Sentados em uma das mesas da varanda do "Cantina", um restaurante de comida italiana, Jenny e Matt observavam os cardápios em silêncio. Ela não sentia fome e sua cabeça latejava resultado da noite mal dormida. A náusea constante se intensificava cada vez que relampejos dos acontecimentos do baile vinham a sua mente. Então resolveu pedir apenas uma salada e a revirou no prato até que seu acompanhante terminasse sua macarronada.
— Matt, me desculpe pela forma que me comportei ontem, eu fiz você perder metade do baile por uma bobagem. — Fitou o arranjo de flores sobre a mesa.
— Tudo bem, você só estava preocupada com a Léxis. — Ele estendeu o braço e tocou as mãos dela. Uma corrente elétrica percorreu o seu braço, fazendo-o se afastar rapidamente, assustado com aquela sensação.
— Não foi só isso... — Ela pensou alto, olhando para o outro lado, alheia aos sentimentos do rapaz.
— Eu sei, e você precisa me falar o que houve.
Ela mordeu os lábios inferiores ao sentir uma lágrima quente umedecer seu rosto.
— Ei, você tem que contar — Matt insistiu ao vê-la chorando.
Jenny sabia que o amigo era explosivo, perdia a paciência por muito pouco. Se tivesse contado na noite anterior o que ouviu, provavelmente teria arrumado encrenca na certa. Mas agora, sentia a necessidade de desabafar e ele não poderia fazer nada a respeito, a não ser ouvi-la e engolir sua frustação. Então ela contou a ele o que Ashley tinha falado no banheiro e o quanto aquilo a feriu.
Matt ficou furioso, como ela imaginou. Socou a mesa e xingou os envolvidos. De repente, o rapaz se levantou com um salto e partiu em direção a entrada do restaurante. Jenny virou-se rapidamente somente a tempo de vê-lo acertar um soco no rosto de Dylan, que chegava ao local com os oficiais do exército e os amigos.
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— O que estão esperando para me tirar daqui? — Matt trincou o maxilar, fitando seu pai e Jenny do outro lado da grade.
— Eu bem que poderia te deixar passar a noite aqui, para você aprender uma lição! — o senhor, já de idade, falou enfurecido.
— Olha o vexame, pai — Matt resmungou entredentes.
— Vexame? Agora você se lembra do que é isso? Vexame é um velho como eu ter que vir a uma delegacia, às três horas da tarde para poder tirar o filho da cadeia porque estava dando uma de valentão por aí.
— Sem falar que teve sorte daqueles rapazes não terem revidado. — O policial que os acompanhavam interferiu na conversa. — Você não teria a menor chance.
— Não me arrependo. Ele mereceu — Matt rosnou, sentindo a raiva fervilhar dentro de si.
O garoto tinha mesmo sorte. Graças aos oficiais ali presentes, os colegas de Dylan não partiram para cima dele. A sorte só não foi maior, pois dois policiais almoçavam no restaurante, flagrando o ocorrido. Matt foi detido no mesmo instante por agressão, deixando Jenny sozinha, totalmente assustada e estática em pé ao lado da mesa. Nunca antes vira o amigo tão alterado.
Assim que Dylan percebeu sua presença ali, marchou firme em sua direção. Jenny apenas o viu se aproximar sem conseguir mexer um dedo sequer. Essa era a chance que ele tanto queria para falar com ela, e sabia, que naquele exato momento, provavelmente, seus amigos o bombardeavam com olhares atrás de si, no entanto, não se importou.
— O que deu nele? — O soldado massageou o maxilar arroxeado pelo soco ao parar próximo a ela.
Jenny não respondeu.
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Orei Por Você - DEGUSTAÇÃO
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