efeito jungkook

not that lucky

6

Jimin passou a noite toda se perguntando o que Jungkook pensaria caso descobrisse que ele precisou pedir a ajuda de sua mãe quando recebeu aquela mensagem sobre ter dificultado sua aproximação.

E ele ainda fervia em vergonha toda vez que se lembrava que ela realmente o convenceu a enviar o emoji que manda beijinho.

Mas Jungkook também mandou um, então esse era um bom sinal, certo?

Certo.

Mas não é isso que faz as palmas de suas mãos suarem agora. O que o deixa ansioso a ponto de sentir o coração quase saltando para fora é a outra mensagem de Jungkook.

"Amanhã eu vou falar com vc".

Sua mãe foi testemunha do momento em que Jimin ficou estático, para depois gritar, para depois achar que estava sonhando.

Agora são sete e quarenta e ele está na mesa de sempre, fazendo o de sempre. Ou, ao menos, fingindo que está.

Ele segura um livro com as mãos suadas, mas as letras do texto parecem um emaranhado de desenhos rupestres que ele não entende porque em sua cabeça não existe nada além de Jungkook, Jungkook e Jungkook.

Com o coração acelerado, ele para de fingir que está lendo, olha para o portão e tem certeza de que grita de novo sem separar os lábios quando vê Jungkook atravessando-o, lindo como sempre mesmo vestindo uniforme.

A única pessoa que fica indiscutivelmente sexy vestindo uma calça de cor caqui.

No curto caminho dali até a mesa onde Jimin está sentado, ele é cumprimentado por alguns outros alunos, mas não para pra conversar com nenhum, apenas acenando e sorrindo sem interromper seu caminho.

Jimin está oficialmente morto.

Causa mortis: arritmia, hiperventilação e desidratação por sudorese excessiva.

Ele não consegue acreditar que Jungkook está mesmo caminhando em sua direção.

Mas está.

E ele chega, sentando-se de frente para Jimin com um sorriso de canto que o faz ficar mais mole que pudim.

— Oi.

Jimin espera que Jungkook não perceba a forma como seu sorriso está vacilando.

Ele fecha o livro, o deixa sobre a mesa e esconde suas mãos debaixo da mesma, tentando esconder o quanto estão tremendo.

— Oi. — Ele abaixa o olhar, tímido, mas apenas por um instante. Jungkook não para de encará-lo nem por um segundo. — Bom dia, Jungkook. — Se apressa em dizer, fazendo questão de pronunciar seu nome como se numa confirmação de que ali, na sua frente, é mesmo o cara que fez seu coração bater mais forte de segunda a sexta pelo último mês.

O cara com quem ele achou que nunca trocaria um oi.

— Bom dia. — Jungkook responde, fazendo a mente de Jimin voar por alguns segundos para longe dali.

Ele já tinha escutado a voz de Jeon, é claro, mas nunca tão de perto. Nunca direcionada a si.

— Você sempre chega cedo. — Ele comenta, observando a forma como Jimin é ainda mais bonito de perto, com os cabelos caindo sobre os olhos, as bochechas sutilmente avermelhadas e os lábios contraídos num bico adorável.

— Ah, eu gosto de ficar aqui... — Ele diz, movendo a cabeça para observar o pátio. Na verdade, ele estava tentando manter o controle, mas sabia que era difícil fazê-lo com Jungkook olhando-o daquela forma, sem parar. — É agradável.

Jungkook sorri. Jimin o faz sorrir mesmo sem querer.

— Mas e você? — Ele percebe o momento em que o loiro volta a olhá-lo. — Também sempre chega antes do horário...

Jungkook calcula a possibilidade de assumir que sua única motivação para chegar com essa antecipação é o próprio rapaz em sua frente, mas ele sabe que talvez esse não seja o melhor momento.

— Eu também gosto. — ele apoia o queixo sobre a palma da mão, usando a ponta do mindinho para brincar com os próprios lábios.

Jimin observa atentamente a movimentação daquele dedo sobre o lábio cheio enquanto os outros pressionam a lateral do rosto.

Tudo que ele quer, no momento, é encher essa bochecha de beijinhos.

Ele abaixa o olhar, consciente de que passou tempo demais o observando, e mexe discretamente no próprio celular.

Ele manda uma mensagem para Taehyung, pois sabe que está quase na hora do amigo chegar e voar em seu pescoço como de costume, mas Jimin definitivamente quer continuar a sós com Jungkook mesmo que não saiba exatamente como agir.

JIMIN: Qnd chegar, pelo amor de Deus, de Buda, do super-homem e da Britney Spears, me deixa sozinho com o jungkook

JIMIN: Tô implorando, tae!!!!

Ele rapidamente devolve o celular ao seu colo e volta a olhar para o rapaz alto em sua frente, vendo que ele ainda o observa.

Sorri fraco, desajeitado, e aponta para o cabelo tingido com um tom acinzentado.

— Eu gosto dessa cor. — Ele arranja coragem para dizer, mesmo que quisesse anunciar que, na verdade, gosta de tudo em Jungkook.

E ele sorri mostrando os dentes e fechando os olhos, passando a mão livre em seus fios descoloridos, bagunçando-os.

— Gosta? — Seu rosto se inclina para o lado num trejeito divertido. — Ia parar de pintar, mas agora acho que vou ter que comprar mais tinta.

Jimin não consegue fazer nada além de rir, abaixando o olhar. Ele usa a ponta do indicador para fazer desenhos invisíveis sobre a mesa, tentando se distrair do calor em suas próprias bochechas.

Quando ergue o olhar outra vez, ele e Jungkook permanecem se encarando em silêncio, atentos um ao outro.

Ambos sorriem, um mais ansioso que o outro, e Jimin deixa uma risada escapar quando o mais alto contrai os lábios num bico, querendo rir também.

Mas aquilo estava bom demais para continuar.

Jimin não teria tanta sorte em um único dia, claro que não teria.

Então o sinal tocou, indicando que precisavam se separar.

Ele ainda estava nas nuvens, mesmo com a interrupção daquela sirene aguda, e, ainda a contragosto, pega sua mochila, seu livro e o celular, levantando-se acompanhado de Jungkook.

— Eu vou por aqui — Jungkook aponta para a entrada lateral que leva aos laboratórios.

Jimin torce os lábios, apontando para a entrada do bloco principal.

— E eu por ali. — Ele aperta o livro nas mãos, sorrindo. — Então... boa aula.

Jungkook também sorri, enfiando as mãos nos bolsos da calça.

— Boa aula, Jimin.