Capítulo 5

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Isabella

Sou arrancada do meu transe por sons muito altos de sirenes, graças a Deus, a ajuda chegou, minha descoberta dá lugar a um desespero maior ainda, assim começo a rezar em pensamento e pedir com todas as minhas forças para que ele ficasse bem, tinha que ficar bem.

— O que houve, senhora? — indaga o paramédico ao encostar no meu conhecido desconhecido, já que eu não sabia nem o seu nome, mesmo tendo passado horas ao seu lado e até ter brigado por mim.

— Um carro acertou eles em cheio, mas fugiu sem prestar socorro. — minha voz sai mais tremula do que eu esperava.

— E as crianças?

—Acho que não sofreram nada, só estão muito assustados. — assente enquanto coloca o colar cervical no meu vizinho de poltrona.

— O estado dele parece grave. — comenta e meu coração gela ao ouvir essa notícia. — A senhora está com eles?

— Sim, quero dizer...

— Papai, papai! — os meninos começam a chorar novamente ao verem o pai ser colocado em uma maca desacordado.

— Calma, meninos, vai ficar tudo bem, ele vai ser medicado agora e logo o papai vai ficar novinho em folha. — prometo sem ter certeza alguma das minhas palavras.

— Vocês estão bem? Bateram em algum lugar? — outro médico pergunta ao examinar os dois.

— Eles estão bem. — respiro aliviada com a constatação real do médico, ele solta o maiorzinho da cadeirinha que vem para o meu lado e logo pega o menor no colo.

— Temos que ir, a senhora pode vim com as crianças na ambulância.

—Eu não posso. — lembro-me que meu voo sai em poucas horas.

— A senhora está ou não está com eles? Porque senão estiver temos que chamar uma assistente social.

—Eu... — o maior agarra-se a mim e o menor, chora no colo do outro médico, enquanto joga-se para mim, eu não sei o que fazer, não posso perder meu voo.

—Papai, eu quero o papai! —mas, não posso deixá-los sozinhos com qualquer pessoa, eu devo isso ao pai deles.

—Eu... estou com eles! —afirmo decidida. —Vamos, o papai não pode ficar sozinho, temos que tomar conta dele. —eles assentem e entramos na ambulância.

Estou sentada com o menor no colo e o maior agarrado a mim sentado ao meu lado.

Eles não param de olhar o pai que ainda está desacordado com a máscara de oxigênio sobre o rosto e alguns eletrodos em seu peito, meu desespero só aumenta, a vontade de chorar só crescia, mas preciso me controlar, não podia desabar na frente das crianças.

Por favor meu Deus, não faz isso, não o leve, esses dois anjinhos precisam de um pai, não é fácil viver sem um, eu sei o que estou dizendo, então por favor, não o tire deles. Deus, por favor.

Peço com toda a minha fé, eles são tão pequenos e indefesos, isso não pode acontecer, não seria justo.

*

— Direto para a tomografia! — grita o paramédico para a equipe que já esperava a ambulância, eles descem a maca e correm para dentro do hospital. Sigo atrás com os meninos, um no colo e o outro pela mão, tentamos acompanhar a maca, não queria perde-lo de vista.

— A senhora não pode entrar, aguarda aqui, assim que possível, traremos notícias. — assinto e me encaminho as poltronas de espera.

— Vai ficar tudo bem. —prometo mais uma vez, tentando convencer a mim mesma.

Minha Sentença é VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora