As pernas longas de Chanyeol já haviam visto dias melhores. Bem melhores. Pois agora pareciam pesar uma tonelada e nem mesmo ficavam bonitas nos seus jeans escuros apertadinhos, ele pensava com pesar enquanto suspirava cansado.
Quando trabalhava como modelo, nos dias em que sua vida era bem mais glamourosa com presentes caros de lojas reconhecidas mundialmente e dinheiro sobrando no fim do mês, sua aparência era muito melhor, ele tinha que admitir. Recebia tantos presentes e tinha tantas coisas, quando abria o roupeiro as roupas quase pulavam em si. Todo mês ele tinha que estar com o cabelo diferente, fosse apenas um corte ou o pacote completo, com tintura e massagem nos fios. Agora os cabelos precisavam de um corte, a raiz estava preta, a pele estava meio pálida e estava bem mais magro do que antes, a ponto de vestir dois números a menos. Park Chanyeol nunca vestiu um manequim tão baixo em toda a sua vida e isso deixava sua mãe morta de preocupação, mesmo que ele estivesse saudável.
Em outros tempos, Chanyeol teria vergonha que as pessoas o vissem se arrastando como um morto-vivo. Mas agora ele vivia uma vida de adulto e tinha maturidade o suficiente para saber que, onde trabalhava atualmente, ninguém se importava com como ele andava ou o quão péssimo ele parecia. Na verdade, por mais que não tivesse nada de glamouroso agora, as pessoas eram muito mais verdadeiras e agradáveis. Nesse novo mundo de uniforme verde, todo mundo parecia gostar mais dele e precisar mais dele, as pessoas viam além de um modelo vestindo algo caro e sim alguém em quem podiam confiar.
Park Chanyeol havia se formado enfermeiro havia apenas um ano e meio, trabalhava na ala infantil de um hospital especializado no atendimento para crianças em Daegu. Claro que haviam outras alas que não as destinadas para um público menor de quatorze anos, mas grande parte dos pacientes não havia perdido todos os dentes de leite ainda. Chanyeol gostava muito de seus pequenos pacientes e tinha a impressão de que era querido por eles também pela forma como o olhavam e os presentes artesanais que sempre recebia.
Esse era um sonho que tinha desde muito criança, quando acompanhava o avô nas sessões de quimioterapia, de poder ajudar as pessoas, de poder facilitar as horas mais complicadas da vida alguém.
Mas ele também precisava ser cuidadoso consigo mesmo algumas vezes.
Já passava das duas da manhã e se o Park tomasse mais uma xícara de café, suspeitava que iria quebrar as paredes de tanto bater a cabeça. Andando pelos corredores de luzes de led muito brancas, ele parecia uma assombração. Os outros enfermeiros não estavam muito diferentes, mas a maioria deles estava no terceiro plantão.
"Eu preciso me sentar." Era tudo que ele conseguia pensar enquanto se aproximava do refeitório, com aquelas cadeiras desconfortáveis e ainda sim tão tentadoras, os bolinhos duros que faziam o estômago vazio roncar e o cheiro de sopa velha com legumes. Chanyeol odiava sopa, odiava como o diabo odeia a cruz, mas estava sem comer desde a hora do almoço. "Eu preciso mesmo me sentar."
No refeitório, apenas dois médicos conversavam sobre algo que ele não podia ouvir.
Antes de se sentar em uma cadeira no fundo, Chanyeol pegou um bolinho de chocolate com uma consistência perfeita para ser arremessado no parede e abrir um buraco por onde passaria dois elefantes. Quando o corpo finalmente caiu sobre a cadeira de metal foi como tirar um peso das costas e o descanso para os pés quase o fez chorar ali mesmo, como uma criança.
O grupo dos amigos no whatsapp tinha vinte e duas mensagens, a última tendo sido enviada quase uma hora atrás, o que significava que deveriam estar dormindo ou curtindo a madrugada em algum outro lugar. Mas o que Chanyeol invejava, naquele momento, era o sono e o conforto de uma cama.
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◼️◾Red Line ◾◼️{Chansoo}
Fanfictie{Chansoo} Chanyeol, após um dia cansativo em seu trabalho de enfermeiro, decide fazer uma pausa para tomar um café no refeitório e descansar as pernas. Seria mais uma noite normal e agitada. Um puxão forte em seu braço esquerdo. A prin...