A manhã estava clara, com poucas nuvens no céu. A semana que passava não dava indícios de chuvas, com dias quentes e ensolarados. Emily já estava no carro, esperando Daniel sair da casa para ir até a escola. No caminho os dois não conversaram muito, mas Emily tentava interagir com o filho.
- Está indo bem na escola filho?
- Estou. – Ele respondeu brevemente.
Após a separação de Emily e Guilherme, Daniel preferia estar com o pai. Mas com tudo o que aconteceu, Emily nunca permitiria que seu filho morasse com o homem que destruiu sua carreira. Essa decisão tornou a relação entre Daniel e ela ainda mais distante.
- Eu estou vendo você muito quieto. Está acontecendo alguma coisa? – Emily perguntou.
Daniel virou o rosto para a janela, observando o caminho por onde passavam. Emily percebeu que ele estava fugindo da pergunta.
- Eu estou normal. Só estou preocupado com as provas.
- Hm.
Eles estavam quase em frente à escola quando Daniel virou e perguntou:
- O que você anda fazendo na casa do vizinho?
Emily pensou em milhões de respostas. Entre elas : Ele está me ensinando a cuidar do jardim; Ele é uma pessoa legal de conversar; Ele é Deus e planeja algo misterioso em minha vida. Mas todas as respostas soavam estranhíssimas quando Emily as repetia em sua mente. Então decidiu dizer algo mais genérico e simples.
- Ele é apenas um senhor de idade que precisa de companhia. O apelido dele é D, e sempre me chama pra tomar um cafezinho. – Emily estava com um sorriso misterioso no rosto. Que Daniel decidiu não investigar.
O carro parou em frente à escola.
- Se quiser conhecê-lo um dia, eu posso te apresentar a ele. – Emily disse se inclinando para o lado, antes de Daniel fechar a porta.
Ele encarou a mãe e esticou os lábios em um sorriso leve.
- Quem sabe.
Pela primeira vez desde seu divórcio, Emily viu o filho dar uma oportunidade para se aproximar. Aquele "quem sabe" significava muito e é claro que ela não deixaria aquela chance passar.
Emily estacionou o carro na frente da casa de Deus, Ele estava em pé em uma escada limpando as calhas do telhado. Deus não tinha um corpo alto, o que dificultava limpa-las. Quando Emily estava se aproximando, Deus escorregou do degrau da escada.
- Cuidado! – Emily gritou, fechando os olhos para não ver a cena que seguiria.
Em um ato reflexo o velho conseguiu segurar nas calhas, ficando pendurado com as pernas moles. Emily estava com as mãos no rosto, negando olhar.
- Hã... Emily pode me dar uma mãozinha? – Deus perguntou quase sem ar.
Ela tirou as mãos do rosto e arregalou os olhos. Ver o velho pendurado paralisava qualquer um, mas Emily teve de correr até ele e segurá-lo até pisar no chão. Deus não era nada leve e o cinto de ferramentas na cintura esbarrou no rosto dela o tempo todo.
Com os pés no chão Deus colocou as mãos nos joelhos soltando um suspiro de alivio.
- Essa foi por pouco.
Emily estava com os braços doendo e a respiração forte. O susto quase levou sua pressão pelos ares.
- O que eu faria se você se machucasse? Ou pior... Se você morresse? – Emily disse preocupada.
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A Esperança Mora Ao Lado
SpiritüelEmily era uma escritora condecorada, com diversas obras publicadas e muitos sucessos internacionais. Mas péssimas decisões a levaram a perder tudo o que havia construído. Além de conseguir problemas financeiros e familiares, Emily precisava enfrenta...