09. A Rainha Branca

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1958.

O hospital estava movimentado. As pessoas estavam chegando de todos os lugares. Parecia que a mesma doença tinha atacado todo mundo. Filas e filas se estendiam pelos corredores e ninguém sabia se aguentava a dor enquanto esperavam por atendimento, ou se desistiam e voltavam para casa.

A paciente seguinte tinha sido chamada pelo doutor. A mesma se levantou com um vestido amarelo com bolinhas brancas e foi até a sala. Ao se sentar, foi recebida de modo grosseiro, como todos os médicos faziam.

– Como está se sentindo... Quinn? É assim mesmo que se lê?

– Sim.

– Então, como está se sentindo? – perguntou o doutor ignorando-a.

– Tenho estado com muito medo. Não sei o que está acontecendo direito, mas toda vez que sento em casa eu vejo a janela e penso que tem alguém me observando.

– Interessante. – disse ele anotando algo no caderno. – Continue.

– Eu também fico pensando que tem alguém me vigiando embaixo da cama quando eu durmo.

O médico então parou de anotar e ajeitou seu óculo torto no rosto para conseguir encarar a expressão apavorada no rosto dela.

– Sabe Quinn, algumas pessoas trazem mágoas de seu passado, eu entendo, mas já parou para pensar que o fato de seu povo estar sofrendo tanto influencie nos pesadelos que tem tido?

Quinn o encarou com uma lágrima beirando as pálpebras.

– Achei que esse hospital fosse diferente, e que eu seria tratada como igual.

– Eu estou tentando achar a causa de seus medos.

– E por isso você está associando-os à minha cor de pele?

– Tem somente 17 anos, acha que consegue saber o que realmente está acontecendo com você? Onde estão seus pais?

– Estão sofrendo junto ao meu povo. – respondeu ela segundos antes de descer um soco no rosto do doutor.

1962.

Ver a cabeça de Kyle sendo decapitada foi a cena mais agoniante da minha vida. Todo aquele sangue jorrando era preocupante e repulsivo ao mesmo tempo.

Constance olhava para a cena sorrindo, me deixando pasma pelo seu estranho prazer em ver o sofrimento alheio das pessoas.

– Joguem o corpo na floresta junto aos outros. Ou queimem, eu não me importo.

Constance então deixou a sala da terapia de choque e começou a desfilar pelo corredor. Eu a seguia sem muita animação, esperando que ela só me levasse para o meu quarto após ver aquela matança.

Quando cheguei ao meu quarto senti um arrepio na espinha: Constance ainda me vigiava.

– Espero que continue uma garota doce Alice. – disse ela fechando a porta.

***

Acordei após uma tarde cochilando. Eu realmente estava cansada. Cocei minha cabeça e sentei-me na cama antes de me espreguiçar sob a luz do pôr-do-sol. Olhei pela janela e consegui ter uma visão ampla da floresta que se estendia pelo horizonte. A vista não era tão parecida com a que eu tive quando fiquei presa em um parapeito, mas eu a admirei mesmo assim.

– O que você está fazendo? – perguntou Nancy me fazendo lembrar de sua existência.

– Estou tentando aproveitar o sentimento de esperança que essa paisagem me traz.

Contos de Horror: Alice (Temporada 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora