem meu bom Garland! – Sossegou o capitão agarrando o ombro direito de Garland em sinal de respeito - Apanhámos correntes favoráveis, provavelmente a tempestade tomou outro rumo ou dispersou-se. Já informaram sua Majestade da nossa chegada?

- Já sim, meu comandante. O nosso Rei aguarda impaciente a vossa chegada à sala do trono – respondeu Garland.

- Então não o façamos esperar mais, já perdemos demasiado tempo a perseguir esta escumalha.

- Façam-nos desembarcar, mas com os olhos bem abertos para não se deixarem ludibriar! – ordenou aos guardas que se encontravam no barco. - Garland se não te importas mostra-nos o caminho.

Enquanto isso Draven planava livre nos céus mantendo o Mancha Negra sob si, nunca o perdendo de vista. Aproximavam-se de Thronos a capital de Monarquia e do reino. Draven ascendeu no ar novamente enquanto o barco negro era atracado ferozmente no Porto Real. Draven circundou o porto enquanto via os seus companheiros serem tirados da embarcação de forma bastante violenta, enquanto o comandante das tropas do rei ladrava incansáveis ordens aos seus lacaios. O corvo desceu num voo picado e pousou sobre o mastro da vela principal do barco construído em madeira negra enquanto assistia a toda a cena enquanto os guardas levavam os piratas pela grande escadaria na falésia até ao castelo de Thronos.

Quando os piratas saíram da vista de Draven, este elevou-se novamente no voo e planou lentamente sobre a cidade absorvendo os cheiros, as cores e tudo o que esta emanava.

O grupo constituído por guardas e piratas começou a subida dos mais de mil degraus até ao cimo da falésia através de túneis que se estendiam entre as rochas. O cheiro a maresia, misturado com a humidade bafienta tornava o ambiente sufocante. Os degraus de pedra com aspeto milenar, estavam desgastados pela humidade tornando-se escorregadios, atrasando ainda mais a marcha. Ao longo dos canais, pouco espaçadas encontravam-se velas acesas a iluminar o caminho.

Nenhum dos soldados sentiu cansaço algum na escalada, ou se sentiu nenhum referiu. Eram todos muito bem preparados e escolhidos pelo seu comandante, independentemente da sua idade ou estatuto só os melhores eram escolhidos.

Landerth: A Herança da Árvore NegraWhere stories live. Discover now