De fato, escolher logo cedo ser professor, num país cujo quadro educacional é deprimente, possui um pouco de autoflagelação. Mas, acredito que nenhuma mudança positiva que tenha existido na história das civilizações tenha ocorrido sem dor e sofrimento. Foi assim com as mulheres, homossexuais e africanos, por exemplo, que até hoje lutam para ter protagonismo na sociedade e sofrem diversas retaliações por isso.
Então, não reprimo e nem fico bravo com quem me pergunta: "por que você quer ser professor?". Creio que as pessoas que julgam essa minha escolha como algo ruim são vítimas de um grande processo de alienação e de desesperança para com a educação brasileira. Quando me perguntam o porquê da minha escolha, vejo nisso uma grande oportunidade de desconstruir esse pensamento e de tentar gerar um pouco de esperança nessas pessoas.
Voltando à frase que iniciei o capítulo, de fato, há um pouco de autoflagelação em escolher ser professor no Brasil. Entretanto, como disse, creio que toda batalha passa pelo estágio da dor até ser vencida. Tenho certeza que não foi nada fácil, por exemplo, toda a luta que Nelson Mandela promoveu contra o vergonhoso sistema de apartheid, existente na África do Sul no século passado. É só lembrar que graças a sua luta, ele passou 30 anos na prisão, simplesmente por defender a equidade étnica.
Porém, no fim, o resultado de sua dor certamente foi gratificante. O regime de segregação acabou, Mandela tornou-se presidente da África do Sul e ganhou o Prêmio Nobel da Paz. É disso que se trata.Tenho convicção que quando começar a lecionar, enfrentarei desafios e problemas inimagináveis, mas espero me manter firme na luta, pois creio que, só assim, poderemos um dia ver uma educação mais valorizada no nosso país.
Certa vez ouvi uma lição (em formato de diálogo) que resume muito bem os meus sonhos:
" - Professor, o que é utopia?
- Utopia é como caminhar no horizonte em direção ao sol. Você anda, anda, mas sabe que nunca chegará lá (ao sol).
- Se nunca vamos chegar lá, então para que serve a utopia?
- Para andarmos pra frente."Enfim, neste capítulo fiz uma síntese de todos os meus sentimentos e minhas opiniões acerca da "falida educação brasileira".
Creio que temos bons professores e alunos muito bons também (e os que não são, possuem forte potencial para isso). O problema da educação brasileira é simplesmente de gestão. Porém, não vou ficar esperando a mudança de cima para baixo. Eu serei a mudança que eu quero ver no mundo.
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Educação: o meio que justifica os fins
DiversosEsta pequena obra terá o intuito de relatar quais os anceios e perspectivas de um jovem de 16 anos que tem como sonho trabalhar com educação e buscar o desenvolvimento da sociedade brasileira. Abordarei as metas, medos, inspirações e vontades da ju...