02) Sobre o tempo

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  As mãos de Rick pressionavam o ferimento impedindo que Carl perdesse mais sangue, Shane tentava me acalmar para não chamar atenção dos mortos.

— Trinity! Garota! Ei! Olha pra mim! — dizia ajoelhando-se bem na minha frente — o Carl precisa de ajuda e eu não posso fazer isso se você continuar chorando, preciso que respire fundo, pode fazer isso?

Assenti secando o rosto úmido, fechei minhas mãos que até então estavam tremendo a dor de ver Carl caído era quase comparada a quando perdi Hilary, ele não podia morrer, mantive-me parada e Shane me deixou o caçador que havia atirado por acidente em Carl chegara logo em seguida, ele não pensou duas vezes para empurrar o homem contra a árvore irritado.

— O que estava pensando? Atirando em uma criança!

— T-tem um médico! Ele pode salvar o garoto! — ele dizia repetidamente, Shane quase não acreditava.

— Eu não vejo médico! — Shane gritou.

— Onde? — Rick perguntou.

— Posso levar vocês lá — ele disse como desculpa para Shane não o mata-lo ali naquele instante.

Rick pegou Carl no colo e andou em passos apressados, seguimos o caçador até uma fazenda onde um o médico chamado Hershel estava, na verdade ele era veterinário, mas era o mais próximo de um médico que podíamos arranjar, uma garota loira, sua filha, levou-me para fora para que não tivesse que ver Carl ser costurado. Nos sentamos do lado de fora da casa, nos degraus velhos.

— Seu amigo vai ficar bem, o meu pai é um ótimo doutor. — ela dizia.

Limpei o rosto novamente impedindo mais lágrimas de escorrer pelo meu rosto, Rick saiu da casa apavorado e Shane logo atrás tentando acalma-lo, Hershel passou horas costurando Carl. Assim que terminou estava conferindo as ataduras quando entramos.

— Ele vai ficar bem? — perguntei.

— Sim querida... ele vai ficar bem — ele disse triste por mim.

Rick se aproximou para conversar e voltei para fora para respirar o ar puro da noite, conseguia ver alguns vagalumes pensava em onde estávamos, Lori devia estar preocupada quase mandando todos atrás de nós na floresta, peguei meu canivete e comecei a arranhar a madeira do degrau ouvi Carl gritar do quarto e levantei num pulo Hershel havia deixado um fragmento da bala dentro de Carl e por isso ele gritava, Rick estava apavorado tanto quanto eu.

— Não temos muitos suprimentos, precisamos de mais para ajuda-lo ou ele vai continuar gritando — Hershel dizia ao Rick.

— Me diga onde e eu vou — Rick disse de imediato.

— Tem uma escola, podem encontrar suprimentos lá.

Voltei a me sentar, avistei a filha mais velha de Hershel sob um cavalo trazendo Lori, ele fora inteligente para manda-la buscar Lori.

— Estão vindo! — levantei.

 Rick saiu de onde estava e foi até Lori, eles entraram e ela ficou ao lado do filho, Rick teve que doar um pouco do seu sangue para o filho ele passou horas fazendo-o até que Hershel pediu para tomar um ar e comer algo.

— Vou ficar aqui com ele... — avisei e ele concordou deixando o quarto.

— Carl? — perguntei ao garoto se rosto pálido, esperava que me ouvisse — Nem pense em nos deixar agora. Sei que te chamei de várias coisas mas... você não é! Nós temos que encontrar a Sophia. E-e eu não quero ser a única criança aqui.

  Segurei sua mão fria, aquecendo-a, senti um leve movimento em seus dedos e sorri, poderia ser um simples reflexo, era bem comum mas acreditava que aquilo era uma forma dele dizer que não ia nos deixar.

— Você vai ficar bem. — disse largando sua mão.

 Rick, Lori e Hershel voltaram para quarto, levantei-me.

— Posso usar o banheiro? — perguntei.

— Claro, Maggie vai te mostrar onde é, se quiserem podem se limpar também — sugeriu referindo-se a filha mais velha.

Maggie me levou até o banheiro e emprestou algumas roupas para que pudesse me limpar, acabei tenso que utilizar as roupas de Beth que tinham quase o meu tamanho, seu shampoo era de mel e tinha realmente um cheiro parecido, me perguntava se tinha o mesmo gosto doce. Não tinha.

Assim que terminei, olhei-me no espelho que mostrava meu corpo todo, as roupas de Beth me serviam como roupas de frio, o short jeans virou uma calça e a camiseta era a única peça que me servia normalmente, uma jaqueta jeans para a noite fria e ganhei belas botas de couro nas quais ela não sentiria falta, gentilmente a esposa do caçador pegou minhas roupas sujas, disse que era o mínimo que podia fazer por nós, pelo marido ter atirado no Carl.

Voltei para a varanda, depois do banho a noite parecia mais fria, o vento soprava em meus cabelos ainda úmidos e o céu estava bem mais escuro agora com estrelas, Maggie sentou-se ao meu lado.

— Ele vai ficar bem.

— Quando acordar. Sim.

Ela riu com respeito.

— Ele precisa descansar — disse.

— Então é só questão de tempo? Digo, até acordar.

Maggie concordou, um carro chegou à fazenda, eram Glenn e T-dog que não parecia muito bem, eles conversaram e Glenn entregou uma bolsa com medicamentos, Maggie os levou para dentro.

Hershel nos deixou jantar em sua casa e nos ofereceu onde dormir, ele não parecia gostar de estranhos em sua casa mas era o que tinha que fazer por estar cuidando de Carl, Maggie me pôs na cama em um quarto no andar de cima, era calmo e eu com certeza pegaria num sono, estava tão cansada.

— Pode descansar agora. — disse ajeitando meu cobertor.

— Obrigada.

Ela esticou os lábios e deixou o quarto fechando a porta, encarei o teto de madeira antes de fechar meus olhos perdendo-me na escuridão.

SOLITÁRIA II, The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora