Freak

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... Baby if you wanna leave
Come to California, be a freak like me, too

(Meu amor, se você quer ir embora
Venha para a Califórnia
Seja uma aberração como eu, também)

Escola Americana é um verdadeiro inferno. Ou você odeia, ou é odiado, ou você simplesmente vira o foda-se, mas também tem a opção de ser temido por todos, eu acho. Não é tão diferente do que a gente vê nos filmes, é mais real e menos exagerado, mais calmo e menos teatral. A instituição é enorme, tem tudo, de piscina, campo de futebol até auditório e teatro, totalmente diferente da minha realidade no Brasil, não que eu esteja desprezando o lugar que me criou, mas aqui é tão à frente, e com os impostos que compram lá, podiam ter escolas assim.

Me sento finalmente na sala onde eu teria a minha primeira aula do dia, aula de inglês. Mas que adaptação maravilhosa, gr! Na primeira semana, eles me trataram como se eu fosse um alienígena, e agora me ignoram completamente, só lembram da minha existência porque o professor insiste em que eu responda os exercícios junto com ele, e também para fofocar, esse povo fofoca mais que as velhinhas que ficavam sentadas no portão de casa lá no meu bairro, porque os cochichos nunca param.

O sinal finalmente tinha tocado, e eu já estava do lado de fora me preparando para ir embora, quando escuto alguém gritar em minha direção.

– Ei garota da jaqueta!

– Ham? - pego meu skate do chão e olho

– Você mora aonde?

– Epa, nem te conheço e quer saber onde eu moro?

– Temos que fazer trabalho juntos.

– Mas que trabalho?

– Trabalho de física, você tava ocupada dormindo em aula e me sobrou para dupla.

- Ahh tá, se você quiser eu faço.

– Mesmo? Nossa, obrigado. Mas de onde você é mesmo? Seu sotaque não é daqui do Estados Unidos.

– Claro que não né, as formulas mudam as letras por causa da tradução e eu to muito avoada com isso ainda, vou precisar de ajuda, e sim eu sou, só morava fora.

– Então tá bom senhorita americana, preciso desse trabalho.

– Podemos fazer amanhã depois da aula.

– Por que não hoje? - disse o garoto que eu nem sabia o nome, o qual parecia estar no primário com a carinha de bebê que ele tinha

– Por que eu te conheci agora, não vou indo fazer trabalho com estranhos. Brincadeira, eu tenho coisas pra fazer.

– Tá bom, como é seu nome mesmo?

– Marisol. Está apertado com notas, é?

– Sou Derek. Estou sim Mari, preciso de nota. - Mari? Essas pessoas!

– Eu também preciso, então acho que podemos até estudar juntos ne? Você pode me passar o que você tem e eu ajudo com a minha inteligência.

– Wow, olá Einstein!

– Que engraçado. - digo e o vejo soltar uma risada

– Eu te pago um almoço, vamos?

– Queria poder ir mesmo, estou com fome, mas tenho que ir pra casa.

– Até amanhã então, Mari.

– Até amanhã, Derek.  - riu e pego meu skate, indo em direção à casa de Emily, que agora também é minha, tenho que me acostumar com isso.

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