Capítulo 35 - Ferida

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Eu poderia fazer tantas coisas, e poderia ir a tantos lugares. Mas eu não sabia o que fazer, muito menos sabia para onde ir. Eu sabia que ele não iria ir embora, não assim sem uma conversa, não sem se defender, não sem que eu o ouvisse.

Mas ao mesmo tempo tudo o que eu menos queria era ter que passar por isso. Nunca soube resolver os meus problemas, nunca consegui enfrentar uma situação. Fugir sempre foi a minha solução, evitar dizer, deixar as coisas como estavam. Eu sempre pensei que quanto mais se mexe em algo que já está ruim, ainda que com uma boa intensão, as coisas tendem a piorar como em uma avalanche voraz. Eu sempre fui assim, esses pensamentos percorrem a minha mente durante toda a minha vida, e em meio a isso, eles não seriam diferente.

Eu pensei em tantas maneiras de esquecer isso, tentar entender o que realmente havia acontecido.

Porque Lily estava ali? Por que eles se beijavam? Por que ele não evitou? Por que não recuou? Quem teria começado? Como? O que conversavam antes? O que diziam de mim?

Ouvir da boca dele? Nada me garantia que ele seria sincero, não mais. Tantas perguntas, sem nenhuma resposta. E ainda assim a única pergunta que eu gostaria de responder a mim mesma era se algum dia eu poderia perdoá-lo.

Como as pessoas conseguem? Como esquecem algo que as machucam? Como sarar uma ferida exposta? Como sarar algo em carne viva? Eu não poderia responder, e talvez isso doesse para sempre.

Já no táxi, eu pensava para onde eu poderia ir. Eu poderia correr até a casa da Regina, ela saberia o que me dizer. Porém, esse seria o primeiro lugar no qual ele iria me procurar. Não havia escolha, eu teria que voltar para casa, então pedi para que o motorista fizesse o retorno e me levasse de volta.

Pouco tempo depois eu estava na porta de casa com as chaves em mãos enquanto respirava fundo. Não queria falar sobre nada, e não queria vê-lo. Será que isso seria pedir demais?

Corri meus olhos por toda a sala e cozinha, mas não o vi. Entrei vagarosamente e andei em direção ao corredor que dava para os quartos, mas era sonho demais esperar que ele já tivesse ido embora. Antes que eu pudesse ter a chance de chegar no quarto e me trancar, como eu sempre fazia em momentos ruins, ele abriu a porta do banheiro.

- Emma, vamos conversar?

Nos seus olhos havia um ar de piedade, confusão, talvez arrependimento... Não saberia decifrar.

- Killian, eu já disse tudo o que tinha para te dizer, eu já te dei mais tempo do que deveria. Eu quero que você pegue suas coisas e saia daqui.

- Mas eu não posso fazer isso. – Ele já deixava algumas lágrimas cairem, e eu apresentava os meus olhos vermelhos e inchados, estava claro que eu havia chorado também.

- Por que você não pode? Pelo mesmo motivo que você não conseguiu manter a sua palavra de nunca me esconder nada? Ou pelo fato de que você não conseguiu se manter longe de outra mulher?

- As coisas não são assim.

Eu não estava irritada, também não alterei a voz. Ainda que eu não quisesse, estávamos conversando, mas eu preferia que tudo isso acabasse logo. Então eu decidi que iria ser o mais clara possível, sem enrolação, sem tentar resolver, sem dar chances.

- Não me importa, importa o que eu vi! Se você não pegar as suas coisas e tirar daqui agora, não me importo, nem ligo com o escândalo, eu pego e jogo tudo pela janela! Sua escolha.

- Quer saber? Faça! Eu não vou sair, eu não vou deixar você, não vou deixar a minha filha, não mais. Se você não quer me ouvir problema é seu. Eu vou continuar falando, dê o seu jeito para não escutar.

- Tudo bem, você quer falar? Ótimo. Então me diga.

- No final de semana em que eu sai para o happy hour e é claro que você sabe que ela estava lá. Não conversamos muito, ela apenas me disse que não aceitava muito bem o fato de eu ter voltado com você.

- Não quero detalhes.

- Espera, então eu pensei que aquelas fotos eram obra dela. Só que existe um detalhe muito importante, ainda que aquela sua foto tenha sido uma montagem, ela precisaria ter tirado uma foto sua naquele lugar, mas uma de August também. Sendo assim, ela sabe como contata-lo ou até onde ele está. Eu apenas fiquei com isso na cabeça aquela noite, e quando a sua intimação chegou eu pensei que eu não tinha mais tempo então eu pedi que ela fosse ao shopping hoje. Eu sei Emma, foi um erro eu não deveria tê-la chamado...

- Tê-la beijado...

- Ela me disse que não sabia do que eu estava falando, mas eu sei que é mentira. Pressionei e ela me disse que só diria alguma coisa se eu deixasse ela me beijar. Eu estava tão desesperado por alguma coisa. Você tem que acreditar em mim, nós combinamos que seria assim.

- Killian... Eu preciso pensar, estou confusa. As coisas não se resolvem assim, não se faz o que você fez nem nas piores circunstâncias. E quanto ao nosso combinado, você duvidou de mim, duas vezes. Eu não te dei se quer um motivo de verdade, e você duvidou. O que você fez hoje não foi apenas motivo para que eu duvide, é motivo para você simplesmente fazer o que eu estou pedindo e sair da minha casa.

- Você tem certeza disso? Você sabe que quanto mais a gente ficar longe, pior as coisas vão ficar.

- Eu estou magoada, estou confusa. Você não só me traiu, você também me escondeu coisas, você agiu pelas minhas costas.

- Claro que não, isso não é apenas sobre é você Emma, é o meu trabalho. Encontrar esse cara faz parte do meu trabalho e você não precisa saber das pistas que eu tenho e de como eu as consegui.

- Claro porque beijar a sua ex não é sobre mim. Realmente – Andei em direção ao meu quarto, tudo estava claro para mim, eu não sabia dos reais motivos dele e nem até onde isso poderia ter chegado, mas eu sabia que ele teria que ir embora. Então se ele não se coçava eu iria agir, peguei a grande mala que estava guardada e comecei a colocar as coisas dele – Só quero que você saia daqui, o que você vai fazer depois as maneiras como vai conseguir as suas "pistas" não me interessam mais.

Ele não dizia nada, apenas me olhava enquanto eu socava suas roupas dentro da mala. Passava as mãos pelo rosto algumas vezes, e dava pequenos passos para ambos os lados enquanto algumas lágrimas escorriam.

- Pronto. – Entreguei a mala a ele.

- Não faz isso comigo.

- Foi você que fez.

Eu não saí do quarto, enquanto eu ouvia o som das rodinhas da mala fazendo trilha sobre o piso, o meu coração acelerava, eu sentia um aperto tão grande que não pude conter o choro. O mesmo se intensificou ainda mais quando eu ouvi o som da porta fechar. É isso, já estava feito.

 É isso, já estava feito

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Turobom? Voltei. *-*

Capitolizinho bem mais ou menos mas enfim. Quem sabe nos próximos eu estou mais criativa? Quem sabe?

Votem gente, e não deixem de comentar como está, ta bom?

Prometo não sumir. Beijokas.

Att. Luana ❤

Your Love // CS [Completa]Onde histórias criam vida. Descubra agora