Julho de 2003 - Oregon, Wisconsin – EUA.
O vento soprava forte depois da tempestade que caíra durante toda a noite em Oregon, Wisconsin. O inverno rigoroso não havia dado trégua durante boa parte do ano e as chuvas faziam as temperaturas despencarem cada vez mais. As rajadas vigorosas davam a impressão de que, a qualquer momento, levaria o telhado.
Jenny abriu os olhos com dificuldade, esticando o braço para desligar o despertador que apitava irritantemente. Esfregou os olhos tentando se acostumar com a claridade, porém decidiu ficar um pouco mais na cama antes de ter que se levantar para o último dia de aula no Oregon High School.
A garota tinha estudado ali durante todo o ensino médio juntamente com seus melhores amigos: Léxis, uma menina de sorriso fácil e Matt, um garoto marrento e bem-humorado – mais nem tanto. Os adolescentes mais bipolares de toda a cidade interiorana.
— Filha? — A cabeça de Marina apareceu na porta entreaberta do quarto, ao perceber que Jenny ainda não havia se levantado até àquela hora.
— Hum? — a garota resmungou sonolenta.
— Vai perder seu último dia de aula se não se levantar agora.
Cruzou os braços em frente ao corpo, apoiando-se no batente da porta.
— Só mais cinco minutinhos.
A jovem puxou o coberto até o queixo, aconchegando-se na cama.
— Se você dormir mais cinco minutos, Matt vai te deixar para trás. Você não vai querer ir a pé com esse vento frio, vai?
Marina entrou no quarto e abriu as cortinas para que um pouco mais de claridade inundasse o aposento.
— Ele me espera. — Jenny virou para o outro lado protegendo os olhos.
— Quer pagar pra ver? Por acaso já se esqueceu de que ele fez exatamente isso na semana passada? E pior, estava chovendo. Você perdeu a última prova de literatura e por isso ficou com um B- na matéria. — A mulher lembrou-a do fatídico ocorrido.
— Okay, você conseguiu me convencer. — Jenny chutou os cobertores para longe e se arrastou para fora da cama em direção ao banheiro.
— Você deveria estar mais animada. Afinal, hoje é seu último dia de aula! — Marina tentou animar a filha.
— Eu estou — a menina gritou de dentro do lavabo.
Sua imagem refletida no espelho não era das melhores naquela manhã. A pele era branca demais e o contato com a água quente da torneira deixava suas sardas ainda mais evidentes, assim como as olheiras, resultado da semana mal dormida em virtude das últimas provas e testes. O comprido cabelo ruivo caía sobre o rosto dando-lhe um ar desleixado.
Jenny fez um coque frouxo nas madeixas e saiu logo em seguida para o quarto, encontrando a mãe dobrando seu cobertor.
— Não consigo ficar animada — revelou, retirando uma calça jeans e seu moletom surrado de dentro do minúsculo closet. — Se eu tivesse algo bom para fazer da minha vida daqui para frente, até estaria. Mas nem para a faculdade eu vou, mãe. – A garota relutou contra o nó que fechava sua garganta.
— Você vai conseguir um emprego bacana e as coisas vão se acertar. Tenha fé — Marina a encorajou com os olhos cheios de lágrimas.
Seu maior sonho era que a filha tivesse a oportunidade de ir para uma boa universidade, coisa que nem ela e nem o marido haviam feito. No entanto, depois da morte do esposo em um conflito armado no exterior e as dívidas que deixara, tanto Marina quanto Jenny tiveram que abandonar suas ambições.
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Orei Por Você - DEGUSTAÇÃO
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