39. But you're only worth a few tries

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Mas você só vale algumas tentativas.

"Deixe o passado e preste atenção, estou deixando tudo pra lá, você não devia não ter mantido sua palavra porque se tivesse, eu teria um motivo para manter a minha. Você era inconsistente demais, estou deixando tudo pra lá." — Angel (Fifth Harmony).

...

Eu estava ultrapassando os limites da humilhação. Não era como se fosse prazeroso ser defendida por Justin e ter sido superprotegida, era vergonhoso, humilhante. A situação em si era preocupante e eu só pensava no quanto a minha cara de pavor geraria noticia horas mais tarde, ou talvez até já estivesse.

"A garota do clipe que ganhou o VMA foi atingida por uma maçã."

Até as agressões eram vergonhosas.

— Não acho necessário que eu vá para um hospital. — sussurro contra seu peito, onde o garoto ainda me abraça nervoso.

Justin tentava manter a calma, mas era nítido o quanto ele falhava ali. Não disse nada, apenas me ignorou enquanto seguia massageando com todo o cuidado do mundo meu ombro esquerdo.

— Justin? — o chamei tentando me desvencilhar de seu abraço para fitá-lo, mas ele me manteve presa em seus braços. Minhas lágrimas já haviam secado em meu rosto, apenas meus olhos lacrimejavam incessantes.

— Shh... — sussurrou.

Eu não havia sofrido corte algum, apenas meu rosto demonstrava inchar, notava-se isso ao tocar meu supercílio e meu couro cabeludo já poderia se acostumar com dores.

— Olhe, não estou sangrando. — me desvencilho de Justin mostrando que de fato eu não estava gravemente ferida. — Foi um susto.

— A merda de um susto! — ele diz bufante. — Não quero nunca mais na vida que você passe por uma situação ridícula dessas. Eu só me pergunto quando é que elas vão crescer!

— Você não pode generalizar, suas fãs o amam muito. — digo me ajeitando confortavelmente no banco traseiro ao seu lado.

— Eu só... — suspira passando seus dedos tortos pela extensão dos cabelos. — Só não consigo entender que tipo de amor é esse.

— É um amor genuíno, Justin e você não pode culpá-las por sentir tanto disso.

— Não estou falando da maioria e sim das pessoas que estavam lá e machucaram alguém que eu gosto muito. — confessa e me sinto na obrigação de prestar atenção em cada ponto de sua conversa como se Justin confessasse algo para ele mesmo sem lembrar que eu estava ali para ouvi-lo. — E se eu não estivesse por perto e soubesse mais tarde que foram pessoas que gostam do meu trabalho? Que dizem ser fãs de um cara que não consegue ter a porra de uma vida sossegada sem expor às pessoas ao redor?

Respirei fundo sabendo que no fundo aquela sua dor era íntima e talvez inimaginável.

Pessoas que ele ama tanto machucando pessoas que ele ama muito.

— Olha, nem dói. — digo apertando o local onde a fruta me atingiu. — Acho que estou até pronta para outra. — ri fraco tentando animá-lo.

— Não faça isso, não aja como se isso fosse normal ou que devesse ser porque não é. — Justin umedeceu os lábios. — A violência não é normal, principalmente a gratuita, a gerada por um ódio tão sem sentido. Eu deveria não me importar, certo? — ele pergunta e eu afirmo com a cabeça. — Errado. — diz me encarando sério. — Se eu não me importasse não estaria sendo eu e não é assim que as coisas funcionam.

Au Pair - EM REVISÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora