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Eu sou, especialmente, uma garota apaixonada por comédias românticas colegiais. Já assisti Nunca fui beijada, Gatos fios dentais e amassos, O clube dos cinco, Dez coisas que eu odeio em você, As patricinhas de beverly hills, Coisas de meninos e meninas, Ela é o cara...

Eu desafiaria facilmente alguém a encontrar uma comédia romântica colegial que eu nunca tenha assistido. Aparentemente eu tenho um vício... Mas o que será que essas histórias tem que me atraem tanto?

Eu sei a resposta e, paradoxalmente, o que me atrai é justamente algo que as comédias românticas colegiais nunca vão ter. Comecei esse relato com vários eus, e infelizmente tenho que repetir novamente, porque onde quero chegar é justamente no eu. Aquilo que somos, ou que queremos ser.

As comédias românticas colegiais são um sopro de esperança, de tudo aquilo que eu esperava do mundo. Para mim o ser humano sempre foi muito complexo para simplesmente se dividir em caixas e manter aquele arranjo inicial de toda a comédia romântica colegial, onde existe polulares, nerds, emos... mais contemporaneamente acho que esse arranjo vem se transformando nos super-dotados, esquisitos e abaixo da média. Enfim, provavelmente eu estava errado sobre seres humanos.

Vivemos no mundo em que precisamos alcançar a perfeição constantemente, não importa em que esfera da vida. Com os pais, precisamos ser os filhos perfeitos, boas notas, organizados, virgens pra sempre, saudáveis, com os crushs precisamos ser as máquinas do sexo, desapegados,perfeitos fisicamente, com os amigos precisamos nos calar para os erros deles, porque hoje é particularmente difícil manter uma amizade se tivermos opniões fortes. Acho que eu nunca fiquei ao lado de uma pessoa sem notar 10001 defeitos em mim mesma, e pensar no que eu preciso representar pra ela, e não o que eu realmente represento.

Tantas etiquetas... tantos estigmas...

E eu volto para a minha paixão por comédias românticas colegiais... Aquelas histórias em que o popular podia acabar com a nerd, ou a duff com o gostosão... possibilidades reais de que os estigmas poderiam ser quebrados. Mas mais que isso, aquelas histórias que sempre diziam: esse rótulo só importa no colegial, depois disso, vai acabar, nada disso importará.

Bom, o que eu mais gosto das comédias românticas colegiais é uma mentira. Os estigmas não acabam, os estigmas estão aí o tempo todo, porque o colegial não é um ambiente maquiavélico que expõe ao bullying, às etiquetas, aos padrões. Um ambiente não tem poder para nos rotular. Mas as pessoas, elas sim tem esse poder, e infelizmente, isso não muda, pessoas são pessoas, e a rotulação é uma tentativa de manter a linha entre certo e o errado, o normal e o anormal, e então vivemos com o fardo em nossas costas de tentar agradar.

Depois de ter passado pelo colegial, e ter seguido em frente, eu tenho certeza que meu problema nunca foi o ensino médio.

Mas as pessoas...

E então eu não acredito tanto no ser-humano.

Crônicas de uma adolescente em criseOnde histórias criam vida. Descubra agora