Prólogo

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Em câmera lenta eu vi aquele copo de vidro cair da minha mão, tentei pegá-lo antes de atingir ao chão, mas foi em vão. Em questão de segundos o copo se espatifou e cacos de vidro se espalharam pelo chão, senti meu coração pulsar mais rápido a medida que ouvia passos se aproximando. De repente a vi parada na porta de braços cruzados, tia Maze, uma pessoa extremamente má, que odeio com todas as minhas forças.

— Como fez isso? - perguntou com a voz falha e rouca. Me puxou pelo braço. - Responde!

Seu hálito de cebola invadiu minhas narinas, me fazendo querer vomitar tudo que comi.

— Por favor, me solte. - evitei olhar em seus olhos.

— Fiz uma pergunta! Responda! - me largou bruscamente, acabei me desequilibrando e caindo com as mãos sobre os cacos de vidro.

Fechei os olhos e respirei fundo, lembro que antes de partir minha mãe me pediu para ter paciência com a Maze, que ela era carente e solitária, mas toda vez que olho pra ela eu só vejo um monstro, que só come, dorme e infernizar minha vida. Ouvi ela dando passos pesado em minha direção.

— Eu me bati na droga dessa mesa! - falei sentindo meu sangue ferver. — Eu vou limpar tudo isso, não se preocupe.

Ela se agachou com os olhos semicerrados e me puxou pelo braço, me encarou e disse:

— Com quem você pensa que tá falando?! - apertou mais meu braço. — Eu acho bom essa cozinha estar bem limpa em cinco minutos, senão pode ir arrumando outro lugar para dormir!

Me largou bruscamente mais uma vez, mas dessa vez consegui apoiar meus antebraços na mesa. Eu odeio tanto essa mulher, as vezes me pergunto como consigo aguentar ela todo santo dia. E por que diabos eu tenho tanto medo dela?! Talvez seja o olhar dela, sei lá.

Olho para minhas mãos ensanguentadas e com alguns cacos de vidros, pensei em como eu iria tirar aquilo de minhas mãos. Ouvi passos se aproximando, então resolvi correr em direção às escadas.

— Beatriz!! - ouvi Maze gritar da cozinha.

Entrei em meu quarto e bati a porta com o pé, corri para o banheiro e encarei minhas mãos mais uma vez.

— Que inferno! - bati os antebraços na pia e comecei a chorar. Eu estava com tanta raiva que minha cabeça estava começando a doer, fechei os olhos com força.

Ouvi a porta do meu quarto abrir, até que ela subiu as escadas bem rápido.

— Cadê você, sua vagabunda?

Foi o limite, mesmo com as mãos cheias de cacos de vidros eu fechei meus punho e esperei que ela abrisse a porta do banheiro. Meus olhos permanência fechados, assim como minhas mãos, eu podia sentir o sangue escorrendo entre meus dedos e minha raiva aumentar. Abri os olhos quando ouvi a maçaneta se mexer.

— Achei você! - me puxou para fora do banheiro e me soltou rapidamente, começou a sacudir as mãos como se tivesse pegado em uma panela quente. — O que é você!?

Ela me olhava assustada, deu alguns passos para trás e acabou derrubando minha prateleira de livros.

— O que você quer de mim, hein?! - dei um passo para frente. — Olha o que você fez!

Ao apontar para meus livros, uma pequena bola de fogo foi arremessada neles os fazendo queimar, Maze gritou por socorro. Olhei meu reflexo no espelho e vi meus cabelos e punhos em chamas, olhei para meus punhos assustada com aquele fogo todo que saía de minhas mãos. Dei alguns passos para trás, eu não sabia como eu estava fazendo aquilo, mas era uma sensação boa.

— Cala boca! - senti meu corpo esquentar cada vez mais. — Sua voz me irrita!

Senti meus pés saírem do chão, eu não estava mais me controlando, eu podia ver Maze gritar histericamente, enquanto eu ria, por mais que eu tentasse voltar ao controle, eu não conseguia, talvez porque eu estava começando a gostar daquilo, mas era errado.

— Beatriz, pare com isso! - ouvi uma voz me chamar do lado de fora da casa. — Você consegue, respire fundo!

Olhei para a janela envidraçada e vi um homem de calça e camisa social, seus olhos cinzentos me transmitiram paz, mas não por muito tempo. Senti que as chamas em meu corpo começaram a ficar cada vez mais intensas, de repente me vi sobre a casa em chamas, fogo saía de minhas mãos e iam em direção a casa.

— Beatriz, por favor! Você não é assim!

Olhei para aquele homem e o vi falar algo para uma garota que entrou na casa.

— Você precisa se controlar!

- Cala boca! - joguei fogo em sua direção, ele desviou facilmente. - Você não sabe nada da minha vida, não sabe o que essa mulher me fez passar, e não tem o direito de vir aqui se meter.

— Eu sou como você, Beatriz! - ele fez com que sua mão direita ficasse em chamas. — Fiquei descontrolado como você também, eu sei, o poder é incrível, mas você precisa ter o controle dele.

— E se eu não quiser?!

Ele sorriu, deu de ombros e disse:

— Você vai querer. Pegue ela!

Franzi o cenho e de repente senti uma pontada no braço esquerdo, me senti fraca e sonolenta, consegui tirar a agulha do meu braço assim que pisei no chão com a minha forma humana de novo. Antes de apagar de vez, consegui ver uma garota ruiva correr em minha direção com um cobertor.

— Só queremos ajudar.

Perdi a consciência logo depois de ouvir sua voz extremamente calma.

{Sem revisão}

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