Desprezo

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Lydia Martin

Você consegue, Lydia. Ele nem vai perceber a sua presença! Continua andando.

— Ruiva!

Droga, droga, droga! Como ele sempre me vê? Acelerei o passo, quase correndo. Só precisava chegar na biblioteca, só isso! Eu tinha que conseguir chegar até lá sem que ele me seguisse!

A escola era enorme e mesmo assim, parecia que em todos os corredores que eu passava, Stiles Stilinski se materializava, notava a minha presença e gritava "ruiva" tão alto que todos os alunos olhavam para mim.

Percebi que estava sendo seguida quando escutei o barulho do all star preto que tanto conhecia, arrastando no chão com um chiado irritante. Será que ele não conseguia nem andar direito?

Em questão de segundos ele estava ao meu lado, exibindo um sorriso torto que era característico dele. Mostrava parcialmente os dentes, esticando os lábios de forma provocadora e de alguma forma, sexy.

Stiles era o típico popular que conseguia qualquer garota. Afinal, quem ia resistir ao garoto esbelto, de cabelo bagunçado, pele clara e centenas de pintinhas adornando a pele? Tudo nele era ridiculamente perfeito.

— Estou começando a achar que você fica tentando me evitar. — Foi o primeiro comentário estúpido do dia.

Apertei a bolsa com força contra o corpo e tentei manter a língua presa na boca. Sabia que quando se tratava de Stiles era melhor ficar calada, pois quanto mais eu falava, quanto mais me irritava, mais ele me provocava e se animava.

Porém, acabei olhando para ele e isso tornava impossível não o responder. Stiles sempre tinha uma expressão sacana no rosto, como se a cada segundo estivesse prestes a fazer algo tremendamente pervertido e isso me afetava tanto, que eu acabava falando.

— Você acha, Stilinski? — Deixei o deboche transbordar da minha fala.

— Oh, céus! É tão sexy escutar você me chamando pelo sobrenome! Quando eu te levar para cama, vou querer você gemendo Stilinski o tempo todo, ruiva.

E lá estava mais uma fala inconivente de Stiles. Ele se aproximou de mim por poucos minutos e já tinha falado algo sugestivo. Sempre, em qualquer ocasião, ele arrumava um jeito de falar sobre sexo. Seja explicitamente ou em piadas de duplo sentido.

— Você...v-você... — Minha voz falhou miseravelmente. Não consegui criar uma resposta para aquela provocação.

— Já percebeu que toda vez que você tenta falar comigo, fica nervosa? — Mordi a língua e me xinguei internamente por gaguejar perto dele. — Você fica gaguejando, se enrola e nem consegue completar uma frase sem a voz falhar. Eu deixo você nervosa!

— É claro que deixa! Você me tira do sério! — Deixei a voz o mais grave o possível, gesticulando com as mãos. Parei de andar em uma tentativa falha de destacar minha expressão assassina.

— Não é desse nervosismo que eu estou falando, Lydia, apesar de que você fica uma gracinha com raiva de mim. — Ele teve a ousadia de piscar o olho direito! — Mas estou falando do nervosismo que você tem por se sentir atraída por mim, ruiva.

— Eu não...

— Por que é tão difícil confessar que tem vontade de sair comigo?

Eu estava longe de me adequar a um padrão de beleza. Desde pequena estou acima do meu peso ideal e as únicas pessoas capazes de me chamar fofa assim, são os meus pais corujas.

Todos naquela maldita escola implicavam comigo por causa disso, porém, nenhuma ofensa era pior do que o que Stiles fazia comigo. Eu o conhecia desde a quinta série. Nós sempre estudamos nas mesmas turmas, nossos horários de aulas sempre coincidiram.

Curvas do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora