"Não sei por que, mas você é a primeira pessoa com quem eu gostaria de dividir todos os meus momentos bons!"
O celular de Ângela tocou fazendo seu sorriso sumir; era o irmão querendo saber da conversa delas.
— Ainda estou conversando com ela, Anselmo. Calma. Escuta, você a mandou sair do corpo de bombeiros. Você enlouqueceu?
— Eu fui transferido para lá, não podia ir sozinho e apenas me certifiquei... É pro bem dela, Ângela. Acredite.
— Isso não se faz, Anselmo — repreendeu, aborrecida. — Preciso desligar, depois nos falamos. E o senhor vai me ouvir, nem adianta fazer drama. — Ofegava quando disse a última frase e desligou sem esperar resposta do irmão.
Ângela suspirou profundamente. Olhou para Fabí e segurou sua mão em apoio. Abraçou a cunhada carinhosamente.
— Vou gostar de tê-la por perto! — disse por fim.
— Obrigada. Agora preciso trabalhar. — Afastou-se sem fitar os olhos da médica. — E você deve ser muito exigente, pois linda desse jeito eu teria um monte atrás de mim. — Beijou-a no rosto e saiu.
Sorrindo, Ângela meneou a cabeça e observou-a sair. Não sabia de onde vinha a química que nasceu entre elas, mas estava gostando muito da ideia. Seriam grandes amigas.
∞
Fabí, sentindo-se a pior pessoa do mundo, deu entrada no pedido de exoneração do Corpo de Bombeiros.
— Pense bem, sargento! Peça uma transferência, uma licença, mas exoneração acho muito radical. Afinal você só vai para outro estado — aconselhou o diretor de gestão de pessoal do batalhão.
— Eu sei — disse sentindo uma pressão na garganta, só queria correr dali. — Mas já decidi. Obrigada pela preocupação.
— Está acontecendo algo? Você deseja conversar com alguém a respeito? — insistiu.
— Não. Já fui à secretária, só preciso dar andamento — garantiu sem fitar os olhos do superior.
O procedimento de desligamento dela da corporação correria e teria até quarenta e cinco dias para ser publicado, finalizando sua estadia naquele cargo. Fabí estava anestesiada com tudo aquilo. Saiu do batalhão com lágrimas de ódio nos olhos, levando suas coisas. Uma sensação de impotência tomou conta de seu corpo. Colocou seus pertences no carro e tentou se recompor. Pegou o celular, ainda trêmula, e ligou para Anselmo, o delegado não atendeu. Então ligou para Ângela.
— Onde você está? — perguntou a médica. — Encontro você — garantiu, preocupada com o tom de voz da cunhada.
— Estou querendo morrer de raiva. Vou para a minha casa, obrigada, mas não precisa vir me encontrar. Achei que Anselmo estivesse com você.
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As Vidas de Um Amor (Degustação)
SpiritualROMANCE ESPÍRITA SÁFICO ♀+♀ Ângela é uma médica de família rica e tradicional, mora no Rio de Janeiro. Independente e bem-sucedida, se vê sentindo algo inusitado, algo fora dos padrões que a sociedade estabelece. Algo abominável aos olhos de muitos...