Capítulo 3

9 2 0
                                    

A água do oceano realmente me acalma e me tranquiliza, é como se ela fizesse parte de mim toda a minha vida. E como todas as vezes que entro no mar, a sinto me puxar e me segurar lá, mas já faz um tempo que estou aqui embaixo e se eu não voltar a superfície logo Hanon ficará preocupada. 
Com muita involuntariedade volto para a superfície mesmo com os protestos da água. Na superfície respiro fundo e olho para Hanon que suspira aliviada por eu ter voltado, nado em sua direção e saio. 

-Que demora, Lucia! Você me assustou!
-Desculpa, Hanon. Vou tomar mais cuidado da próxima. 

Faço uma cara de arrependida e pego a minha pós-praia e a coloco e depois o chinelo e voltamos para a pousada. Assim que chegamos levei uma bronca de Pérola por ter demorado e ter voltado molhada de novo e molhando o chão dela. 
Fomos para o meu quarto e tomei um banho quente com sais mineirais rosa e muita espuma, lavo o cabelo e depois saio, deixo a água escorrer e me seco. Coloco a minha roupa e saio do banheiro com a toalha na cabeça. Hanon está deitada na minha cama lendo uma revista de lugares paradisíacos, como sempre. Dou uma risadinha chamando sua atenção, ela me olha perdida e curiosa.

-O que foi? Do que está rindo, Lucia?
-Não é nada, Hanon. É só que quando te vi ai lendo uma das suas revistas, não me aguentei e acabei rindo
-Doida. 

(...)

Hanon foi embora depois do almoço e eu fui arrumar a cozinha por punição. Só por ter molhado o chão da pensão, aff da próxima eu levo uma toalha. Estou lavando a louça xingando a Pérola quando sinto alguém me segurar na cinturar, olho para cima e dou de cara com Kaito. Fico vermelha na mesma hora.

Que vergonha! Por que é sempre nessas horas que ele tem que chegar?

-Está tudo bem? Qual é o motivo de estar brava agora?
-O que faz aqui? Me solta.

Tento me soltar dele, mas ele não deixa e me segura mais contra ele me fazendo encostar em seu corpo. Só não caio porque ele está atrás de mim me apoiando, se não estaria no chão agora por ter tropeçado em meus próprios pés. 

-Tudo bem, você não vai cair. Não vou deixar, ainda mais com esse prato na mão. 

Ele abre um sorriso debochado e fala me zoando. 

-E aliás, você fica linda nessa roupa. Se puder, eu gostaria que você arrumasse meu quarto, ele está uma bagunça.
-Seu debochado! Eu não vou arrumar o seu quarto! E me solta, agora!
-Você ainda não me respondeu o motivo de estar brava e eu tenho certeza que não fui eu, pois nem aqui eu estava. Anda, o que houve?

Fico de cara fechada para ele e em um movimento ele me vira pelo ombro, me encostando na pia e colando seu peitoral no meu. Chega perto de meu rosto e fica me olhando, esperando sua resposta que não pretendo dar. Quanto mais ele chega perto, mas eu vou para trás e quando me dou conta estou deitada sobre a bancada da pia com ele sobre mim, me mantendo presa entre seus braços. 

-E então?
-En-Então o que?

Acabo gaguejando com sua proximidade e ousadia, o que o faz dar uma risadinha. 

-O que te fez ficar com tanta raiva, para xingar desse modo?

Viro o rosto para o lado incomodada, mas esse meu ato só serviu para fazer ele virar meu rosto de volta com sua mão, me fazendo encara-lo. Respiro fundo tentando recuperar minha compostura e meus batimentos cardíacos normais, que estão tendo uma luta de tanto que batem descompassados com a sua proximidade. 

-É a Pérola.

Ele ergue uma sobrancelha divertido.

-De novo? O que ela te mandou fazer dessa vez?
-Lavar a louça toda, só porque molhei o chão da entrada por ter ido a praia. Isso é injusto!

Me seguro para não chorar.

-Não aguento mais fazer tudo que ela manda, ela nem é minha ir... 

Paro de falar na mesma hora, apavorada. Ele me olha confuso e ao ver as lágrimas em meus olhos me abraça e sem pensar duas vezes me beija, eu estou em choque com o que ele faz. Ele se afasta e me olha, as lágrimas escorreram pela lateral de meu rosto pingando em meu cabelo, ele coloca a mão em meu rosto e fala gentilmente.

-Se você está cansada, é só dizer o que sente a sua irmã. Ela vai entender, Lucia.

Ele sai de cima de mim e me puxa junto, me tirando de cima do balcão. Me entrega o pano e pega a bucha de mim, ele começa a lavar a louça e eu a secar. Guardei a louça e depois o agradeci timidamente e fui para o meu quarto. 
Me deito na cama encolhida e fico remoendo qual foi o motivo dele ter me beijado ou tentando adivinhar o motivo. Acabo adormecendo com esse penslamento. 

Meu olhar
é raptado por agora
De um céu que tem
milhões de estrelas
Iluminado no azul
que me empurre
no oceano.

Que musica é essa? Ela é linda e já a ouvi em algum lugar antes, mas não me lembro onde.

De quem será
a voz que
entre ventos e marés
Ele me pede ajuda
O grito de quem
precisa
uma luz no escuro.
Você nunca pode escapar do destino
E meu coração me diz para não desistir.
Vou proteger quem
mais puro será,
o medo não vai vencer.
Eu estou voltando para o oceano mais azul!
Entre as ondas que dei a você
Criaturas do mal
Eu posso te parar de novo
E não se veja mais!
Eu volto para o oceano mais azul
Entre as memórias que mais amo
Com esta minha pérola
Eu vou defender o mar novamente
nós cantamos juntos e nunca desistimos.

Uma sensação de pura paz me invade e eu começo a seguir no ritmo da música com os olhos fechados, me deixando ser levada pela canção.

Um sol está no meu coração
que vai aquecer os que estão ao meu redor
e quem sabe como lutar
um ataque inimigo.
Você nunca pode escapar do destino
E o frio não será capaz de me confundir.
Eu vou defender quem vai chorar
a mão dele vai me ajudar!
Eu estou voltando para o oceano mais azul!
Entre as ondas que dei a você
Criaturas do mal
Eu posso te parar de novo
E não se veja mais!
Eu volto para o oceano mais azul
Entre as memórias que mais amo
Com esta minha pérola
Eu vou defender o mar novamente
nós cantamos juntos e nunca desistimos
Eu estou voltando para o oceano mais azul!
Entre as ondas que dei a você

Estou flutuando com essa melodia, ela me lembra muito uma música que costumava cantarolar quando pequena. 

Criaturas do mal
Eu posso te parar de novo
E não se veja mais!
Eu volto para o oceano mais azul
Entre as memórias que mais amo
Com esta minha pérola
Eu vou defender o mar novamente
nós cantamos juntos e nunca desistimos.

Quando ela termina e a melodia cessa eu acordo com um grito, olho para os lados ainda imersa no sonho e com a melodia ainda ressoando em minha cabeça. A porta do meu quarto abre violentamente e um ser de cabelo roxo muito brava entra, me encolho na cama assustada.

-Lucia, pare de gritar! Os hospedes estão dormindo e eu também quero dormir, então me faça o favor de ficar quieta!

Aceno e me desculpo com ela, Pérola sai do meu quarto fechando a porta. Solto o ar que nem percebi que tinha prendido, me deito de volta torcendo para ter um sono tranquilo. Adormeço com um pouco de dificuldade mas durmo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 29, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Romance Proibido. [Projeto Sereia]Onde histórias criam vida. Descubra agora