O carro deu partida

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- E o que você vai fazer, Carol?

- Não sei. Desde que fui embora não sei o que fazer. Tô perdida, sabe?

Nicolas sorriu de lado e escorou a cabeça no meu ombro.

- Até hoje eu não entendo por que você foi embora. Vocês pareciam tão felizes.

- Nós éramos... Mas ela começou a ficar estranha comigo. Não era a mesma coisa. E depois de tudo que passamos juntas... Mas na verdade, ela desistiu primeiro.

- Eu entendo. Você ainda a ama, né?

- Acho que mais do que qualquer coisa, mas não sei se tenho forças pra ir atrás dela.

- Você não deveria. - Ele sorriu me olhando.

Ele sempre dizia coisas sábias. Já era mais que um melhor amigo, era um irmão. Ele entendia tudo que eu sentia e sempre estava do meu lado, desde que tudo tinha acontecido.

Desde que Manuella havia desisto. Desde que tudo que tínhamos havia se tornado apenas lembranças. Era estranho viver sem ela. Doía demais. Então ele estava me ajudando a superar isso.

Não estava adiantando...

Ele me abraçou e suas mãos desceram até minha cintura e ele me olhou malicioso. No segundo seguinte me vi deitada no píer dando gargalhadas. Ele fazia as piores cócegas. Era impossível não rir.

- Você reparou que está chovendo? - Ele disse limpando os óculos na própria blusa.

- Eu percebi, mas não quero sair daqui. Adoro ver o mar...

- Então a gente fica - Ele sorriu, mas logo seu olhar foi desviado - Aquele carro está ali faz um tempo, cara.

Olhei pra trás e avistei um carro parado logo no começo do píer. Ele estava ligado. Os vidros fechados. Aquele carro era familiar, mas nunca havia sido boa com isso. Pra mim carro era tudo a mesma coisa.

Não demorou muito e o carro deu partida.

- Vai entender - ele riu - Deve ser um espião Carol

- Ah, que horror - eu ri dando um soco em seu ombro, mas meu coração estava apertado por algum motivo. Só não sabia qual era.

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