0.6

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Byun voltava todo desanimado para casa, só se lembrando de mostrar disposição quando se deu conta do que acontecera noite passada. Olhou para os lados, temendo ser surpreendido. Tentava dar uma de corajoso e confiante, andando para lá e para cá com o nariz empinado, mas estava tremendo de medo. Só de se lembrar da óbvia ameaça que recebera do vizinho dia passado se tremia todinho.

Chegou em casa e não ficou nada surpreso por sua mãe não ter chegado ainda, provavelmente fazendo novamente hora extra. Trocou de roupa, largando o uniforme cinza no chão do quarto e se vestindo com seu pijama -que ele chamava de pijama, mas na verdade era só a habitual blusa do nirvana velha e a calça de moletom surrada-.

E lá foi o baixinho pensar no vizinho assustador que também era um pedaço de mau caminho. Talvez nem só um pedaço, um inteiro. Mau caminho puro, literalmente.

Soltou um gemido de puro nervosismo quando voltou a pensar naquela ideia pra' lá de maluca. Se jogou no sofá e puxou o cabelo castanho claro que já se encontrava grande, frustrado de si mesmo. Desde quando ele era doido de pedra? Doido já era, mas não daquela forma insana.

E que ideia desnaturada era essa? Nada mais, nada menos, que achar que o cara sinistro da porta ao lado era um vampiro. Um maldito vampiro! É, o garoto estava totalmente fora de si mesmo. Escorregou pelo estofado do sofá e se deitou de maneira desconfortável, paralisado. Encarou o teto e após a ideia de vampirismo  voltar, se debateu, tentando lutar contra si mesmo.

Bufou e levantou num pulo, voltando para seu quarto. Se pendurou na janela e apoiou o rosto no batente, sabia que iria xingar a si mesmo por colocar a bochecha naquela parte que sempre deixava uma marca e um incômodo, mas no momento achou mais importante fazer a famosa cena dramática dos filmes.

Olhou para baixo e quase sofreu um infarto quando encontrou uma silhueta em pé. Qualquer pessoa normal iria pensar uma, duas, três, quatro, cinco, seis... enfim, uma pessoa em sã consciência iria pensar todas as vezes possíveis e então decidiria que descer lá e bater um papo com o homem que a ameaçou não era uma boa, mas Baekhyun utilizou o tempo de reflexão para se embrulhar nos casacos e descer as escadas correndo, ja que o elevador estava em manutenção.

O que ele falaria? Nem mesmo o inteligente que adorava adrenalina sabia, a ideia sobrenatural não saía de sua cabeça, parecia ter a palavra "vampiro" em néon e com direito a pisca-pisca em seu cérebro, não deixando-o esquecer. Não queria simplesmente chegar e: "ei, boa noite! Não deixei de notar o quão estranho você é, então poderia por favor me dizer se por acaso você é um sanguessuga, chupador de sangue, criatura da noite, Drácula, vampiro?", então criou um plano. Mais um plano.

Chegou no saguão velho e andou nas pontas dos pés, vendo pelo vidro escuro e sujo da porta o homem agora sentado nos degraus. Abriu um lado da porta de duas entradas e saiu em silêncio, abrindo o mínimo possível para assim não fazer tanto barulho. Mordeu o lábio inferior quando sentiu que seu corpo não passaria na abertura que havia aberto, bufou irritado e abriu mais, ouvindo o guinchar irritante das dobradiças. Anotou na sua lista mental que precisava de uma dieta urgente.

Achou que o outro iria olhar para trás assustado ou algo do tipo, mas o mais alto continuou sentado com o habitual cigarro entre os lábios cheios. Puxou a gola do casaco para o nariz, tampando suas narinas.
Se sentou na ponta do primeiro degrau, longe o bastante do maior.

–E aí.

Olhou para o lado, tentando manter sua postura. Observou o perfil do ruivo, confirmando ali que ele era um vampiro. Nenhum humano era bonito daquele jeito. Se bem que se for seguir essa linha de raciocínio o adúltero também não era humano. É isso, todos daquela ilha eram vampiros. Balançou a cabeça concordando com seu próprio pensamento.

Vampire «Chanbaek»Onde histórias criam vida. Descubra agora