Capítulo 4

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Enquanto caminhava para longe de Leoric, Jasmine apareceu e voltei para casa com ela exclamando sobre a minha coragem em beijar um rosto horrendo como aquele. Sinceramente, eu só conseguia enxergar alguém maravilhoso, cheio de dor e sofrimento. E ele não é tão repugnante assim, tem olhos muito bonitos – eu lhe disse e ela fez aqueles sonzinhos de repugnância.

Jasmine era a fadinha azul que segui quando criança, ainda se parece exatamente como a conheci e pelo que pude observar dos desenhos da tia Josi, ela continua a mesma por setenta anos, então conclui que fadas não envelhecem como nós, elas são criaturas eternas.

Cheguei em casa e fui direto ao quarto da tia Josi, ela estava sentada diante da janela com o olhar perdido.

__Oi tia, já jantou?

__Sim, ela comeu tudinho. – Renata falou ao fechar a revista que estava lendo. __Vamos Josi, vamos para a cama, já está escuro lá fora, não tem nada mais para olhar.

__Deixa ela aqui mais um pouco. – eu disse __À noite o jardim fica cheio de vagalumes, a tia Josi gosta de vê-los.

__Tudo bem então. Eu vou tomar um banho e depois a coloco na cama. – ela saiu e eu me sentei perto da cadeira de rodas da titia.

__Tia, - retirei o colar do bolso do jeans e coloquei em sua mão. __Leoric quer que fique com o colar.

__Shim, - ela disse __ele falou quando feio me fer.

__Tia, acho que ele ainda te ama.

__Eu shei, mas eu to felha. – ela colocou o colar de volta em minhas mãos.

__Acho que ele não liga pra isso. – falei olhando em seus olhos nublados.

__Isha, - ela falou e cuspiu saliva, peguei o lenço e sequei sua boca. __filha, eu to felha, fou morrê logo.

__Não, não diga isso. – senti as lágrimas pinicarem meus olhos e ela passou os dedos em meu cabelo, ela fez aquele som gostoso quando acalentamos alguém.

__Shiii, shiiii. – nesse instante Renata voltou.

__O que houve? – ergui a cabeça do colo da tia Josi e sequei rápido minhas lágrimas.

__Eu, eu estou me despedindo. – falei engasgando.

__Mas logo terá acabado o ano e voltará para junto de sua tia.

__É eu sei. – Renata me deu aquele olhar de compaixão, ela sabia tanto quanto eu que tia Josi estava perto do fim.

Fui para meu quarto e arrumei minhas coisas, sairia cedo no dia seguinte. Demorei a dormir e tive sonhos confusos, eu estava em um lugar arborizado e cheio de flores, pessoas esguias, elegantes e diáfanas caminhavam pelo local, elas eram tão belas. Algumas tinham os cabelos negros como a noite sem estrelas, outros tinham cabelos dourados como fios de ouro e alguns vermelhos tão vivos que doíam os olhos ao se olhar. Alguns se pareciam com animais e outros estavam cobertos de flores e musgos como se fossem parte de alguma planta ou arbusto.

Caminhei sem saber para onde ia e vi um local grande, como um grande salão feito de árvores e sob elas, era tudo tão diferente, as construções se misturavam a vegetação, era difícil dizer o que era casa e o que era planta. A sensação de opressão tomou conta de mim e um temor me dominava, algo estava errado, meu coração batia descompassado e acordei sobressaltada e no canto do meu quarto ele me observava.

Sombra da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora