Capítulo Onze

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Laviny

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Era exatamente 5 : 00 horas da manhã, plena segunda-feira feira.
Levantei da cama e fui tomar um banho frio para despertar. Hoje estava decidida á procurar um emprego.

Banho tomado, vesti uma roupa confortável e tomei um café preto bem quente.
Estava ansiosa demais para conseguir comer algo.

Estava com um bom pressentimento.

Que Deus me ajude!

....

Fui em sorveterias, lanchonetes, padarias, Até em casa de família, e nada. Sinceramente, estou morta.

Andei em tudo que é lugar e não encontrei nem se quer um " Deixe seu contato, caso precise te ligarei". Nem isso para me deixar se quer um pouco, aliviada e esperançosa.

Aquele dia perdido já bastava para mim!

Precisava urgentemente parar um pouco para descansar. Andei mais um pouco e encontrei uma pequena praça, com algumas mães e crianças brincando.

Tão cedo! Nossa!

Fiquei envergonhada depois dessa.
Eu quando era criança só acordava meio-dia e brigando para ir pro colégio.

Essa geração, é muito louca!

Sentei em um banco afastado dos demais. E refleti sobre o fracasso de hoje que com certeza vai continuar amanhã e a depois de amanhã.

Pensando onde vou pedir esmola, meu celular toca, me fazendo parar de imaginar no que vestir no meu futuro emprego se continuar assim.

Ligação on

- Oi Viny. Que bom falar com você!

- Morielle? - Disse sorridente.

- Como descobriu? - Perguntou contente e continuou. - Tenho uma ótima notícia.

Merda!

- Meu tio quer você de volta no bar! - Falou visivelmente animada.

- Sério? Que bom! - Respondi sem ânimo algum.

Ela parece perceber a minha grande disposição, pois demorou um pouco a falar.

- Certo!. Até amanhã então. Beijo. - Respondeu sem graça.

- Beijo.

Ligação off

......

Cheguei em casa, totalmente esgotada e encontrei Apy sentado no sofá lendo um livro qualquer. Quando entrei parou imediatamente o que estava fazendo e se levantou.

- E então? - Perguntou curioso.

- Nada. A não ser uma ligação de Morielle. Enfim, vou voltar pro bar. - Respondi com um sorrisinho falso de felicidade.

Segui pro quarto encerrando a conversa. Bati a porta com força, fechando-a. Sentei no chão, abraçando os joelhos com os dois braços e comecei a chorar.
Sempre tão forte, tão decidida, sem medo de nada. Fugindo de tudo. Virou um elefante grande e gordo dentro da minha garganta, precisava botar tudo pra fora.

Então chorei como nunca antes tinha chorado. Chorei por essa merda de vida, por essa droga de emprego. Chorei por saudades de casa, dos meus pais, pela situação da minha irmã e eu longe sem poder fazer nada.

....

Não sei quanto tempo fiquei ali no chão, desamparada. Sò sei que pareceu anos, e não tinha mais lágrimas no momento.

Levantei e fui tomar um banho, minutos depois Apy bati na porta, me chamando para comer.

A refeição foi feita em silêncio, estava cansada até para falar e sem saco nenhum para ouvi. Terminei minha refeição e novamente fui para o meu lugar de aconchego, dando um sorriso fraco para Apy, dizendo em silêncio que vou ficar bem.

....

- Bem vinda de volta amiga! - Gritaram minhas colegas de trabalho, assim que entrei no bar.

Sorri para elas, sem dizer uma palavra. Sorriram de volta e cada uma foi pro seu posto, sem me perguntar nada. O que eu agradeci mentalmente a todas.

Sentei em um banco perto do balcão quando ouvi um cliente fazendo gestos.

- Aqui gostosa! - Gritou um cara da mesa para mim.

Caminhei até o sujeito, e perguntei o que queria.

- Um boquete com maestria. - Respondeu enrolando a língua.

Idiota!

- O que o senhor deseja? - Perguntei novamente com o resto da minha paciência que ainda tinha.

- Você é surda cretina? - Gritou novamente. - Quero um boquete, e bem babado.

Ele se levantou e chegou bem perto de mim .
O senhor MeccBy estava descendo as escadas do seu escritório, quando viu o cara pegando no meu braço com força. Andou depressa, se pondo entre mim e o tarado.

- Fala ae pra sua garota que eu pago bem. - Disse olhando para o senhor MeccBy que permaneceu calado.

- Já chega! - Gritei alto e em bom som, chamando a atenção das poucas pessoas que havia alí, me livrando do seu aperto. - Seu babaca!. - Disse e lhe dei um murro no olho. - Prostituta é aquela puta que te botou no mundo.

O senhor MeccBy me segurou, para não avançar mais no rapaz, que chingando se retirou e foi para outra mesa cabaleando, como se nada tivesse acontecido.

- Me solta!. - Gritei na cara do senhor MeccBy. - O senhor também é um babaca, ver todos os dias, e todas as horas sermos assediadas e tiradas como puta, e a única coisa que faz é ficar olhando, como um velho babão que é.

O senhor MeccBy e todos os demais assistindo a confusão. De olhos esbugalhados, menos ele. Esse mantía uma postura inabalável.

- Para Viny. Não faz isso. Todas nós passamos isso. Tif também sofre isso tanto quanto você. - Morielle falou ao meu lado.

- Mas olha gente, até a sobrinha do dono e humilhada, e o que ele faz? - Disse olhando para ela. -Nada!. - Falei e continuei.- Tif tem um filho para cuidar, por isso tal sacrifício. Eu não preciso dessa merda! - Cuspi as palavras com muita raiva.

- Senhorita Copillan, Vai para casa e esfria sua cabeça. Depois conversamos. - Falou o senhor MeccBy.

Ri. Ri muito e tive um olhar reprovador do velho.

- Me demito! - Respondi séria agora. - Tou fora desse inferno!

E sai porta a fora sem dá tempo algum, para tentarem me convencer do contrário.

Andei algumas quadras, sentindo o ar fresco. Ri sozinha. Parece que tirei um peso enorme das minhas costas. É como se estivesse me libertado de algo que puxava para baixo e agora consigo respirar por não está mais lá no fundo. A muito tempo não sentia isso, não ria de verdade.

Aquele emprego era um fardo!

Sorrindo a tòa, caminhei para pegar um ônibus em outro ponto, bem longe daquele lugar. Não queria mas, se quer, lembrar dali.

Eu sei, meu sustento durante anos foi tirado de lá, eu sei muito bem disso. Não estou me desfazendo, e muito menos cuspindo para cima. Apenas quero distância, aquele lugar já deu o que tinha que dá.

Estava feliz. Desempregada de novo, mas, feliz.

Austin? Está livre?

Mensagem enviada.

E minha noite estava alí, apenas começando . . .

Sempre a sua disposição Viny.

. . . E ela promete muito.





*
Continua . . .

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