— Qual é o seu maior sonho atualmente?
— Talvez conseguir com que as pessoas escutem e gostem da minha música.
— É, você ainda tá me devendo, precisa tocar alguma coisa pra mim, sabe?
— Isso seria como pagamento por ter dormido no apartamento emprestado?
— Pode ser isso mesmo.
— Mas e você? Qual é o seu sonho?
Seria voltar a viver como tudo era antes? Ou talvez começar algo do zero, fingindo que nada aconteceu?
— Ruiva, olha! – o afastei do comerciante que estava carregando um carrinho cheio de mercadorias, e subi na calçada tentando assaltar o sorvete de casquinha que estava na mão dele.
— Eu vou te denunciar, assalto é crime.
— HAHA, engraçado. Nem brinca com isso.
Ele riu, e me entregou um panfleto. Era um show da banda dele, e pelo incrível que pareça, também teria o show da banda que ouvi umas meninas falarem, "Gun's n' Roses", a banda dele deveria ser uma das outras três que estavam no panfleto, mas não me importei a perguntar, estava hipnotizada pelos seus olhos enquanto falava sobre como gostaria que eu fosse.
Eu sabia que ele era comprometido, e eu não deveria dar em cima dele, e de verdade, não estava fazendo isso e nem queria, ele parecia ser uma das únicas pessoas que eu podia contar, a outra era eu e o Peter. Tudo bem que brigamos por eu ter levado um desconhecido para o apartamento dele, eu até entendo, mas eu realmente só tinha essas duas pessoas, e não queria estragar tudo agora.
— Vou pensar no seu caso, você não está merecendo muito a minha bondade, e eu duvido que esse show ai vai acontecer com os seus amigos querendo comer você vivo.
— Sol, eu já disse que resolvi o problema.
E eu sabia que ele era infiel.
— Prometendo que não vai mais comer as namoradas deles? Essa é qual já, a terceira?
— ... por aí.
Me segurei em seu braço esquerdo e comecei a rir. Parei para olhar uma vitrine que tinha uma bota estilo anos 70 que chamava a minha atenção.
Ainda não tinha dinheiro o suficiente para ficar gastando com essas coisas, eu guardava qualquer migalha que sobrava para comprar uma guitarra nova.
— Combina com você.
— Como uma squier.
— Ew, você gosta disso.
— Sim, eu sou uma vagabunda marítima.
Que ótima maneira de mudar de assunto.
— Qual é a analogia?
— É que toda vez que toco em uma squier eu sinto que não conectei no amplificador e sim em um copo d'água.
Caminhamos mais um pouco, e ele me deixou em casa. Dessa vez, ele não subiu, disse que tinha que manter a imagem de bom amigo em casa, e eu concordei, porque deveria fazer o mesmo com Peter.
Ele ficou me olhando entrar, e quando cheguei no apartamento, fiquei o olhando andar até onde não conseguisse mais ver seus cabelos vermelhos.
Peter não demorou a chegar, e conversamos mais sobre visitantes e ele disse que não queria brigar, só me ajudar.
Ainda desconfiava, porque parecia que a qualquer momento ele iria pedir alguma coisa de mim, tipo o meu corpo.
Quando acordei no dia seguinte, perguntei se não tinha mais nada que eu pudesse fazer em troca de dinheiro. Nós dois rimos, e ele me emprestou um violão.
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Liberdade
Fiksi PenggemarUma adolescente estadunidense criada no Rio de Janeiro nos anos 80 se sente dividida entre suas duas nacionalidades, e decide largar tudo o que tem para voltar para o país em que nasceu, só que em uma cidade diferente com pessoas completamente estra...