Navalha e Anália

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Era um vez

Duas mulheres

Que viveram em épocas diferentes

Mas tem mesma história e

O mesmo nome.

Era uma vez duas mulheres

Que eram a frente de seu tempo

E pagaram um alto preço por isso.

Malandra Maria Tereza

É Maria Navalha.

Pombagira Maria Analha

É Maria Navalha.

Analha era vaidosa, rica.

Teresa era simples, pobre.

Mas uma coisa tinham em comum,

Elas eram guerreiras.

Elas nunca se dobraram aos homens.

Era um vez a história de

Duas mulheres que lutavam

Por seus desejos.

Era uma vez um mar de lagrimas

Onde as duas tiveram de atravesar

A nado.

E elas venceram.

As a que preço?

Teresa perdeu a vida por

Causa de sua beleza.

No início do século passado

Ela se vestia com as roupas masculinas

Para poder andar na noite

Se ser molestada.

Era da trupe de Zé Pelintra,

Ela nunca foi prostituta

Mas sempre esteve

A margem da lei.

Teresa era uma malandra do cais,

Mas mesmo com paletó

Ela ostentava um rosto lindo

Que chamava a atenção de qualquer

Homem ou mulher.

Era viciada em carteado.

Sabia lutar como os negros,

Sabia a capoeira

E lutar capoeira era crime.

Um vez foi presa quando

Uma batida da policía

Flagrou uma roda de jinga.

Um policial se apaixonou por ela,

Um homem truculeto, malogro.

Ele a pediu em casamento,

Mas ela não era do tipo de mulher

Que sonhava em ser esposa.

Ela o recusou mais de cem vezes

E ele perdido em odio pela rejeição

Encheu a cara de cachaça

E na última vez que o recusou

Ele lhe deu um tiro a queima roupa.

Dizendo que se ela não fosse dele

Não seria de mais ninguém.

Ela morreu.

Já Analha perdeu a vida por

Causa de sua personalidade.

Era prostituta sim, cafetina riquíssima.

Era dona de um cabaré

E gostava de viver na noite.

Porém um homem se apaixonou

Por ela, a beleza dela

Era sem igual.

Ele pediu que deixasse

A vida fácil para se casar com ele.

Ela jamais quis ser esposa

Jamais quis se casar e por isto

Mais de cem vezes ela disse não.

Ele fez de tudo para tentar

Convencer ela de que seria

Melhor se ele deixasse

A promiscuidade de lado

E se tornasse uma mãe de família.

Ela achava essa idéia absurda

E sempre dizia "não".

Ele então afogou as magoas

Na cachaça e foi atrás dela

Trançando as pernas

E com uma arma na mão.

Ele lhe deu um tiro a queima roupa.

Dizendo que se ela não fosse dele

Não seria de mais ninguém.

Ela morreu.

Analha e Teresa tinham o mesmo

Apelido, Maria Navalha.

Há quem diga que elas são

A mesma mulher

O mesmo espírito que viveu

Duas vidas e por isso tem

Duas faces para mostrar.

Há quem diga muita coisa

Mas elas mesmas não afirmam nada.

O passado ficou para trás.

São tão diferentes

Mas tão iguais...

Saravá as Navalhas!

Parábolas de Umbanda...Onde histórias criam vida. Descubra agora