Ainda corada olho para as meninas e aperto mais a mão de Cadixa.
– Já podemos ir?– pergunta o homem sem tirar os olhos de mim e tento fitar um ponto qualquer no chão.
– Claro. Cristal vá buscar suas coisas!– ordena a diretora e assim faço seguida pelas meninas.
– Estarei esperando no carro.– ele diz e continuo a andar sem olhar para trás e sem responder.Chego no quarto e fecho a porta com lágrimas nos olhos, por algum motivo sinto muito medo. Acho que pode ser por eu nunca ter ido pra outra casa e nem mesmo ter conhecido outras famílias...muito menos sem nem saber o nome de quem está me levando!
– Calma amiga vai ficar tudo bem– me abraça Jina.
– Vou sentir saudades– Jina sai e Cadixa me abraça forte e retribuo da mesma forma.
– Eu também!– digo.
– Tchau amiga, sentirei sua falta.– me abraça por fim Lorena.
– Vou sentir saudades de todas vocês, e não fazem ideia do quanto me farão falta, mas eu prometo que irei visita-las assim que der. Eu amo muito vocês.– digo com voz embargada pegando minha bolsa, elas ficam uma do lado da outra secando as lágrimas enquanto estou parada na porta observando cada gesto que cada uma faz .
– Cristal!– grita a diretora e mais uma lágrima desce em meu rosto, seco de imediato.
– Tchau amoras.– digo .
– Tchau Cris– dizem juntas e depois de dar mais uma olhada no rosto delas saio fechando a porta.Avisto o jardim e nunca pensei que ver ele "pela última vez" daria tanta dor em meu coração assim como deixar minhas amigas.
Chego perto da diretora e abaixo a cabeça, mas sinto sua mão em meu ombro e me viro surpresa.
– Tchau.– ela diz e me abraça, retribuo afinal ela me conhece desde bebezinha pelo que me contaram.
Eu soube que me encontraram aqui na porta do orfanato e a primeira a me achar e cuidar de mim foi ela, soube também que a mesma me protegia e era a que mais ficava comigo quando pequena, não me lembro bem disso, mas lembro que uma vez brincamos juntas em um dia chuvoso, me lembro de seu sorriso ao correr comigo. Mas não entendo, nem lembro o porquê dela ter ficado assim comigo, fria e maldosa. Mas por ela um dia ter se importado comigo retribuo carinhosamente.
Saio de seus braços e ela segura meu rosto com as mãos e noto um pequeno sorriso em seus lábios, continuo a estranhar sua reação mas sorrio e sigo para o portão principal.
Seco mais lágrimas que insiste em cair e tento ser forte para não realizar meu desejo de sair correndo pra dentro do orfanato e me trancar no quarto.
Avisto a limousine preta com detalhes dourados e pelo visto vou ser bem rica...quer dizer...eles são ricos!
Um homem que aparenta ser o motorista estava parado a minha frente pedindo as malas, entrego e ele abre a última porta da limousine. Esito um pouco em entrar mas vejo o olhar impaciente do homem lá dentro e me apresso para entrar.Sento no banco macio branco e fito qualquer ponto que não seja os rostos estranhos que me olham .
O carro começa a andar e quanto mais a velocidade almenta mais frio na barriga me dá.
Afinal estou em um carro estranho indo morar com estranhos em uma casa estranha...em fim, não sei de nada nem conheço ninguém, e o medo fala mais alto ao pensar em perguntar alguma coisa ou em falar algo.
Sem dúvidas estou com mais medo do que dúvida, frio na barriga e minha cabeça está prestes a explodir de tamanha confusão que está.
O meu dia não podia estar pior!
(...)
Olho para as janelas pela centésima vez com a esperança de ter chegado a "minha casa" e sorrio ao ver uma mansão enorme com um mini jardim com arbustos verdinhos dos dois lados de uma escadaria larga e uma rotatória com um chafariz no meio. A limousine da a volta na rotatória e para em frente as escadas de piso branco e grosso. O motorista abre a porta e sou a primeira a sair seguida pelo homem e pela mulher que comigo estavam.
Com a visão melhor do lugar, a mansão aparenta ter dois andares com janelas de vidro dando vista para tudo aqui fora, a mansão é branca com detalhes azuis e a porta é de madeira com detalhes de vidro e mais duas plantas altas de cada lado.
