Cap. 4

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Eu fiquei horas olhando aquele pequeno corte em meu pulso e pensei:
"Nossa! Como isso arde." Porém estava me sentindo como se todos os meus problemas estivessem desaparecendo, e então caí em um sono.

—Poul! Tá atrasado pra aula!— gritou meu pai.
Meu pai era um homem honesto, porém não era um homem sempre presente na família, ele trabalhava muito e as vezes deixava agente, um pouco de lado, como de segundo plano.
—Poul! Vou arrebentar essa porta e te dar uma surra daquelas que você nunca irá esquecer!
Então levantei, estava muito mal, parece que dobrou tudo oque estava sentindo ontem. Vesti minha roupa preta com minha calça preta e meu tênis preto. Passei um pouco de lápis só os arredores dos meus olhos e lá se foi Poul, pesado, magoado e isolado.
   Em minha sala sentei-me em uma cadeira no fundo da sala, uma garota  se assentou da carteira ao lado, discretamente fiquei observando ela. Ela era linda, então eu disse:
— Oi! —Com muita vergonha.
— Olá —A voz dela era meiga— Como se chama?— ela disse.
— Poul. E você?
— Me chamo Jeniffer. Então, você é bastante gótico, né?— Então eu disse:
— Não! — falei de um jeito desesperado, mais depois me acalmei quando percebi que estava nervoso. — Só gosto da cor preta mesmo.
  Então o professor de artes entrou na sala, o nosso "assunto" tinha acabado, que pena, ele falou sobre a arte Romana e outras coisas, mais não consegui me concentrar, sempre me pegava olhando para Jeniffer, ela era perfeita.
  No intervalo peguei minha merenda e me sentei sozinho (como sempre), e fiquei reparando todos os alunos, todos tinham seu grupo social, alguns nerds, outros machões e um grupo de meninas. Jennifer estava  neste grupo, ela ficava me encarando, mais depois desviava seu olhar.
Pensei: " Estou sozinho, desamparado, talvez uma sombra de uma alma que morreu porém com o corpo presente."

Auto Mutilação - Heitor RamosOnde histórias criam vida. Descubra agora