08. Caminhos da Lebre

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1878.

As moças com seus belos vestidos, andavam por aquela linda praça onde se vendiam os melhores objetos e alimentos para usos domésticos.

A senhora Olívia tinha acabado de conseguir um dinheiro de seu marido para comprar coisas para agradá-lo, porém, ela só queria comprar um guarda-roupa. Um lindo guarda-roupa com uma madeira bem viva. Ela esperava encontrar naquela praça, onde comerciantes lançavam seus preços por coisas novas e usadas. Após andar alguns metros e se encontrar com diversas moças lindas, ela avistou seu maior desejo sendo exibido em frente à uma loja de móveis. Ela foi até o vendedor, alegre por ser exatamente o que ela queria. Olívia olhou o guarda-roupa de cima a baixo e, quando finalmente se decidiu, ela o comprou, feliz por ter gastado o dinheiro em algo que gostasse. A única advertência que o vendedor deu, foi a de que se algo estranho acontecesse com ela, poderia sem sombra de dúvidas culpar o guarda-roupa, até porque o mesmo já tinha sido considerado amaldiçoado. Dona Olívia somente sorriu e voltou para casa feliz, sem saber que aquele guarda-roupa lhe traria diversos problemas.

1962.

Acordei desesperada. Estava viva, mesmo depois de Kyle ter me acertado uma pedra na cabeça. Tentei me levantar, mas senti uma dor absurda, então me deitei novamente. Olhei para os lados, tentando assimilar o lugar onde eu estava. Quando vi que estava em um quarto de Creedmoor, gritei muito alto, desesperada por ter voltado ao ponto inicial tão rápido.

– Cala a boca! – gritou alguém do meu lado.

Olhei para ela, e vi Nancy – a filha de Noah – compartilhando um quarto comigo.

– O que você está fazendo aqui? – perguntei.

– Estou dando um passeio, o que acha que estou fazendo aqui?

Nancy era mais grosseira do que eu imaginava. Mas ninguém poderia culpa-la, ela estava péssima: seu cabelo estava todo despenteado, com diversas pontas para cima; sua roupa não era de se agradar, e ela sem maquiagem era completamente assustadora.

– Quem te colocou aqui?

Ela me encarou com cara de quem não era de conversas e então resolvi ficar na minha. Poucos segundos depois, Noah entrou no meu quarto, me fazendo gritar assustada.

– Bom dia para você também Alice. – disse ele. – Achei que fosse me receber melhor.

Não acreditei no sorriso que ele estava me dirigindo. Ele parecia estar querendo algo, ou só estivesse fazendo aquilo para não deixar nenhuma suspeita, ainda mais porque Nancy agora dividia quarto comigo.

– Bom dia filha. – agora ele se dirigia a Nancy, mas ela não respondia. – Vocês duas tem que tomar seus remédios diários agora.

Ele veio até a minha direção e me deu as pílulas que eu já tomava antes. Assim que engoli, ele olhou embaixo da minha língua e, em seguida, me deu outro comprimido, um branco e em formato oval.

– O que é isso? – perguntei para ele.

– Ordens da Constance, são para te deixar sonolenta. Ela quer garantir que não vá sair de novo.

– Ela deve estar muito ameaçada, já que não conseguiu me levar para um tribunal.

Noah me encarou como se o tivesse ofendido, e veio até mim, com calma, mas demonstrando certo nível de raiva no seu olhar.

– Não ache que só porque conseguiu se livrar, que você será tratada de modo mais privilegiado. A Constance ainda te odeia, e eu sou o braço direito dela. – Ele estava muito próximo de meu rosto. – Melhor você tomar cuidado.

Contos de Horror: Alice (Temporada 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora