Emily estava esperando o café descer do coador, enquanto o filho descia as escadas colocando a bolsa nas costas. Aquela era mais uma manhã corrida na vida dela. Levar Daniel na escola, visitar o pai, escrever seu livro e diversas outras tarefas.
A casa de dois andares e o Uno na garagem era tudo que Emily tinha. Fora uma poupança no banco que não sustentaria ela e Daniel por mais de dois meses.
O bairro onde morava era uma comunidade calma. A maior parte dos moradores eram idosos, tranquilos e silenciosos. O único movimento significativo que havia no bairro era o bingo aos domingos.
Emily tinha colocado o café nas xícaras para ela e o filho.
Ele ignorou o café e todos os alimentos na mesa.
- Mãe eu estou atrasado. Temos que ir. - Daniel disse parado na frente da mesa.
Emily mal conseguiu se sentar. Pegou a chave do carro e saiu.
Quando Emily voltou, o café já havia esfriado e a fome ido embora. A escola ficava longe de onde morava, assim como a casa de seu pai, que Emily pensava em visitar mais tarde.
Depois de algum tempo ela se encontrava presa no sofá, com o notebook no colo e uma caneca de chá ao lado. Estava tentando trabalhar, mas as ideias já não fluíam como antes.
Emily era uma escritora condecorada. Mais de dez obras publicadas e grandes sucessos internacionais. Naquela época sua conta bancária subiu ligeiramente para milhares de dólares. Participava de muitas convenções e contraiu uma tendinite após centenas de autógrafos.
Ela tentava fugir da lembrança de como tudo aquilo terminou e se transformou na sua realidade. Preferia continuar tentando criar outra obra.
As horas se passaram e nada. Emily olhava para o traço preto que piscava sem parar em uma imensidão branca, que deveria estar coberta de letras.
Pense em algo.
Emily buscava em toda sua mente alguma inspiração. Lembranças, motivação, qualquer coisa que ajudasse. Ela mordia o lábio e acariciava o teclado. Mas nada surgiu.
Cansada Emily digitou algo e fechou o notebook.
Passou as mãos na cabeça, inclinando o rosto para cima.
- Não consigo... Eu não consigo.
Sozinha na casa Emily se lembrou de um único lugar para onde poderia ir.
***
Emily bateu na porta e esperou. Debaixo da varanda coberta, ela estava protegida da chuva que caía forte.
Quando abriu, o homem velho de barba grisalha sorriu.
- Filha!
Ele abraçou a mulher como um urso. Sua barba pinicava o rosto de Emily.
- Oi pai. - Ela disse fechando os olhos para a barba não perfura-los.
Os cabelos de Jonas não eram mais tão pretos quanto os de Emily. Mas os olhos cor mel ainda eram iguais.
- Fique a vontade filha. Eu não esperava que você fosse vir tão cedo.
Ele arrumava as almofadas para Emily, tirando de cima da mesinha de centro algumas garrafas de álcool.
Jonas tentou ser discreto. Mas não funcionou.
- Isso são garrafas de Wiske? - Emily perguntou séria.
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A Esperança Mora Ao Lado
SpiritualEmily era uma escritora condecorada, com diversas obras publicadas e muitos sucessos internacionais. Mas péssimas decisões a levaram a perder tudo o que havia construído. Além de conseguir problemas financeiros e familiares, Emily precisava enfrenta...