Capítulo 6

23 7 1
                                    



Não voltei ao bosque e Leoric não voltou a aparecer em meu quarto. Às vezes Irmã Margarida me telefonava e conversávamos sobre tia Josi e sobre mim, mas eu me sentia sozinha mesmo assim. O natal se aproximava e passei mais tempo com Raquel, ela costumava vir a minha casa quase todas as tardes.

__Vamos até a cidade vizinha comprar presentes? – ela me convidou.

__Seria bom dar uma volta. – respondi, mas não sabia ao certo o que compraria.

Raquel dirigia bem, ela era calma e atenciosa e ao chegarmos a Vila Verde, ela parou o carro em um estacionamento e fomos em busca das lojas. Raquel estava cheia de bolsas enquanto eu levava um lenço de seda para Renata, uma camisola para tia Josi, um kit de maquiagem para Raquel e uma camisa para o Rafa. Fiquei horas tentando pensar em algo para Leoric, mas sinceramente, elfos comemoram o Natal? Acredito que não.

Voltei para casa ouvindo Raquel comentando sobre a faculdade que cursaria no ano seguinte.

__Decidi cursar pedagogia, quero trabalhar na escola com crianças especiais.

__Isso é muito bonito Raquel, eu não sei se tenho esse dom.

__O que você decidiu fazer?

__Não sei.

__Não fez inscrição?

__Não.

__Mas Isadora, você vai fazer o quê durante todo o ano que vem? Não me diga que vai voltar para aquele convento?

__Claro que não! – exclamei, mas no fundo pensei, até que não seria má ideia.

__O Rafa quer ficar noivo.

__De quem? – gritei em choque.

__De você é claro! Ainda não percebeu que ele te ama?

__Mas não acha que é muito precipitado?

__Acho que ele quer se casar; você sabe, constituir família. Essas coisas bem antigas, a cara do Rafa. – suspirei alto e ela riu, então ela voltou a falar. __Deveria fazer algo ligado às artes, você desenha bem.

__É de família, tia Josi também desenha, desenhava.

__Precisa me mostrar seus desenhos.

__É. – concordei. Que loucura! O que ela diria se soubesse que meus desenhos são reais?

Na véspera do Natal Renata tentou nos alegrar, ela havia enfeitado a casa com enfeites natalinos e fez uma comida especial. Enquanto a ajudava a arrumar a mesa, perguntei sobre sua família.

__Você não tem família?

__Não tive filhos e meus pais já morreram.

__Você nunca tira folga. - Comentei.

__Não tenho para onde ir. – ela falou um pouco triste.

Depois que tia Josi jantou sua comidinha especial, nós jantamos e trocamos presentes. Renata agradeceu o lenço e logo o envolveu nos ombros. Ela me presenteou com uma boina de tricô que ela mesma fez e pra tia Josi, um par de meias para manter os pés aquecidos, apesar de estarmos no verão, Bosque Profundo era frio à noite.

Sombra da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora