34. No pressure

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Sem pressão.

...

Encarei meu corpo pelo espelho em meu banheiro e constatei o óbvio: eu estava marcada. Agora também era fisicamente. Katheryn havia feito um bom trabalho afinal, mas não posso dizer que os estragos nela foram menores que os meus. Meu rosto estava pegajoso devido ao choro intenso durante o dia e isso me enjoava.

Pus um punhado de água na palma das mãos e levei até meu rosto e nossa, tudo ardia, fora os arranhões, ombros foram os menores dos danos, meu rosto como previsto estava com um arranhão abaixo dos cílios perto da bochecha. O que mais me entregava mesmo era o pescoço, ele  estava com hematomas circulares que se moldavam perfeitamente às mãos de Katheryn, já meu couro cabeludo latejava. Enxuguei meu rosto na toalha e o sangue dos pequenos cortes antes seco, manchou levemente a toalha.

— Nada pode ficar melhor que isso.

Retirei minhas roupas e entrei no chuveiro sentindo o gelado do meu corpo escorrer pelo ao mesmo tempo em que a água quente tomava seu lugar. Era bom tomar banho em "casa", me sentia um peso estando com Kendall mesmo sabendo que para ela isso não fazia sentindo.

Para mim sim. Aqui eu sentia que estava por merecimento meu, antes de tudo isso.

Os machucados ardiam em contato com a água quente mais do que com a fria, eu nunca senti tanta raiva de alguém como estava sentindo de Katheryn, e tudo isso por nada, toda essa situação deprimente por nada.

Ri fraco. Bem que ela mereceu.

Termino o banho depois de um bom tempo pensando nas coisas que tinha falado para Justin. Depois de algum tempo sem vê-lo e minha reação me parece exagerada.. A verdade é que eu não sei ao certo, não aguentava mais esconder nada. Eu só precisava aceitar que não teria mais nada além de sua amizade e que talvez até isso esteja em risco agora.

Me enrolei na toalha e saí do banheiro com um leve vapor me acompanhando. Me sentia fraca de corpo e alma.

— Achei que fosse dormir nesse banheiro.

Dei um pulo encontrando Anabel sentada na ponta da cama com uma pequena caixa branca com uma cruz vermelha na frente, uma caixa de primeiro-socorros.

— Anabel, que susto. — disse fraco caminhando até o guarda-roupas logo a frente.

— Kris me disse que você estava ferida, posso saber o que aconteceu? — ela perguntou enquanto batucava com as unhas na caixinha de plástico.

— Já falei com você sobre ela. — respondi colocando minha calcinha por debaixo da toalha e a soltando para colocar meu pijama. — Ela se chama Katheryn.

— Katheryn... — disse para si mesma enquanto buscava em sua memória algo sobre. — Katheryn, primeiro dia de aula e seu copo de suco caiu acidentalmente em você.

— A própria. — respondi passando as alças da blusinha do pijama cuidadosamente pelos ombros.

— Venha, vamos cuidar disso.

Assenti caminhando até ela e ocupando o lugar que antes Anabel ocupava, a mesma se colocou em minha frente de pé e com um algodão e soro começou a limpar as marcas deixadas pela vaca.

— Eu já limpei, acabei de tomar banho, acho que só um remédio para dor já me ajuda. — falei tocando seu pulso onde Anabel recuou.

— Você não sabe de nada menina. — ri ainda com os lábios cerrados. — Isso foram unhas ou garras? Parece que foi atacada por um bando de gatos selvagens. — continuou passando o algodão molhado em meu rosto.

Au Pair - EM REVISÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora