Foi uma noite estranha aquela. Estranhas vibrações penetravam meu ser e me faziam ansiar por algo que pouco a pouco se definia.
Era um quê desconhecido, mas sentia-o como se estivesse em comunhão com minha alma e externava a sensação de um silencioso pranto. Quem do mundo do astral emocionava assim meu pobre eu?
Não soube até adormecer e sonhar. Vi meu "duplo" transportar-se, atraído por cânticos que falavam de aruanda, estrela-guia e Zâmbi.
Eram as vozes da Umbanda, dessa Umbanda de todos nós, que chamava seus filhos de fé. E fui visitando cabanas e tendas onde multidões desfilavam, e mais surpreso ficava com aquela visão que em cada um eu "via".
Em um canto, um triste Pai preto chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam e não sei por que as contei. Eram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e interroguei-o: - Fala, meu Preto-Velho, diz ao teu filho por que externas assim uma tão visível dor? E ele, suavemente respondeu: - Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas estão distribuídas a cada uma delas.
- A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vêm em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber...
- A segunda a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam.
- A terceira distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a UMBANDA, em busca de vingança, desejando sempre prejudicar a um seu semelhante. Pensam que nós, os Guias, somos os veículos de suas mazelas e paixões e que temos a obrigação de fazer o que pedem. Pobres almas que da bruma não saíram ainda...
- A quarta, aos frios e calculistas que sabem que existe uma, força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.
- A quinta, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito: Creio na UMBANDA, nos teus pretos-velhos, nos caboclos e no teu Zâmbi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo.
- A sexta, eu dei aos fúteis que vão de Centro em Centro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente; sei bem o que eles querem.
- A sétima, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada? Foi a última lágrima, aquela que vive nos "Olhos" de todos os Orixás. Fiz doação dessas aos Médiuns vaidosos(as), cheios de impáfia, para que lavem suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são.
Assim, filho meu, foi para esses todos, que vistes cair, uma a uma, as sete lágrimas de Pai Preto. Então, com minha alma em pranto, tornei a perguntar:
- Não tens mais nada que dizer, Pai Preto? E daquela forma velha vi um véu caindo e um clarão intenso que ofuscava, ouvindo mais uma vez:
''Mando a luz da minha transfiguração para aqueles que esquecidos pensam que estão. Eles formam a maior parte dessas multidões. São os humildes os simples e estão na Umbanda pela Umbanda, na confiança pela razão. São os seus filhos de fé. São também os "aparelhos" trabalhadores silenciosos, cujas ferramentas chamam-se Dom e fé e cujo salário de cada noite é pago quase sempre com uma só moeda que traduz o seu valor em uma só palavra: Gratidão.''
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Parábolas de Umbanda...
EspiritualHistórias recolhidas da Internet sobre Orixás, entidades e afins.