– Calma dexa a menina conhecer o lugar– a mulher diz me tirando a atenção, abaixo a cabeça e pelo canto dos olhos vejo um cachorro de pelos branco,preto, lisos e caídos pelo corpo sentado de língua pra fora olhando pra mim, me subiu um friozinho na barriga mas logo percebi que era inofensivo.
– Chega desta palhaçada estou cansado– diz o homem e sai andando e pra minha surpresa ele me puxa com ele, quase Caio a subir o primeiro degrau.
Ele abre a porta e depois de entrarmos vejo quatro pessoas então ele me solta, a mulher e o motorista chegam e ficam do lado dos outros.
– Esses são os empregados da casa,Ana é a arrumadeira, Alexia é a lavadeira, Roger é o jardineiro, Júnior o motorista , Sandra a cozinheira e Maria sua governanta. É tudo que precisa saber o resto Maria vai te explicar. Tchau– ele diz apontando pra cada um e depois sai ajeitando sua gravata. Já sei que vou demorar um pouco pra acertar quem é quem nessa casa.
E meu Deus, quanta boberinha, lavadeira , passadeira e blá blá blá...já vi que ele é meio nojento, odeio dizer isso mas é o que parece. Sem contar que eu não preciso e nunca precisei de uma governanta afinal vou fazer 18 anos não há necessidade alguma. Aff!
– Seja bem vinda– diz Roger com um sorriso encantador nos lábios,ele aparentava ter uns 29 anos!
– Obrigada!– sorrio tímida.O resto me disse o mesmo e foi fazer seus trabalhos ,agradeci educadamente e a tal governanta me direcionou para meu quarto.
A casa era toda bem decorada com quadros e outros enfeites, os móveis eram brancos e o sofá era em L preto com almofadas vermelhas, no andar de cima ficavam os quartos , a sala de piano e a academia. Subo as escadas pretas de corrimão prata e chegando ao segundo andar, o piso era branco e incrivelmente muito brilhante, nunca pensei que algum dia moraria em um casão desses. E que casão!!
Havia mais quadros com aquelas formas estranhas que dizem ser "arte " nas paredes branquinhas e muito bem limpas sem um arranhão ou furinho se quer. Fiquei até com medo de pisar no chão de tão perfeitinho que tudo era, havia em alguns cantos plantas para decorar o lugar , entramos em um corredor e de um lado tinha portas e no outro que seria uma parede comum, era uma parede de vidro, daqueles que por fora é preto e por dentro dava pra ver tudo, a vista era de uma piscina bem grande e com árvores pra todo lado, fiquei abismada e boquiaberta com este lugar, dava até medo de cair lá embaixo.
Este homem gosta de plantas viu e de branco então...nem fala!
Eu só conseguia sorrir com tamanha beleza vista pelos meus olhos azuis naquele instante.
– Por aqui– ela me tira a atenção segurando a única porta branca daquele belo corredor fazendo menção para eu entrar.
Andei em passos largos mas devagar até ela que me lançou um sorriso, sorri ainda mais quando vi que dormiria em um quarto de princesa e claro...isto aqui é sim um castelo pra mim!
A cama era bem grande coberta por uma coxa rosa bebê, acima da cabeceira tinha aquelas luzinhas que dava um ar fofo pro quarto,a aparência da cama era de ser bem fofinha,e ao seu lado criados mudos com despertador e um abajur.Não vi guarda roupa ou armário, no quarto havia uma porta de correr e outra porta branca, abri a de correr primeiro e era um closet, havia várias roupas de vários tamanhos e cores, muito chiques mas que quase não faziam meu stilo, sem contar que parecia haver mais de cem sapatos entre sandálias , saltos , tênis e sim...tinha muuuuuuitas bijouterias finas!
Sai encantada do closet branquinho e a outra porta era uma suíte. Aqui quase tudo é branquinho e as luzes dava um tom ainda mais brilhante. Em um canto do quarto tinha uma escrivaninha com um notebook e vários livros.
Sorri pra governanta ao terminar de fitar o local e então ela disse.
– Seja bem vinda!
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Cristal
RomanceUma garotinha sonhadora e doce que em sua infância foi largada em um orfanato ainda bebê e sem conhecer seus pais. Ela vive todos os dias de sua vida com a esperança de ser adotada por uma família que realmente a amasse algum dia ou que seus pais vo...