10 - Fabi

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"Sei que vamos nos reencontrar um dia, mas até esse dia chegar eu fico aqui e essa distância me mata um pouco a cada dia!"

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"Sei que vamos nos reencontrar um dia, mas até esse dia chegar eu fico aqui e essa distância me mata um pouco a cada dia!"



Quando Fabí tinha cinco anos de idade, machucou o joelho ao cair na rua quando brincava com os amigos e o irmão. Pedro estava no quarto da filha, já na cama. Depois de cuidar de seu ferimento, o homem resolveu contar uma história para que dormisse logo. A menina adorava ouvir as histórias do pai.

—...Linda como a noite, lábios vermelhos como sangue, cabelos negros como o ébano e perfeita como uma princesa. Se você adivinhar quem é essa, o pai vai dar aquela boneca que você quer.

— Branca de Neve! — a pequena Fabiana respondeu feliz com sua vozinha rouca.

— Não — Pedro respondeu, fingindo decepção. — Essa é você, meu amor.

— Ah, papai...

— Feche os olhinhos, vou contar a história de uma linda princesa.

Pedro nunca lia: sempre contava as histórias que já tinha lido ou as inventava na hora.

Fabí era brincalhona e briguenta ao mesmo tempo. Carinhosa e rígida. Pedro alimentava seus sonhos, mas era ríspido quando precisava ser e extremamente carinhoso na maior parte do tempo.

Pedro era um negro alto, casou-se com Laise, uma dinamarquesa ruiva, quando foi à Alemanha com um grupo de operários da empresa na qual trabalhava. Ele era o chefe do grupo enviado ao exterior.

Laise se encantou por ele. Pedro media quase dois metros de altura, gostava de correr na praia, nadava todos os dias. Muito gentil e educado, era cobiçado pelas mulheres. Mas aquele dono de sorriso branco e voz grave, apaixonou-se no primeiro instante pela bela dinamarquesa, introspectiva e séria.

— Ela é linda: cabelos ruivos, olhos muito azuis, magrinha, parece uma boneca — Pedro comentara com um companheiro de viagem.

— Deve ser filha de algum magnata da cidade, do tipo que promete a filha — Alceu disse, tentando desiludir o amigo.

— Essas coisas não existem mais — disse Pedro com os olhos brilhando. — Década de setenta, modernidade. Santa modernidade!

Alceu não estava errado. Laise estava realmente prometida. Mudara-se para Hamburgo com a família quando ainda era criança. Era de uma família tradicional e seu pai fizera negócios com o pai de seu noivo.

Encontrava-se às escondidas com Pedro, que passaria três meses no país. E ela se casaria em quatro meses. Antes de Pedro voltar ao Brasil ela decidiu que seria dele para sempre. Deixou uma carta para o pai e se mudou para o acampamento de Pedro.

Antes de os dois viajarem para o Brasil, Kylie, pai de Laise, foi buscá-la com a polícia. Era menor de idade e não podia viajar. A pedido dela, ele não denunciou Pedro.

As Vidas de Um Amor (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora