Impossível não rir

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Eu me vinguei, matei a segunda pessoa que você mais amava, você quer me matar agora? Você vai conseguir matar a primeira pessoa que você mais ama? você sabe que sou eu. - Carolina. Crazy? Love?






- E por que você foi no quarto dela? - Estêvãozinho me perguntava, já havíamos voltado para nossa sessão e... pelos meus cálculos a mesma estava quase acabando. - Não poderia ter esperado? Como conseguiu entrar?

- Você faz muitas perguntas!

- Obviamente.

- Não, eu não podia esperar, Deus esqueceu de colocar paciência enquanto me fazia, Estava passando pelo corredor dela e a porta estava aberta, deve ter sido erro de algum segurança ou algo do tipo. - Falei normalmente e olhando o teto enquanto eu tinha certeza de que o meu Psiquiatra me fitava.

- Tem certeza? - Ele pergunta.

- Nunca tive como estou tendo agora. - Parei de olhar para o teto e o encarei.

- Tudo bem! Tenho que avisar ao diretor, nossa sessão acabou por hoje.

- Por que você tem que falar pra ele?

- Por que você não disse a ninguém sobre o que aconteceu e eles não acreditam muito naquela menina, então, como eu sou o único que sabe melhor da "história" tenho que informar aos superiores. Eles também querem respostas concretas.

- Certo... - Falei baixo, estava cansado.

- Nos vemos amanhã! - Ele deu um meio sorriso e saiu do quarto.

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Aquele dia está chegando, o dia que eu odeio, o dia que eu abomino com todas as minhas forças, o dia em que minha consciência prega mil peças em mim, eu sei que não acontecerá nada com Akame mas... Minha mente é uma completa filha da puta, é impossível não pensar a respeito.

Fui abandonado em um orfanato quando eu tinha 6 anos, ainda me lembro de tudo o que aconteceu, meus pais me abandonaram por que eu sou o fruto de uma traição cometida por minha mãe, minha mãe traiu meu pai e em seguida ficou grávida, meu pai pensou que era dele por isso ficou muito feliz pelo o que eu soube, minha mãe conseguiu esconder muito bem sua mentira, mas só até aos meus 5 anos de idade. Quando eu fui crescendo meu pai suspeitava de que eu não era seu filho, eu não parecia nada com meu pai, eu tinha cabelos pretos como a noite, olhos verdes como a folha e uma pele parda, meu pai, Tinha os cabelos claros, olhos escuros e seu tom de pele era mais claro que o meu, minha mãe, não era diferente. Meu pai pressionou muito minha mãe quando eu fiz 5 anos, os mesmos chegaram a ter uma discussão horrível que acabou em tapas, minha mãe aborrecida contou tudo pro meu pai, meu pai estava tão furioso, mas tão furioso que nem se importou se eu estava olhando aquilo tudo ou não, ele pegou uma garrafa de vinho que havia ali perto e bateu na cabeça da minha mãe, quando os cacos do vidro caíram ele pegou a maior e a cravou no pescoço da minha mãe, eu gritei para que ele parasse lógico, mas ele não parou, ele me agrediu depois, Os vizinhos deveriam ter escutado os gritos porque logo em seguida apareceram os policiais, meu pai me usou como refém mas um policial qualquer atirou nele, me perguntaram se eu tinha ou conhecia algum parente ou alguém que pudessem cuidar de mim assim que eu fui para um local em que havia uma mulher, deveria ser assistente social, eu pequeno, com 5 anos, triste, sem mãe e sem pai, não conhecia minha família, ou o que sobrou dela. Rapidamente encontraram meus "avós" mas os mesmos já estavam mortos, causas naturais, não perderam tempo e me mandaram para um orfanato. Cheguei no orfanato, triste, sem ninguém para me confortar e aquela cena se repetia toda noite em minha cabeça, a cena em que meu "pai" matava minha mãe, os gritos dela, seu ar acabando, ela se engasgando com o próprio sangue e seus olhos fechando encontrando o descanso eterno. Eu nunca iria conseguir esquecer daquilo, nunca. Dias se passaram. Eu conheci pessoas, mas pessoas não tão boas assim, eu era zoado por ser o "estranho do orfanato", muitas crianças tinham medo de mim e eu não sabia o porque, eu era sempre calado e na minha, elas diziam que era porque eu vivia sozinho e quem vive sozinho tem um pacto com o capeta ou algo assim, crianças mesmo, eu só tinha uma mentalidade diferente deles e eles não haviam passado pelo o que eu passei, mas um dia, um grupo de meninos veio até mim, eu estava escorado em uma árvore e era noite, eles falavam que eu era estranho e uma presa perfeita, eu era sozinho e eu não tinha ninguém, me agrediram e cuspiram em mim, me deixaram ali, as pessoas responsáveis pelo orfanato me encontraram e perguntaram o que tinha acontecido comigo, eu falei que tinha sido o tal grupo de meninos, eles foram punidos e eu voltei a minha vida solitária normal, mas assim que eles saíram do castigo voltaram a me bater e falaram que era porque eu tinha falado e que se eu falasse pra alguém novamente eu iria sofrer muito mais, eu como era uma criança aparentemente normal e indefesa fiz o que eles pediram, todo dia era uma dor nova, toda noite um puxão de cabelo novo, doía, muito, eles usaram pedras, tijolos e até galhos de árvores que encontravam. Claro que chega um dia em que você não aguenta e explode, não literalmente, mas emocionalmente, meus pais mortos, sem família, sozinho, isolado, desamparado, solitário e agredido todo santo dia, ninguém aguentaria, pelo menos, eu não aguentei. Quando eles não estavam me agredindo, peguei pregos que haviam no fundo do orfanato, peguei 10, eram 5 garotos, mas eu queria prevenir, esperei que o dia de apanhar chegasse para eu poder me defender, eu não iria ser saco de pancadas de novo, eles chegaram, claro, me bateram o que tiveram que bater e estavam indo embora, só não esperavam que...

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