Capítulo 3

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Dou um grito estridente ao perceber que as meninas ainda estavam ali e eu igual doida sentada em frente a porta com respiração ofegante.

– O que foi Cris?!– Cadixa pergunta.
– Nada...não foi nada.– me levanto e respiro fundo.
– Então tá.– Lorena diz com uma careta .
– Aí gente, vocês podem me dar licença eu gostaria de ficar sozinha um pouco.– elas assentem e Lorena sai seguida por Cadixa que para em minha frente.
– Vai ficar tudo bem, eu estou aqui– ela põe uma mão em meu peito simbolizando meu coração.– com você!– ela diz por fim e a abraço forte com lágrimas nos olhos, saio de seus braços dando um sorriso e ela sai do quarto fechando a porta.

Como amo minhas amigas! O duro vai ser ficar sem elas quando tudo acontecer.. percebo as lágrimas descerem sem permissão e me deixo desabafar ali deitada na cama abafando minha voz com o travesseiro.

O que vou fazer da minha vida! Não sei pra onde ir nem o que fazer, não conheço o mundo lá fora, não sei de nada.

Do nada tudo virou de cabeça pra baixo sem me dar uma saída!!

Estou com medo!

– Cris.– ela diz com voz suave que não dá pra ter dúvidas que é Jina. Olho pra mesma ainda com as lágrimas escorrendo, ela fecha a porta e senta ao meu lado. Faz menção pra eu me deitar em seu colo e assim faço. Continuo a chorar baixinho enquanto ela aliza meu cabelo.
–Shiii! Estamos com você amiga– ela diz tentando me acalmar.
– Eu sei.

Ficamos ali por longos minutos até eu não ter mais água nos olhos pra deixar derramar.

– O que eu vou fazer?– pergunto a ela com voz chorosa
–Se você não achar lugar pra ficar ,talvez podemos conversar com a diretora.
– Nem pensar, ela me odeia.
–Amiga não se preocupe nós iremos te ajudar.

Dito isto ficamos em silêncio até ouvirmos alguém bater na porta, seco as lágrimas e finjo não ter chorado.

A porta é aberta revelando a diretora com uma cara de não ter dormido muito bem hoje.

–Senhorita me acompanhe por favor.– diz olhando pra mim e sai andando, olho pra Jina que me lança um olhar acolhedor e saio indo a direção do orfanato.

Chego e fico em pé mesmo.

– Você é uma mocinha de sorte– diz me deixando confusa.– Você será adotada e ele virá te buscar amanhã mesmo. Pode sair, o resto ele irá te explicar melhor.

Ouço sua palavras com atenção e compreendo saindo. Mas porque isso agora? E eu não tinha que ter um tempo pra conhecê-lo ,sair um pouco e eu nunca o vi e como ele me conhece?... Muito estranho isso.

Mesmo confusa procuro as meninas pra dar a notícia, que aliás são muitas em um dia só!

Acho elas no jardim , Cadixa lendo um livro, Lorena encostada em um toco oco conversando com Jina.

Chego e me sento perto de Cadixa.Elas me olham e ficam em silêncio prestando atenção em mim.

–Vou ser adotada.– falo séria assim como a expressão delas , fito uma por uma e dou um sorriso fazendo elas rirem.
–Que sorte em Cris.
–É. Mas o que foi mais estranho, é que eu não conheço ele e não sei como ele me conhece, e pelo jeito é um homem então...estou um pouco confusa e...com medo.– digo estranhando a situação, é mesmo muito esquisito tudo isso.
–Verdade. Tem caroço nesse angu– diz Lorena.
– Lorena!– Cadixa a repreende.
– É um pouco estranho sim mas não se assuste Cris, pode ser sua única saída pra toda essa situação.– diz Jina com um sorriso e sua voz suave e calma de sempre.
– É Cris relaxa– gargalha Cadixa e me dá um soquinho no ombro.
– Obrigada amoras, não sei o que seria de mim sem vocês.– abro os braços e ela pulam em cima de mim e caimos na grama rindo.

