16 - BANHO DE GELO

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Não sei por quanto tempo dormi, só sei que estava aconchegada nos braços de Matt quando abri os olhos. Lembro que não muito depois de ter pego no sono, Matt já dormia também e seu telefone tocou. Ele atendeu sonolento e ofegante, tinha se assustado com o toque. Não sei quem ligou, mas ele nem se moveu, para não me tirar de cima de seu abraço. Os primeiros raios de luz do dia adentravam pela janela e eu me sentia em casa naquele abraço. Sorri. Sorri por estar ao lado de alguém que gosto, de ser tratada com carinho, por estar me sentindo desejada e de alguma forma, amada. Sinto no Matt coisas que nunca senti vindo de nenhum outro homem. Ele me faz bem de uma forma que ele jamais poderia imaginar. Mas calma, é muito cedo e quando for a hora, eu talvez expresse todos esses sentimentos.

Me desvencilhei de seus braços com cuidado e fui ao banheiro. Matt parecia ter um sono pesado e eu não o acordei quando levantei da cama.

Peguei uma toalha no armário e tomei um banho demorado, lavei os cabelos e após me secar, escovei os dentes pra saudá-lo com um beijo fresco assim que ele acordasse. Sorria para o espelho enquanto escovava os cabelos, mas o riso fácil foi murchando quando comecei a pensar com o que provavelmente teria de lidar durante o dia de hoje. Recém é terça-feira e minha semana parece uma loucura.

Ouvi uns baixos gemidos vindo do quarto e conclui que Matt deveria ter acordado. Vesti uma camisa dele que estava no banheiro e fui ao seu encontro.

Ao chegar na beirada da cama, me deparei com um Deus grego dormindo. Ele tinha tirado o lençol de cima de seu corpo, talvez com calor, ou pra me provocar... Deixando seus músculos a mostra. Santo cristo, que vontade de me atirar em cima desse homem.

Engatinhei em cima da cama e fiquei bem próxima a ele, passei uma mão delicadamente em sei peito e depositei um beijo carinhoso em sua bochecha. Ai que arrependimento.

-Lana... - Ele sussurrou ainda dormindo.

Senti como se um balde de gelo tivesse atingido meu corpo após passar um mês caminhando no deserto. Quem era? Que nome era esse? Porque ele falava aquele nome dormindo? PRINCIPALMENTE quando eu passei uma noite inteira ao seu lado. Senti meus olhos molharem, lágrimas teimosas vieram ao canto dos meus olhos e eu as deixei cair em silêncio. Murchei totalmente e me retirei da cama com cuidado. Existia alguém na vida dele que eu não conhecia? Ai que dor, que dor meu coração me fazia sentir naquele momento. Eu não tinha esse direito, mas estava com muita dor.

Retirei sua camisa e procurei por minhas roupas. Sem avisar peguei minhas coisas e saí do apartamento, deixando pra trás apenas pedaços do meu coração que tinham explodido no momento que aquele nome saiu de sua boca.

Chamei um táxi quando descia as escadas e ao chegar na portaria, ele já me esperava.

- Na Lexington ave, por favor. - Pedi em um resmungo.

Após uns 30 minutos, eu havia chego em casa. Paguei a corrida e agradeci ao motorista com um sorriso. Busquei minhas chaves na bolsa e adentrei o prédio. Olhei a tela do celular e ainda eram cinco da manhã, o que me dava calafrios só em pensar, que o dia mal tinha começado.

Quando entrei no apartamento Lilly veio ao meu encontro com o rabo a balançar, acoando bastante.

- Hey garota! Não faça isso, vão nos expulsar do prédio. - Falei me abaixando quase a sua altura, acariciando seus pelos.

Enquanto me via alí abaixada com minha cachorra, a imagem de Matt falando o nome de outra apareceu na minha cabeça. Sabe, eu sou uma pessoa bem centrada, tenho pés no chão e não sou uma idiota em pensar que um homem como Matt Ortega nunca teve um passado. Eu não sou ingênua a esse ponto.

O que me machuca é ter escutado esse nome quando ele dormia ao meu lado.

Servi ração à Lilly e fui para meu quarto, deitei em minha cama abraçada à um travesseiro e me deixei levar pelas emoções. Chorei. Chorei tanto que achei que desidrataria, mas não. A gente sempre acha que vai morrer quando alguma coisa ruim acontece, mas, depois de chorar e chorar mais, de Lilly me lamber tentando me reconfortar, consegui raciocinar melhor. Antes de ter todo esse ataque de pânico, de achar que minha vida estava acabada, eu tinha que perguntar a ele, coisa que deveria ter feito no momento que ele chamou por ela.

Respirei fundo, já eram quase 8 horas, precisava dar um jeito naquela cara. Fui até o banheiro, ajeitei meu cabelo, depois de lavar o rosto com a água fria, passei uma maquiagem leve apenas para disfarçar as olheiras. Passei rímel, blush e um batom nude, só pra dar uma corzinha.

Fui até a cozinha, arrumei umas frutas para levar ao trabalho e me desedi de Lilly. Hoje finalmente ela teria o primeiro passeio com Nana, uma garota da vizinhança que passeia com cachorros. Lilly tem ficado muito tempo sozinha e depois que encontrei o anuncio de Nana e falei com ela por e-mail, fiquei mais tranquila quanto aos seus passeios. Porém Nana estava viajando por causa de problemas de família e retornava hoje. Espero que não esqueça da Lilly.

- Hoje sua melhor amiga, depois de mim, chega de viagem! Garanto que vão passar um tempão juntas. - Pesquei para Lilly afagando seus pelos.

8;10 em ponto... Peguei minha bolsa e saí chaveando a porta. Até as nove, eu teria tempo de caminhar calmamente até a Carter.

Desde que tinha chego em casa, meu telefone tinha permanecido dentro da bolsa, então não tinha visto, mas haviam mais de 10 mensagens recebidas e 15 ligações não atendidas. Meu coração veio parar na boca. Achei que tivesse acontecido algo com algum conhecido para ter tanta procura, mas ao abrir, descendo as escadas, percebi que todos eram de Matt.

Comecei a ler as mensagens uma a uma.

6:30

"Porque você foi embora?"

Ele provavelmente me mandou essa depois de acordar e ver que eu tinha saído.

6:40

"Ellie me atende, estou muito preocupado."

6:45

"Ellie pelo amor de Deus, onde você está?"

6:50

"Já liguei pra você mais de 10 vezes, vou ligar pra polícia."

7:15

"Espero que você não esteja vendo meu desespero sem me dar uma explicação."

7:20

"Ellie o que aconteceu?"

7:33

"Porque não atende esse maldito telefone."

Eu já estava me sentindo culpada.

7:48

"Estou saindo de casa, indo pra sua, espero que esteja lá."

Meu coração pareceu ter esquecido de bater.

7:55

"Parei para abastecer a moto e estou chegando."

8:00

"O prédio está trancado por fora, abre pra mim!!!!"

OH MEU DEUS, ele estava no meu prédio? Isso era tudo que eu precisava, mais drama antes de um dia duro de trabalho.

Desci desanimada, porém com o coração na boca e ao chegar na porta, ví um Matt desesperado do outro lado do vidro.

Seu rosto aliviou e logo se tornou sombrio. Acho que estava com raiva, afinal eu tinha meu celular na mão.

- PORQUE NÃO ME ATENDE? - Perguntou alto com uma mão no vidro.

Fiz sinal para que ele se acalmasse e passei a chave, para sair.

OLHAR ELETRIZANTE - Is it Love? MattOnde histórias criam vida. Descubra agora