01. Piloto

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Segue-se aqui o diário pessoal de uma garota que sofreu consequências após ser dada como esquizofrênica. O nome dela era Alice Walsh. O ano, 1963.

Eu ouvia vozes. Era como um estranho e agoniante som que entrava em minha cabeça sem autorização. Às vezes sentia como se estivesse presa a um ciclo infinito de dores e sofrimento, mas posso dizer que nem sempre foi assim. Havia beleza naquele lugar, mas infelizmente, eu só consegui desfrutar do lado ruim.

1962.

― Alice? ― perguntou minha mãe ao entrar no quarto.

― Sim mãe. ― respondi euforicamente, já esperando que ela viesse com o meu presente de aniversário.

Assim que ela entrou no quarto, olhei para o guarda roupa e vi que aquela mão tentava sair. Mandei um olhar repreensivo, o que deixou minha mãe curiosa para saber o motivo pelo qual fiquei irritada com um guarda-roupa vazio.

― Feliz aniversário minha filha.

― Obrigado mãe. ― respondi abraçando-a.

― Tenho uma coisa para você.

Jade Walsh então mostrou o que escondia atrás das costas, e era um maravilhoso vestido azul, com renda e babados na saia, que eu adorava. Desviei meu olhar do mesmo e vi que a mão negra de dentro do guarda-roupa agora segurava uma ponta do meu vestido transformando-o em um preto vazio e sem sentido. Minha única reação foi gritar desesperadamente, enquanto minha mãe olhava para mim tentando me acalmar.

― O que houve? ― perguntou ela assustada e ao mesmo tempo com um olhar de pena.

― O monstro mamãe. ― respondi. ― Ele tocou no meu vestido. Agora ele é preto.

Minha mãe um pouco triste por mim, me segurou pelo braço e tentou novamente me acalmar.

― Nada aconteceu com seu vestido querida. ― disse mamãe enquanto mostrava o mesmo, que agora tinha a mesma cor de antes.

― Mas ele tocou mamãe, eu juro.

― Tudo bem. ― disse ela largando o vestido na cama e indo em direção a porta. ― Tenta descansar querida.

Jade tinha saído do quarto, me deixando sozinha com aquele monstro. Decidi tomar coragem e enfrentar a criatura. Saí da minha cama e me posicionei na frente do guarda-roupa, certificando-me de que seria um golpe certeiro. Assustada, mas tomando coragem, abri o mesmo e ele estava vazio. Ainda sem acreditar que aquilo estava acontecendo, puxei as roupas de um lado para o outro e só vi um grande e enorme nada.

Fechei então o mesmo e voltei para a minha cama, mas assim que olhei para o mesmo guarda-roupa, a mão saiu, e fez um enorme rasgo na porta antes de voltar para sua segurança. Como já era esperado, aquilo me assustou e gritei muito alto. Beatrice agora tinha entrado no meu quarto.

― O que aconteceu? ― perguntou ela, me vendo em estado de choque encostada na parede, procurando qualquer tipo de segurança.

Ao ver que eu não estava respondendo, ela simplesmente me ignorou e, antes de sair pela porta, me soltou uma daquelas suas frases idiotas de irmã mais velha:

― Para de ser anormal.

E então, saiu.

***

No dia seguinte, eu me sentia menos medrosa que no dia anterior, e fui fazer meus deveres em casa. Steve tinha acabado de chegar de uma viagem de navio para a Itália, o que tinha piorado a situação, pois eu não gostava dele.

Contos de Horror: Alice (Temporada 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora