Segrets

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Eu não estava conseguindo acreditar no que Morton acabou de me revelar, era muito, eu precisava confirma isso imediatamente e o único modo de fazê-lo era indo a esse tal jantar. Caso estiver mentindo eu mesmo irei revelar a verdade sobre o nosso suposto romance para seus pais.

Tive que contar exatamente tudo para Dan e Ivi na manhã seguinte quando estavamos no nosso cantinho preferido Coffee Reid. Os dois me ameaçaram, dizendo que caso eu não fizesse isso iria pagar as consequências. Ou seja, eu iria sofrer muitas brincadeiras mesquinhas e sem noções dos meus amigos que se dizem adultos.  De um modo ou de outro eu já iria fazer isso, quero ter que me dar completamente aos meus singelos amigos.

Na faculdade tive que encarar diversos olhares, eu gostaria de escolher facilmente não ter que estudar mais lá. Mas quantas vezes eu teria que se mudar só para se sentir bem? O que aconteceu aqui na semana passada poderia acontecer em qualquer lugar. O problema não está aqui e sim comigo.

Eu meio que já me acostumei em ter que encarar essa situação depois de uma crise, então não se importei muito com o que aconteceu.

- Senhorita Marshall recebi uma chamada da diretora, ela está a sua espera na sala dela. - Ao entrar na sala de estética o professor me anunciou.

Dito e feito aqui estou eu, em frente à sala da vigente e compreensível Senhora P.

Bato na porta e espero ouvir um resmungo do outro lado para entrar.

- Senhora P, o professor Cooper me informou que queria falar comigo. - A maioria das pessoas que tanto trabalham e estudam aqui são obrigados a chamá-la de "Senhora P" pelo motivo de que ninguém consegue pronunciar Pchadstfor corretamente.

- Oh sim é verdade, sente-se querida. - Ela me olha por cima do seus óculos de leitura.

Então ela guarda todos os documentos que estava em cima da mesa, se ajeita na cadeira inclinável e posiciona as mãos cruzadas sobre a mesa de madeira.
Eu percebi ser uma conversa séria e cogitei ser a primeira cláusula ligada sobre o que Morton me revelou ontem.

Mas para a minha concreta felicidade não é isso.

- Eu queria conversar com você sobre o que aconteceu na sexta-feira. - Uma concreta felicidade não é a palavra certa para ser utilizada agora.

- Ah! - Exclamo.

- Pode me contar o que aconteceu?

- Você já deve saber todos os detalhes, tem até vídeo. - Sussurro me sentindo pequena. A afinidade do assunto faz com que qualquer coisa seja mínima.

- Sim eu sei. Mas acontece que eu quero ouvir a sua versão, o que você sentiu no momento da crise? - Ela tenta algum tipo de contato telepático estranho enquanto me olha.

- Não quero ser mal educada, mas tenho que dizer que isso é um assunto um tanto pessoal. Não sou obrigada a falar sobre isso com você se não quiser, então...

Ela se escora na cadeira e tira seus óculos de leitura pousando-os em cima da cabeça.

- Eu entendo, e por isso eu peço que procure um profissional que possa te ajudar. Você é uma garota inteligentemente incrível e eu odiaria te ver passando por momentos difíceis com os outros alunos.

Ela está falando sobre bullying. Tarde demais. Já estou familiarizada com isso a muito tempo, apenas aprendi a ter que viver com o lixo que é essa sociedade. Isso é uma coisa que nunca vai mudar, apesar desse assunto ser abordado várias e várias vezes em todos os lugares. Simplesmente temos que superar e aceitar.

- É claro. - Sorrio tentando ser o mais gentil possível, só para depois revirar os olhos diversas vezes e fazer expressões de vomito assim que eu sair da sala.

IncapazOnde histórias criam vida. Descubra agora