Enquanto caminhava para longe de Leoric, Jasmine apareceu e voltei para casa com ela exclamando sobre a minha coragem em beijar um rosto horrendo como aquele. Sinceramente, eu só conseguia enxergar alguém maravilhoso, cheio de dor e sofrimento. E ele não é tão repugnante assim, tem olhos muito bonitos – eu lhe disse e ela fez aqueles sonzinhos de repugnância.
Jasmine era a fadinha azul que segui quando criança, ainda se parece exatamente como a conheci e pelo que pude observar dos desenhos da tia Josi, ela continua a mesma por setenta anos, então conclui que fadas não envelhecem como nós, elas são criaturas eternas.
Cheguei em casa e fui direto ao quarto da tia Josi, ela estava sentada diante da janela com o olhar perdido.
__Oi tia, já jantou?
__Sim, ela comeu tudinho. – Renata falou ao fechar a revista que estava lendo. __Vamos Josi, vamos para a cama, já está escuro lá fora, não tem nada mais para olhar.
__Deixa ela aqui mais um pouco. – eu disse __À noite o jardim fica cheio de vagalumes, a tia Josi gosta de vê-los.
__Tudo bem então. Eu vou tomar um banho e depois a coloco na cama. – ela saiu e eu me sentei perto da cadeira de rodas da titia.
__Tia, - retirei o colar do bolso do jeans e coloquei em sua mão. __Leoric quer que fique com o colar.
__Shim, - ela disse __ele falou quando feio me fer.
__Tia, acho que ele ainda te ama.
__Eu shei, mas eu to felha. – ela colocou o colar de volta em minhas mãos.
__Acho que ele não liga pra isso. – falei olhando em seus olhos nublados.
__Isha, - ela falou e cuspiu saliva, peguei o lenço e sequei sua boca. __filha, eu to felha, fou morrê logo.
__Não, não diga isso. – senti as lágrimas pinicarem meus olhos e ela passou os dedos em meu cabelo, ela fez aquele som gostoso quando acalentamos alguém.
__Shiii, shiiii. – nesse instante Renata voltou.
__O que houve? – ergui a cabeça do colo da tia Josi e sequei rápido minhas lágrimas.
__Eu, eu estou me despedindo. – falei engasgando.
__Mas logo terá acabado o ano e voltará para junto de sua tia.
__É eu sei. – Renata me deu aquele olhar de compaixão, ela sabia tanto quanto eu que tia Josi estava perto do fim.
Fui para meu quarto e arrumei minhas coisas, sairia cedo no dia seguinte. Demorei a dormir e tive sonhos confusos, eu estava em um lugar arborizado e cheio de flores, pessoas esguias, elegantes e diáfanas caminhavam pelo local, elas eram tão belas. Algumas tinham os cabelos negros como a noite sem estrelas, outros tinham cabelos dourados como fios de ouro e alguns vermelhos tão vivos que doíam os olhos ao se olhar. Alguns se pareciam com animais e outros estavam cobertos de flores e musgos como se fossem parte de alguma planta ou arbusto.
Caminhei sem saber para onde ia e vi um local grande, como um grande salão feito de árvores e sob elas, era tudo tão diferente, as construções se misturavam a vegetação, era difícil dizer o que era casa e o que era planta. A sensação de opressão tomou conta de mim e um temor me dominava, algo estava errado, meu coração batia descompassado e acordei sobressaltada e no canto do meu quarto ele me observava.
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Sombra da Noite
FantasyIsadora é órfã, tímida e solitária, divide seu tempo entre a escola e a casa de sua tia avó Josi. Ela mora em Bosque Profundo, uma cidade pequena, onde criaturas míticas habitam seu quintal. Fadas, elfos e ninfas serão seus companheiros e melhores a...