Capítulo 1 - Questionamentos

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Acabo de falar com a pessoa que eu amei por mais de dois anos, infelizmente tudo se acabou entre nós, porém de forma tranquila, mas sofri muito, após cinco meses sem nos falar, resolvi tentar falar com ele pela internet, saber como ele esta, tentar apenas ser amigos agora. Quem sabe? Porém me surpreendi quando fui ignorada por ele, que apenas me respondeu um ''oi'' e nem mencionou se estava bem quando eu perguntei, resolvi após uns quinze minutos de espera dizer tchau e pronto. Fiquei me sentindo mal depois, me dei conta de que não perdi apenas um amor, mas que acabara de perder um amigo, então pensei em não correr atrás e nem tentar falar mais com ele, pois já tinha feito a minha parte.

Comecei a pensar em frente ao computador em como eu perdi aquele amor de uma hora para outra, me senti mal, senti que ninguém me amava e nem iria me amar, eu não tinha mais nenhum amigo com quem desabafar o que estava sentindo, minha autoestima estava baixa e para mim ninguém se importava comigo, meu desejo era ir embora daquela cidade e começar uma vida nova, naquela época eu não tinha esperança de nada, para mim nada dava certo, o resultado era sempre sofrer. Eu tentei fazer amigos, mas nunca souberam dar valor ao que eu fazia por eles, então sozinha fui me tornando uma pessoa fria, porém ainda tinha o desejo de fazer coisas boas pelas pessoas, mas queria no mínimo ser reconhecida pelo que fazia de bom pelas pessoas, ou ouvir pelo menos um ''obrigado''. Mas nem isso, as pessoas só me procuravam quando queriam ajuda e depois me deixavam de lado. Eu era esquecida facilmente.

Procurava sorrir sempre, eu era engraçada, as pessoas achavam que estava tudo bem, que eu era uma pessoa muito feliz, que não tinha nenhum problema, mas a realidade era outra, eu me sentia na maioria do tempo triste, sem valor, solitária e sempre chorava, naquele dia 8 de julho de 2010 estava me sentindo péssima de novo.

Eu me cansei, estou cheia de ficar aqui lamentando. Resolvi então jogar um jogo para me distrair, pois já estava cansada de pensar em coisas tristes. Entrei em um site para jogar sinuca, eu me lembro que há uns três meses atrás havia falado com um espanhol neste site, ele era tão legal e atencioso, já estava a muito tempo querendo falar com ele de novo, porém eu não sabia o nome dele. ''Ah como eu queria um amigo assim, como eu queria ter nascido em outro país, talvez as coisas fossem diferentes, talvez eu tivesse amigos de verdade''. Pensei.

Escolhi alguém para jogar, comecei a falar com o jogador em inglês, perguntei de onde ele era, ele era espanhol, ele perguntou de onde eu era, eu disse do Brasil. Então ele mencionou que sabia um pouco de português e que poderíamos escrever em português e para a minha surpresa ele disse que se lembrava de já ter jogado comigo. Não pude acreditar era ele, ele era o espanhol que eu tanto procurava.

Eu: Também me lembro de você. Como você se chama?

Ele: Julian e você?

Eu: Vanessa.

Puxa! Não pude acreditar, pelo menos alguém se lembrou de mim e depois de três meses sem falar comigo, fiquei feliz, percebi que as pessoas eram diferentes, que com certeza eu iria encontrar pessoas que me deem valor. Conversamos e jogamos por uma hora quase, Julian era engraçado, educado, ele escreveu que eu era simpática. Aquilo me deixou feliz, já não estava mais triste. Veja só, uma pessoa de outro país que nunca me viu, se lembrou de mim, essa é a minha realidade, conclui que nasci no lugar errado!

Os dias se passaram e conversávamos duas vezes por semana, Julian me fazia sentir bem, conversar com ele me fazia muito bem, eu me esquecia dos meus problemas.

Ele sempre ganhava de mim na sinuca, só uma vez que eu ganhei dele.

Julian: Parabéns, você ganhou de mim.

Vanessa: Obrigada, mas você joga muito bem, é difícil ganhar de você Hahahaha.

Julian: Que nada, é só você jogar mais vezes.

Falávamos sobre música, futebol, às vezes eu perguntava algumas coisas sobre a Espanha, ele falava sobre ele e eu falava sobre mim. Algumas vezes quando ele perguntava se eu estava bem, resolvi ser sincera e dizia que me sentia triste.

Julian: Não quero te ver triste, você é uma garota simpática, não se importe com essas pessoas, eu gosto muito de você.

Eu: Obrigada, eu também gosto muito de você e gosto de falar com você.

Ele respondeu com uma emoticon de uma carinha sorrindo.

Eu: Ontem meu time ganhou.

Julian perguntou para que time eu torcia, após eu mencionar o time, ele disse que ia torcer para o mesmo time que eu, igualmente eu disse que torceria para o time dele.

Eu: Estou querendo aprender espanhol.

Julian: Se quiser eu te ajudo, o que precisa saber de espanhol?

Eu: Ah tudo Hahahaha.

Julian: Jajajaja é você precisa estudar bastante então, mas qualquer coisa eu te ajudo.

Eu: Gracias!

Julian: Tenho que jantar, minha mãe esta chamando, ela esta gritando assim Juliannn. hahaha

Eu: Esta bem, eu ainda vou tomar café da tarde hahaha.

Julian: Boa noite, linda amiga, beijos.

Eu: Boa noite, beijo.

Geralmente eu conversava com ele às cinco da tarde, lá devia ser umas oito ou nove da noite. Eu achava interessante ele se esforçar em escrever em português e pensei então em aprender espanhol, acabei começando ter o desejo de aprender esse idioma.

                        

Na hora do café da tarde, meus pais queriam falar comigo.

– Minha filha, tomamos uma decisão – disse minha mãe.

– Que decisão? – perguntei.

– Nós vamos em breve nos mudar de cidade. O que acha da ideia?

– Estou surpresa, tenho muitos conhecidos aqui que eu gosto e vou sentir falta, porém acho que estou precisando conhecer outro lugar, outras pessoas, necessito começar uma vida nova, portanto acho que estarei pronta para essa mudança.

– Que bom filha, eu fico contente – respondeu meu pai sorrindo.

Amo muito meus pais, eles são tudo o que eu tenho. Já em relação a amigos e amor é diferente. De que adianta ter dinheiro, uma vida confortável sem ter amigos e não viver uma linda história de amor. Pelo menos eu tinha uma família que me amava, no mínimo devia dar valor a isso.

Minhas expectativas eram grandes em relação à nova cidade, será que eu iria me adaptar? Faria amigos de verdade, ou encontraria um grande amor?

Nada poderá nos separar (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora