Um, dois, três, quatro bilhões
Eles roubam enquanto se escondem
Atrás de máscaras e sorrisos espertalhões
E fulminam a sociedade com caos e desordemExterminando as expectativas
Do garoto na favela de ser feliz
Com sua justiça e leis relativas
Que livra seus pescoços por um trizE a caneta que assina
Os documentos manchados de lama
Está na mão de quem assassina
O futuro do jovem que se enganaSe engana pensando que basta querer
Como se a não contasse a influência
Do mundo que lhe parte o peito, faz doer
Que lhe ilude dizendo que basta a crençaE os barulhos de tiros denunciam
Mais uma vítima da nossa corrupção
E infelizmente as cédulas não aliviam
O peso que a pátria leva no coraçãoE em suas maletas, pretas em luto
Botam tudo que puderem carregar
Mas, como sempre, o que escuto
É "ah, é um político, o que podemos esperar?"Roubam saúde e educação
Sem nenhum pingo de bom senso
Assistimos com frustração
Enquanto nos tiram o discernimentoE em reação à uma educação falha
Que cria pequenos ignorantes
Tecemos uma resistente malha
De pré-julgamentos estressantesEm nossas zonas de conforto
Dizemos o que nos convém
Não escondemos o olhar torto
Que espalha desprezo e desdémA burca que lhes tampa o rosto
Talvez possa tentar esconder
Mas o profundo olhar de desgosto
Nos pede pra compreenderJulgamos até sua sombra
E fugimos deles por temer
O grito do "homem-bomba"
Que não tentamos entenderE estereotipados pela história
Eles sofrem em mãos "de bem"
São castigados pela memória
Tempo que vai, medo que vemE nesse mundo "altruísta"
Onde agimos por despeito
Não percebemos que terrorista
É o nosso preconceito._Gabrielle OM
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Desnuda-me
PoetryAinda no terceiro milênio as crianças que brincam De amar palavras Estão começando a desaparecer. Mas eu continuo aqui.