Não trocaria elas por nada nem ninguém nesse mundo, nem minha adoção vai nos separar pois vou vim visitá-los todos os dias.

Passamos a tarde conversando , brincando e falando sobre meu futuro e eu vim aqui para visita-las todos os dias quando não estiver mais morando aqui. E realmente pode ser minha única saída, melhor do que não ter pra onde ir e correr perigo de ficar na rua. Arrumei minhas coisas pois partirei amanhã a tarde.

                                          (...)

– Boa noite amoras– falo e dou um bocejo, por milagre que seja a diretora deixou nós ficarmos esta noite juntas.
–Boa noite Cris– falaram todas um unissono . Sorrio e durmo em paz mas um pouco ansiosa.

Abro os olhos de vagar pela claridade vindo da janela, percebo que as outras ainda dormem.

– Genteeeee acordaaaaaa, Boooom diiiia!– falo alto e elas levantam reclamando me fazendo rir.
– Aí Cristal, aposto que ainda é bem cedo e você nessa.– diz Lorena.
–Alem do mais eu estava sonhando com um bonitão e você estragou isso Cris.– Cadixa diz.
– Aí que preguiça – diz Jina virando pro outro lado.
– Hoje eu vou embora gente, nós temos que nos divertir antes que nos separamos.

Elas levantam e me abraçam em conjunto.

–Bom dia Cris.– dizem juntas com voz de sono.

Nos trocamos e fomos pro jardim, estavam todos lá brincando e sorrindo como nos dias normais, assim que me vêem pulam em cima de mim me fazendo rir e ter uma pontada de tristeza por ter que "deixá-los" .

Eles voltam a brincar e sigo com as meninas para o lago.

Nos sentamos a sua beira e fitamos suas águas rasas e incrivelmente limpas.

–Vou sentir muita falta desse lugar.– suspiro
–Realmente aqui é muito bonito e relaxante.– diz Cadixa
– É– diz Jina e também suspira.
– Oi amoras!– olhamos para Lorena que joga água na gente e gritamos com o toque dos pingos gelado.

Começamos uma guerrinha de água, podemos ter 16 ou 17 anos, mas nossas brincadeiras infantis nunca vão cessar .

Cansadas deitamos na grama molhada uma do lado da outra com as pernas cruzadas.

Ficamos ali horas fitando o céu e comentando sobre o formato das nuvens, estar com elas é como se eu estivesse completa e não precisasse de mais nada, era como se não houvesse amanhã e hoje fosse o único dia pra expressar meu amor por minhas amigas, vai ser bem difícil ir e deixá-las aqui.

Ficamos em silêncio longos minutos e no fundo sou incomodada pra dizer...

– Eu amo muito vocês– digo com água nos olhos.

– Eu também te amo– disseram juntas e por fim uma lágrima feliz desce seguida por um sorriso meu.

Passou-se mais uma hora, nos levantamos sabendo que minha ida já estava próxima, nos abraçamos em conjunto trocando palavras de carinho e chorando.

Não sei viver sem elas, confesso que estou quase fugindo e as levando junto comigo pra bem longe. Só eu e minhas amoras com quem passei toda minha vida, elas sim são minha família de verdade! Nada no mundo é capaz de demonstrar o quanto vou sentir a falta delas bem o quanto as amo e faria de tudo pra tê-las perto de mim, mas por castigo do destino não há nada que eu possa fazer, acho que só estou sendo muito protetora com elas ou seja. Minha família!

Seguimos de mãos dadas para o jardim e de longe avisto a diretora junto com um homem que estava de costas conversando com uma mulher de meia idade.

Meu coração acelera e olhos para as meninas que assim como eu estavam com os olhos molhados diferente de Lorena que já estava fungando, sorrio e uma lágrima desce sem permissão, seco ao chegar perto deles.

– Elas chegaram.– diz a diretora com um sorriso falso o homem vira me fazendo corar . Era sem dúvidas o mesmo de ontem!




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